Terceiro dia: O DOM DE ENTENDIMENTO
TODOS - Ó
Deus, nosso Pai: o Espírito Santo que de vós procede ilumine as nossas
inteligências, para conduzi-las à plenitude da verdade, conforme o vosso Filho
prometeu.
LEITOR - Hoje vamos refletir sobre o dom de
Entendimento. Mediante esse dom, o Espírito Santo faz com que a nossa
inteligência capte e entenda bem, de maneira correta, sem deturpações nem
erros, o significado autêntico das verdades reveladas por Deus, ou seja, das
verdades contidas na Bíblia, transmitidas pela Tradição da Igreja e conservadas
e interpretadas fielmente pelo Magistério da Igreja: pelos ensinamentos
magisteriais do Papa e dos bispos que estão em plena comunhão com o Santo
Padre, sucessor de Pedro. Realmente, sem esse dom do Espírito Santo, poderíamos
saber de cor o teor literal dessas verdades, recitar o Creio em Deus Pai e
repetir pontos do Catecismo sem nenhuma falha, e, mesmo assim, ficarmos sem
entender essas doutrinas ou, o que seria bem pior, interpretá-las erradamente,
adaptar as verdades (por exemplo, as verdades sobre o Sacramento do Matrimônio,
sobre a Confissão, sobre o pecado e a graça) aos nossos gostos e paixões; ou
então - coisa que hoje é fácil que aconteça - fazer uma confusão entre as
idéias certas e as idéias erradas que a mentalidade pagã no mundo atual difunde
constantemente. O que faz o dom de entendimento é como que acender a luz de
Deus dentro de cada uma dessas verdades cristãs. Para colocar uma comparação,
assim como o milagre da Transfiguração fez contemplar com luz divina a figura
humana de Cristo, assim o dom de entendimento “transfigura”, por assim dizer,
as verdades da fé que já conhecemos, e faz com que as vejamos cheias de uma luz
nítida, sem sombras. Gostariam de ver alguns exemplos desse dom “em ação”?
TODOS -
Gostaríamos, e desde já queremos pedir, como faz a Igreja, que a luz do
Espírito Santo instrua os nossos corações para apreciarmos o que é verdadeiro.
LEITOR - Vamos, então, aos exemplos. Vou recordar
agora apenas três. O primeiro é citado por João Paulo II justamente como exemplo
desse dom. Trata-se da cena dos discípulos de Emaús que, mesmo estando a
caminhar com Jesus e a conversar com Ele, tinham os olhos como que vendados
e não o reconheceram. Só depois de entrar em casa e sentar-se à mesa com
Ele, no preciso momento em que nosso Senhor repetiu ali o milagre da
Eucaristia, é que se lhes abriram os olhos e o reconheceram 15.
Instantes antes, não captavam nada e até se enganavam a si mesmos. Agora,
entendem tudo. O Espírito Santo concedeu-lhes esse dom. Como é importante pedir
luz ao Espírito Santo! O segundo aconteceu também durante uma aparição de Jesus
ressuscitado. Desta vez, Ele foi ao encontro dos onze Apóstolos (pois Judas já
não estava), reunidos no Cenáculo. Nosso Senhor achou-os ainda perturbados,
cheios de dúvidas. Então, após mostrar-lhes as chagas das mãos e dos pés e de
comer diante deles, como prova de que estava vivo, comunicou-lhes o dom do
entendimento: Abriu-lhes então o espírito para que compreendessem as Escrituras
16: aqueles
textos do Antigo Testamento - sobretudo dos Salmos e dos Profetas - que, quando
o Espírito Santo abre os olhos da mente, nos deixam boquiabertos, pois
“captamos”, com emoção, que narram a vida de Jesus, os detalhes de sua Paixão,
Morte e Ressurreição de modo impressionante, com muitos séculos de
antecedência. A terceira cena é dos Atos dos Apóstolos, refere-se à conversão
de Lídia. É uma passagem muito bonita, da época em que São Paulo começou a
pregar o Evangelho na cidade de Filipos, na região da Macedônia. Pregava ao ar
livre, num lugar tranqüilo junto de um rio, e lá se encontrava, prestando muita
atenção, uma mulher piedosa… Mas vamos deixar que São Lucas, que estava lá
presente, nos conte a cena com suas próprias palavras: Uma mulher chamada
Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos
escutava. O Senhor abriu-lhe o coração para atender às coisas que Paulo dizia.
Foi batizada com toda a sua família. Em poucas palavras, quase como num
telegrama, São Lucas conta-nos como o dom de entendimento transformou uma
mulher sincera e de boa vontade e, através dela, toda uma família.
TODOS. —
Que maravilhoso seria se Deus nos concedesse uma graça como essa! Divino
Espírito Santo, vós que sois “luz dos corações”, derramai essa luz na nossa
alma e na de todos os nossos familiares e amigos!
LEITOR - Todos temos este desejo, claro! Mas…, será
que a nossa alma está suficiente-mente aberta para receber esse dom? Porque a
Bíblia também fala de almas que se fecharam à luz do Espírito Santo. É triste!
