A Festa de Corpus Christi
Promulgada
em 1294 pelo Papa Urbano IV, a Solenidade do Santíssimo Sacramento do
Corpo e Sangue de Cristo, celebrada na quinta-feira após a solene
liturgia da Santíssima Trindade, nos é apresentada neste ano à luz do
Evangelista Lucas (Lc 9,11-17), diante da multiplicação dos pães. Tal
festa solene nos remete à Quinta-feira na Ceia do Senhor, o dia da
instituição do sacramento eucarístico. Todavia, na cerimônia do Corpus
Christi, a Eucaristia é proclamada aos povos atentos à voz do Pastor, o
qual transmitiu grandioso mistério no segredo do Cenáculo.
Sempre atento às necessidades do seu rebanho, Nosso Senhor sente
compaixão daquelas milhares de pessoas que o seguiam nas jornadas pelos
ambientes inóspitos da Terra Santa, e em vez de os despedir para
buscarem comida e pouso, dirigi-se aos apóstolos para que eles mesmos os
acomodassem. Seus discípulos, na pequenez sabedoria do movimento
messiânico, interpretam que apenas comprando enorme quantidade de suprimento poderiam saciar a multidão.
O milagre da multiplicação dos pães é o prelúdio do mistério
eucarístico: no primeiro, Cristo encarrega os seus a distribuírem o pão
temporal ao povo, já no segundo, através do sacerdócio dado aos
apóstolos, alimentarão, transcendentemente, a humanidade.
A
Exortação Apostólica "Sacramentum Caritatis" de Bento XVI revela que a
Eucaristia "manifesta o seu enlevo diante da conversão substancial do
pão e do vinho no Corpo e no Sangue do Senhor Jesus, realidade esta que
ultrapassa toda a compreensão humana. Com efeito, a Eucaristia é por
excelência 'mistério da fé': é o resumo e a súmula da nossa fé".
Diante da doação do Senhor no sacramento eucarístico, que é
verdadeiramente carne e sangue do Santíssimo, a piedosa devoção da
Igreja nos primeiros séculos, simbolizou a sagrada oblação na figura do
pelicano, ave que habita regiões costeiras e lacustres. Os pelicanos
frente à escassez de alimento que garante a sobrevivência dos filhotes,
arranca do seu próprio corpo lascas de carne para alimentá-los. Assim é
Jesus Cristo quando alimenta sua Igreja com seu Corpo e Sangue, em
dolorosa e vivificante Paixão.
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