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quarta-feira, 15 de maio de 2013

Novena de Pentecostes: Sexto Dia



Sexto dia: O DOM DE FORTALEZA
 
TODOS - Vinde, Espírito Santo, Vós que sois a “força da destra de Deus”, com o canta a Liturgia, infundi a vossa graça nos nossos corações e cumulai de forças a nossa fraqueza.

LEITOR - Como nos dias anteriores, hoje vamos começar lembrando em que consiste o novo dom sobre o qual vamos meditar: o dom de Fortaleza. Há uma definição bastante breve: é o dom que nos torna capazes de assumir com coragem as lutas necessárias para levar uma vida cristã, uma vida santa. Essas lutas espirituais são de dois tipos. O primeiro consiste em ter coragem para correr atrás dos ideais grandes e das virtudes difíceis que Deus nos pede, sem fugir deles por medo, nem desistir a meio caminho porque o esforço custa e cansa. O segundo é a paciência necessária para aceitar com firmeza as contrariedades, incompreensões e até mesmo perseguições que possam surgir, quando nos decidirmos a ser cristãos de verdade. Perfeitamente. E, sabem qual é o exemplo máximo de fortaleza cristã?

TODOS - O martírio! Ter a coragem de dar a vida por amor a Deus antes que renegar da fé e antes que ofender a Deus. É o exemplo que nos têm dado inúmeros santos: Antes morrer que pecar!

LEITOR - Acho que vale a pena lembrar, ainda que resumidamente, dois exemplos maravilhosos de mártires brasileiros, e peço a Deus que isso os anime a ler e conhecer melhor a santidade heroica de outros católicos brasileiros. O primeiro exemplo é o dos mártires do Rio Grande do Norte. Durante o domínio holandês, houve uma perseguição de protestantes contra os católicos. Em 16 de julho de 1645, soldados holandeses, com o auxílio de guerreiros indígenas, invadiram uma igreja em Cunhaú, durante a Santa Missa. Logo depois da elevação da hóstia, martirizaram barbaramente o celebrante, o padre nonagenário André de Soveral, e mais 69 fiéis (homens, mulheres, crianças), que morreram invocado Jesus e Nossa Senhora. Dois meses e meio depois, em 3 de outubro, foram martirizados, à beira do rio Uruaçu, o padre Ambrósio Francisco Ferro e várias dezenas de fiéis católicos, enquanto se ouvia a voz do leigo Mateus Moreira rezando: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”. Todos estes mártires foram beatificados por João Paulo II. Mais recentemente, foi beatificada também uma maravilhosa menina catarinense de doze anos, a Bem-aventurada Albertina Berkenbrock, que, em 15 de junho de 1931, imitando o exemplo de Santa Maria Goretti, preferiu morrer antes que ofender a Deus cometendo um pecado grave contra a castidade, apesar das pressões e ameaças do homem que acabou matando-a. Que exemplos para a fé e a moral tão fraquinhas de muitos católicos atuais!

TODOS - Que Deus nos perdoe as nossas fraquezas. Acho que, realmente, nós não seríamos capazes de fazer o que fizeram esses nossos irmãos brasileiros, heróis da fé e do amor a Deus. Custa dizer: antes morrer que pecar!