Para começar, os fariseus, que trancavam com orgulho o coração perante a
pregação de Jesus: Nós - diziam - somos discípulos de Moisés, mas
este homem não sabemos de onde é. Não suportavam a doutrina de Jesus,
porque Cristo desmascarava a sua religiosidade formalista, hipócrita e
interesseira. E nosso Senhor teve que lhes dizer coisas duras: Por que não
compreendeis a minha linguagem? Quem é de Deus ouve as palavras de Deus, e se
vós não as ouvis é porque não sois de Deus. Vocês sabem o que acontece com
aquele que “não é de Deus”, porque seu único “deus” é ele mesmo, e, por isso,
não quer nem saber de Deus nem da religião verdadeira, nem da autêntica prática
religiosa? Acontece que se joga nas mãos do demônio, do “pai da mentira”. Assim
falava Cristo: Por que não compreendeis?… Vós tendes como pai o demônio… Ele
não permaneceu na verdade… Quando diz a mentira fala do que lhe é próprio,
porque é mentiroso e pai da mentira. Vamos refletir… Por que é que as
pessoas não querem conhecer a verdade de Deus? Inclusive, por que, às vezes,
nós mesmos não queremos aprofundar nelas? Paremos um pouco para meditar nisso… (pausa
de silêncio)
LEITOR - Uns não querem conhecer as verdades de
Deus por má vontade, porque não querem mudar, como aquele governador romano
chamado Félix que conversava com São Paulo, quando o Apóstolo estava preso em
Cesaréia marítima. Conta São Lucas, nos Atos, que Félix ouvia Paulo falar da
fé em Jesus Cristo; mas, quando Paulo começou a falar sobre a santidade, a
castidade e o juízo futuro, Félix, todo atemorizado, disse-lhe: Por ora, podes
retirar-te. Eu te ouvirei em outra ocasião. Não queria mudar a sua conduta
licenciosa, e por isso afastou os ouvidos da verdade. Preferia não ficar
sabendo verdades que o incomodavam. Outros, infelizmente, são vítimas da
ignorância; ou, então, se deixaram envolver, sem reparar, pelos erros que hoje
estão tão difundidos - inclusive em ambientes católicos - e que são falsas
interpretações da doutrina de Cristo, do ensinamento da Igreja. Outros, além de
comodistas e superficiais, são convencidos: em vez de estudarem a doutrina
católica, de aprofundar nela e de meditá-la seriamente, se dedicam a exibir
sabedorias que não têm, e opinam à toa sobre tudo o que desconhecem… “Eu acho”
- dizem… “Eu penso assim”… “Não acredito nisso”… No lugar do dom de
entendimento, eles têm a confusão. Em vez de estudar a doutrina, praticam o
“achismo”.
TODOS -
Divino Espírito Santo, nós vos pedimos que não permitais que ninguém transmita
aos nossos filhos - e a nós mesmos - teorias erradas ou religiosidade
sentimental e oca, em vez do alimento sólido da nossa santa doutrina católica.
Fazei que nos ensinem sempre a doutrina da fé e da moral tal como a Igreja
sempre a ensinou: a doutrina tal como está no Catecismo da Igreja Católica e
nos bons e sadios catecismos, esses pequenos catecismos de perguntas e
respostas que fazem um bem enorme e que é tão bom aprender de cor.
LEITOR - Quando se conhece a verdade com exatidão,
tal como a explica o Magistério da Igreja e tal como a ensinam os bons
catecismos, então o Espírito Santo, com o dom de entendimento, acende luzes de
inteligência maravilhosas sobre as verdades conhecidas. Como é fantástico, por
exemplo, receber luzes divinas para entender todas as dimensões da “loucura de
amor” da sagrada Eucaristia! O dom de entendimento lança sempre luzes novas no
nosso coração, luzes que nos fazem compreender que, ao entregar-se a nós na
Eucaristia, Jesus “amou-nos até ao fim”; que, na Santa Missa, o sacrifício
redentor de Cristo na Cruz se torna realmente presente, ultrapassando os
limites do espaço e do tempo; que, no Sacrário, está Jesus em pessoa o dia
inteiro à nossa disposição, desejando a nossa companhia, como na casa de
Lázaro, Marta e Maria… Quando o Espírito Santo nos ajuda a entender isso, como
não vamos sentir um desejo ardente de participar mais freqüentemente da Missa?
Como não vamos achar o jeito de visitar mais vezes Jesus no sacrário, numa
igreja ou numa capela, e de ficar lá, junto dele, um bom tempo em adoração? E,
se compreendemos bem o que é a Eucaristia, como não vamos sentir a necessidade
de receber a Santa Comunhão com a maior freqüência possível? E de nos
prepararmos para comungar purificando bem a nossa alma - sempre que preciso,
pela Confissão pessoal - pois sabemos, pela fé, que receberemos o Filho de
Deus, Jesus, com seu Corpo, seu Sangue, sua Alma e sua Divindade?
TODOS -
Senhor, fazei-nos compreender e amar a maravilha do Sacramento da
Reconciliação, da Confissão individual dos nossos pecados, que nos leva de
volta, como o filho pródigo, à Casa do Pai, desse Pai-Deus que sempre nos
espera pessoalmente, que nos abraça com imenso carinho, que nos cobre de beijos
e nos cumula de dons. E, depois, nos alimenta com o banquete do Pão do Céu.
LEITOR - Está na hora de encerrarmos este encontro.
Então, sugiro como propósito concreto para este terceiro dia o seguinte:
decidir-nos a ler e estudar, de maneira sistemática e constante, o Compêndio do
Catecismo da Igreja Católica - tão recomendado pelo Papa Bento XVI - ou algum
outro bom Catecismo que contenha, de modo ordenado e completo, o autêntico
ensinamento da Igreja. E, na medida do possível, normalmente de acordo com o
pároco, colaborar no ensino do catecismo a crianças, adolescentes ou adultos.
E, sempre, pedir as luzes do Espírito Santo para esse estudo e para esse
trabalho de catequese.
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