A chuva que se abateu esta quarta-feira sobre a cidade de
Roma não impediu que milhares de fiéis participassem com o Santo Padre da
tradicional Audiência Geral.
Em sua catequese, Bento XVI prosseguiu a meditação sobre
a fé católica, propondo novas perguntas à nossa reflexão: a fé tem um caráter
somente pessoal, individual? Vivo sozinho a minha fé?
Certamente, afirma o Pontífice, o ato de fé é um ato
pessoal, que acontece no íntimo mais profundo e que marca uma mudança de
direção, de rumo, uma conversão pessoal. O meu crer, todavia, não é o resultado
de uma reflexão solitária, não é o produto do meu pensamento, mas o fruto de
uma relação, de um diálogo; é a comunicação com Jesus que me faz sair do meu
«eu», fechado em mim mesmo, para abrir-me ao amor de Deus Pai.
Não posso construir a minha fé pessoal num diálogo
privado com Jesus, porque a fé nos é doada por Deus através de uma comunidade,
que é a Igreja, e me insere numa multidão de fiéis, numa comunhão que não é
somente sociológica, mas radicada no eterno amor de Deus. “A nossa fé é
realmente pessoal somente se for comunitária. A fé nasce na Igreja, conduz a
ela e vive nela. É importante recordar isso”, disse o Papa.
Bento XVI lamenta a tendência, muito comum hoje, de
relegar a fé à esfera pessoal – o que contradiz sua própria natureza. Ao invés,
precisamos da Igreja para confirmar a nossa fé e para fazer experiência dos
dons de Deus: a sua Palavra, os Sacramentos, a ação da graça e o testemunho de
amor. “Num mundo em que o individualismo parece regular as relações entre as
pessoas, tornando-as sempre mais frágeis, a fé nos chama a ser Igreja,
portadores do amor e da comunhão de Deus para todo o gênero humano.”
Após a catequese proferida em italiano, Bento XVI saudou
os grupos presentes na Praça em várias línguas.
Em inglês, o Pontífice manifestou sua solidariedade às
vítimas do furacão Sandy, que depois de causar destruição no Caribe, devastou a
costa leste dos Estados Unidos. “Ofereço minhas orações pelas vítimas e
manifesto minha solidariedade a todos os que estão comprometidos no trabalho de
reconstrução”, disse.
Aos peregrinos de língua portuguesa, o Papa disse:
“Queridos irmãos e irmãs, a fé, dom de Deus que transforma a nossa existência,
não é uma realidade de caráter exclusivamente individual. O meu crer, a minha
fé, não é o resultado de uma reflexão pessoal, mas o fruto de um diálogo com
Jesus que se dá na comunidade de fé que é a Igreja. De fato, desde o dia de
Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos, a Igreja não cessa
de cumprir a sua missão de levar o Evangelho a todos os cantos da terra. A
Igreja é o espaço da fé: o espaço no qual, pelo batismo, nos inserimos no
Mistério Pascal de Cristo, entrando em comunhão com a Santíssima Trindade. Por
isso, precisamos da Igreja para ter a garantia que a nossa fé corresponde à
mensagem originária de Cristo, pregada pelos Apóstolos; precisamos da Igreja
para poder fazer uma experiência dos dons de Deus: da sua Palavra, dos
Sacramentos, da ação da Graça e do seu Amor. Quando o nosso “eu” entra no “nós”
da Igreja, então fazemos a experiência do comunhão com Deus, que funda a
comunhão entre os homens.
Saúdo os peregrinos de língua portuguesa, especialmente
os fiéis vindos de São Tomé e Príncipe e os grupos de brasileiros, de Imperatriz,
Toledo e Guaxupé. Deixai-vos plasmar pela fé da Igreja, pois esta, apesar das
dificuldades, fará de vós janelas abertas para a luz Deus, de modo que a
recebendo, possais transmiti-la ao mundo. Obrigado pela vossa presença!”.
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