LEITOR - Eu estou certo de que, sem o auxílio da graça e do dom de fortaleza, nenhum de nós conseguiria ter a coragem de abraçar o martírio. Mas não fiquemos só pensando nessas situações extraordinárias, que muito provavelmente nunca se apresentarão na nossa vida. Pelo contrário, todos nós precisamos diariamente de coragem e fortaleza para enfrentar e suportar, tal como Deus nos pede, muitas dificuldades. Faz parte da fortaleza cristã, por exemplo, a paciência que a mãe precisa de ter com os filhos, ou a professora com os alunos rebeldes … E também a firmeza que uma moça católica bem formada precisa ter para não ceder às tentações contra a castidade no namoro, ou nos ambientes de balada e bebida em que há muita licenciosidade … E a força moral de que precisa um advogado, um policial, um fiscal da receita, um gerente de vendas e tantos outros profissionais, para não se deixarem corromper com propinas ou acordos desonestos… E ainda a coragem de mostrar as convicções cristãs, sem alarde nem agressividade, mas também sem covardia, quando Cristo, a Igreja e as suas instituições, ou algumas verdades da fé ou princípios de moral são atacados ou ridicularizados…Diante destes exemplos, precisamos fazer um pausa e tomar mais consciência de algumas falhas e ofensas a Deus que cometemos frequentemente, por fraqueza. (pausa de silêncio)

 LEITOR - Nestes momentos de silêncio, pensemos na facilidade com que dizemos, como desculpa, que “a carne é fraca”. E com que facilidade nos esquecemos de que, para um filho de Deus, “a graça é forte”. São Paulo diz que o Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza, e, por isso, apesar de ele mesmo se sentir muito fraco, exclamava, cheio de alegria: Posso tudo naquele que me dá forças. É isso o que nós vemos acontecer no dia de Pentecostes. Os Apóstolos andavam encolhidos, apavorados, ainda cheios de medo dos que mataram Jesus. Mal recebem, porém, o Espírito Santo, na hora se põem de pé, enfrentam uma multidão de milhares de peregrinos que tinham ido à festa em Jerusalém, e começam a pregar sobre Jesus Cristo, com enorme desassombro: Que toda a casa de Israel saiba, com a maior certeza - clamava São Pedro em alta voz - que este Jesus que vós crucificastes, Deus o constituiu Senhor e Cristo. Mas, vamos ver, antes de saírem de peito aberto diante de todos e arriscar a vida, o que eles fizeram? Rezaram, todos juntos, com Maria, a Mãe de Jesus, pedindo a força do alto. Este é sempre o primeiro passo, que, como diziam os santos, deve preceder, acompanhar e seguir todas as nossas ações. Na Missa de Pentecostes, a Igreja se dirige ao Espírito Santo com estas palavras: Sem o vosso poder divino, nada há de bom no homem, nada há que seja puro. Portanto, rezar, rezar e rezar… Mas há um outro passo imprescindível: para obter a fortaleza de Deus, é preciso que nós nos esforcemos sinceramente, com generosidade, em colaborar, tomando a nossa cruz, como Cristo nos pede: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Uma cruz que é o nosso sacrifício diário, voluntário, corajoso e simples ao mesmo tempo. Por exemplo, oferecer a Deus a mortificação de calar-nos, quando estamos irritados; de não nos queixarmos quando temos motivos de queixa; ou de comer um pouco menos do que mais gostamos, e um pouco mais do que não gostamos; ou o esforço de levantar na hora certa, sem conceder um minuto à preguiça; ou a mortificação de acabar até o fim, com perfeição, cada trabalho, ainda que estejamos mortos de cansaço; ou a mortificação de não deixar de fazer oração, leitura espiritual e outras práticas, mesmo num dia muito apertado de tarefas…

TODOS - Senhor, perdoai-nos. Vós morrestes por nós na Cruz, e nós temos medo de pegar na nossa cruz de cada dia, por amor a Vós e aos nossos irmãos. Ajudai-nos a preparar-nos para receber do Espírito Santo o dom de fortaleza, fazendo mortificações pequenas, frequentes e generosas.

LEITOR - E, com essa oração, terminamos o nosso sexto encontro. Eu daria a seguinte sugestão de propósito concreto para este dia: pedir intensamente ao Espírito Santo o dom de fortaleza. E, ao mesmo tempo, fazer uma lista das nossas molezas e covardias, e, paralelamente, outra lista de mortificações práticas - de pequenos sacrifícios - que nos possam ajudar a vencer, com o auxílio da graça, essas fraquezas.

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