No
penúltimo dia da Semana Nacional da Família, sexta, 17, a Comissão
Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB), divulgou um texto redigido a partir das
Catequeses preparatórias ao 7º Encontro Mundial das Famílias. A mensagem
trata da família e a festa e aborda a importância da festividade no
ambiente familiar, para união e celebração entre seus membros. O
objetivo do texto é ser mais um instrumento de reflexão, sobre a
família, entre as comunidades da Igreja.
Leia o texto:
Família e a festa
O
ser humano moderno criou o tempo livre e perdeu o sentido da festa. É
necessário recuperar o sentido da festa, e de modo particular do
domingo, como “um tempo para ser humano”, aliás, “um tempo para a
família”. Voltar a encontrar o centro da festa é decisivo também para
humanizar o trabalho, para lhe atribuir um significado que não o reduza a
ser uma resposta às necessidades, mas que o abra ao relacionamento e à
partilha: com a comunidade, com o próximo e com Deus.
Atualmente,
a festa como “tempo livre” é vivida no contexto do “fim de semana”. Em
vez do descanso e da santificação privilegia-se a diversão, a fuga das
cidades, e isto influi sobre a família, principalmente se tem filhos
adolescentes e jovens. Os membros da família tem dificuldade de
encontrar um momento de relacionamento familiar. O domingo perde a sua
dimensão de dia do Senhor e é vivido mais como um tempo “individual” do
que como um espaço “comum”.
O tempo livre no domingo torna-se com
frequência um dia “móvel” e corre o risco de não ser mais um dia
“fixo”, dificultando o encontro familiar. As pessoas não descansam
somente para voltar ao trabalho, mas para fazer festa. É mais oportuno
do que nunca que as famílias voltem a descobrir a festa como lugar do
encontro com Deus e da proximidade recíproca, criando a atmosfera
familiar sobretudo quando os filhos são pequenos. As realidades vividas
nos primeiros anos na família de origem permanece inscrito para sempre
na memória do ser humano. Também os gestos da fé, no dia do domingo e
nas festividades anuais, marcam a vida da família, sobretudo no encontro
com o mistério santo de Deus e contribui para a reforçar os
relacionamentos familiares.
O encontro com Deus e com o outro é o
âmago da festa. A mesa dominical, em casa e com a comunidade, é
diferente daquela de todos os dias: a de cada dia serve para sobreviver,
mas a do domingo serve para viver a alegria do escuta e comunhão,
disponibilidade para o culto e a caridade.
A celebração e o
serviço são as suas formas fundamentais da lei, com as quais se honra a
Deus e se recebe a sua dádiva de amor: no culto, Deus comunica-nos
gratuitamente a sua caridade; no serviço, o dom recebido torna-se amor
compartilhado e vivido com os outros. O dies Domini (dia de Deus) deve
tornar se, inclusive, um dies hominis (dia do homem). Se a família se
aproximar deste modo da festa, poderá vivê-la como o “dia do Senhor”.
Para
experimentar a “presença” do Senhor ressuscitado, a família é exortada
aos domingos em especial a deixar-se iluminar pela Eucaristia. A missa
torna-se a celebração central, viva e pulsante do dia do Senhor, da sua
presença de Ressuscitado aqui e agora. A eucaristia concede-nos a graça
de celebrarmos o mistério santo de que vem ao nosso encontro. No
domingo, a família encontra o sentido e a razão da semana que se inicia.
Participando
na missa, a família dedica espaço e tempo, oferece energias e recursos,
aprende que a vida não é feita unicamente de necessidades a atender,
mas de relações a construir. A gratuidade da eucaristia dominical exige
que a família participe na memória da Páscoa de Jesus. Na missa, a
família alimentasse na mesa da palavra e do pão, que dá sabor e sentido
às palavras e ao alimento cotidiano compartilhado à mesa da família.
Desde
crianças, os filhos têm o direito de serem educados para a escuta da
palavra, para descobrir o domingo como “dia do Senhor“. A memória do
Crucificado Ressuscitado marca a diferença do domingo em relação ao
tempo livre: se não nos encontrarmos com Ele, a festa não se realiza, a
comunhão é apenas um sentimento e a caridade se reduz a um gesto de
solidariedade, que não constrói a comunidade cristã e não educa para a
missão. A eucaristia do domingo enquanto nos introduz no coração de
Deus, faz a família, e a família, na comunidade cristã, faz de um certo
modo a Eucaristia.
O dia do Senhor faz viver a festa como um
tempo para os outros, dia da comunhão e da missão. A Eucaristia é
memória do gesto de Jesus: isto é o meu corpo entregue, isto é o meu
sangue derramado por vós e por todos. O “por vós e por todos” vincula
intimamente a vida fraterna (por vós) e a abertura a todos (por todas as
pessoas). Na conjunção “e” encontra-se toda a força da missão
evangelizadora da família e da comunidade: é doado a nós, a fim de que
venha a ser para todos.
A Diocese e a Paróquia constituem a
presença concreta do Evangelho no centro da existência humana. Elas são
as figuras mais conhecidas da Igreja, pela sua índole de proximidade e
de acolhimento em relação a todos.
Na Paróquia as famílias,
“Igreja doméstica”, fazem com que a comunidade paroquial seja uma Igreja
no meio das casas das pessoas. A vida quotidiana, com o ritmo de
trabalho e de festa, permite ao mundo entrar no seio da família
integrando os membros da família ao mundo.
A comunidade cristã é
convidada a cuidar das famílias, ajudando-as a evitar à tentação de se
fechar no seu “apartamento”, no seu “mundinho” e abrindo-as aos caminhos
da fé. O dia do Senhor torna-se dia da Igreja, quando ajuda a
experimentar a beleza de um domingo vivido juntos, evitando a banalidade
de um fim de semana consumista, para realizar às vezes também
experiências de comunhão fraterna entre as famílias.
Na família,
os filhos experimentam no dia-a-dia a dedicação gratuita e incansável da
parte dos pais e o seu serviço, aprendendo do seu exemplo o segredo do
amor. Quando, na comunidade paroquial, os adolescentes e os jovens,
tiverem que ampliar o horizonte da caridade às outras pessoas, poderão
compartilhar a experiência de amor e de serviço aprendida em casa. O
ensino prático da caridade, sobretudo nas famílias com um filho único,
deverá abrir-se imediatamente a pequenas ou grandes formas de serviço ao
próximo.
Fonte: Rádio Vaticano
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