Páginas

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Trecho da Homilia do Papa João Paulo II na Dedicação da Basílica de Aparecida em 1980



Caros leitores, encerrando o dia solene de Nossa Senhora Aparecida, convido a todos para uma breve leitura espiritual sobre esta festa. Mais especificamente, um trecho da homilia do Beato João Paulo II na Dedicação da Basílica em 1980. Meditemos:

Da Homilia na Dedicação da Basílica Nacional de Aparecida, do papa João Paulo II

(Pronunciamentos do Papa no Brasil, Edit.
Vozes, Petrópolis 1980, 125. 128. 129. 130)
(Séc.XX)
A devoção a Maria é fonte de vida cristã profunda

“Viva a Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida! Viva a Virgem Imaculada, a Senhora
Aparecida!”

Desde que pus os pés em terra brasileira, nos vários pontos por onde passei, ouvi este cântico.
Ele é, na ingenuidade e singeleza de suas palavras, um grito da alma, uma saudação, uma
invocação cheia de filial devoção e confiança para com aquela que, sendo verdadeira Mãe de
Deus, nos foi dada por seu Filho Jesus no momento extremo da sua vida para ser nossa Mãe.

Sim, amados irmãos e filhos, Maria, a Mãe de Deus, é modelo para a Igreja, é Mãe para os
remidos. Por sua adesão pronta e incondicional à vontade divina que lhe foi revelada, torna-se
Mãe do Redentor, com uma participação íntima e toda especial na história da salvação. Pelos
méritos de seu Filho, é Imaculada em sua Conceição, concebida sem a mancha original,
preservada do pecado e cheia de graça.

Ao confessar-se serva do Senhor (Lc 1,38) e ao pronunciar o seu sim, acolhendo “em seu
coração e em seu seio” o mistério de Cristo Redentor, Maria não foi instrumento meramente
passivo nas mãos de Deus, mas cooperou na salvação dos homens com fé livre e inteira
obediência. Sem nada tirar ou diminuir e nada acrescentar à ação daquele que é o único
Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, Maria nos aponta as vias da salvação, vias que
convergem todas para Cristo, seu Filho, e para a sua obra redentora.

Maria nos leva a Cristo, como afirma com precisão o Concílio Vaticano II: “A função maternal
de Maria, em relação aos homens, de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de
Cristo; antes, manifesta a sua eficácia. E de nenhum modo impede o contato imediato dos fiéis
com Cristo, antes o favorece”.

Mãe da Igreja, a Virgem Santíssima tem uma presença singular na vida e na ação desta mesma
Igreja. Por isso mesmo, a Igreja tem os olhos sempre voltados para aquela que, permanecendo
virgem, gerou, por obra do Espírito Santo, o Verbo feito carne. Qual é a missão da Igreja senão
a de fazer nascer o Cristo no coração dos fiéis, pela ação do mesmo Espírito Santo, através da
evangelização? Assim, a “Estrela da Evangelização”, como a chamou o meu Predecessor Paulo
VI, aponta e ilumina os caminhos do anúncio do Evangelho. Este anúncio de Cristo Redentor,
de sua mensagem de salvação, não pode ser reduzido a um mero projeto humano de bem-estar e
felicidade temporal. Tem certamente incidências na história humana coletiva e individual, mas
é fundamentalmente um anúncio de libertação do pecado para a comunhão com Deus, em Jesus
Cristo. De resto, esta comunhão com Deus não prescinde de uma comunhão dos homens uns
com os outros, pois os que se convertem a Cristo, autor da salvação e princípio de unidade, são
chamados a congregar-se em Igreja, sacramento visível desta unidade humana salvífica.

Por tudo isto, nós todos, os que formamos a geração hodierna dos discípulos de Cristo, com
total aderência à tradição antiga e com pleno respeito e amor pelos membros de todas as
comunidades cristãs, desejamos unir-nos a Maria, impelidos por uma profunda necessidade da
fé, da esperança e da caridade. Discípulos de Jesus Cristo neste momento crucial da história
humana, em plena adesão à ininterrupta Tradição e ao sentimento constante da Igreja, impelidos
por um íntimo imperativo de fé, esperança e caridade, nós desejamos unir-nos a Maria. E
queremos fazê-lo através das expressões da piedade mariana da Igreja de todos os tempos.


A devoção a Maria é fonte de vida cristã profunda, é fonte de compromisso com Deus e com os
irmãos. Permanecei na escola de Maria, escutai a sua voz,segui os seus exemplos. Como
ouvimos no Evangelho, ela nos orienta para Jesus: Fazei o que ele vos disser (Jo 2,5). E, como
outrora em Caná da Galiléia, encaminha ao Filho as dificuldades dos homens, obtendo dele as
graças desejadas. Rezemos com Maria e por Maria: ela é sempre a “Mãe de Deus e nossa”.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários ofensivos serão excluídos

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...