Cresce
na sociedade, em seus diversos segmentos, a convicção de que é preciso
investir na família, instituição que também é prioridade na missão
evangelizadora da Igreja. De 12 a 18 de agosto, a Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB) promove a Semana da Família, evento que é
realizado anualmente. Trata-se de um acontecimento que merece a
importante cobertura dos meios de comunicação, pelo que representa a
instituição familiar no enfrentamento de graves desafios, como a
superação dos alarmantes índices de violência e dos desvios na direção
da dependência química.
Com seus limites próprios, em razão das
vicissitudes e estreitamentos humanos, nenhuma instituição consegue
contribuir tanto na formação da consciência e da assimilação de valores
indispensáveis. Essa convicção há de ser assumida por quem tem sua
família, particularmente aqueles que têm responsabilidade na sua
condução e sustento, de maneira aguerrida, para fazer desse lugar
primeiro de cada um de nós a referência amorosa mais importante.
A
família tem importância e centralidade em razão de cada ser humano e no
conjunto da sociedade. É na família que se aprende a conhecer o amor e a
fidelidade a Deus. Não se pode abrir mão dessa escola que tem
propriedades para formar e configurar o indispensável sentido de
transcendência. A ausência desse sentido pode levar a incapacidades
crônicas. A escola família, conforme ensina a Sagrada Escritura,
possibilita aos filhos a aprendizagem das primeiras e decisivas lições,
como a urbanidade, processo naturalmente sustentado e fecundado pela
fidelidade conjugal e pela circulação própria do amor em família.
Por
isso, a Igreja considera a família como a primeira sociedade natural,
titular de direitos próprios e originários. Não se pode, é uma convicção
e batalha que a Igreja assume na sua missão evangelizadora, atribuir à
família um papel subalterno e secundário. Ela deve ser entendida e
assumida por todos como célula vital para a sociedade. A família que
nasce da íntima comunhão de vida e de amor, fundada sobre o matrimônio
entre um homem e uma mulher, tem uma dimensão social própria enquanto
lugar primeiro das relações sociais.
A família é a primeira
escola onde se aprende a reciprocidade. No dom recíproco, por parte do
homem e da mulher, unidos em matrimônio, se configura a criação do
ambiente de vida no qual a criança pode nascer e desenvolver suas
potencialidades, tornar-se consciente de sua dignidade e preparar-se
para uma adequada participação na sociedade. Quando se pensa a ecologia
humana, a família é a experiência onde se aprende as primeiras e
determinantes noções acerca do bem e da verdade, exercício natural e
transcendente na capacidade de amar e ser amado.
Não é uma
importância apenas para o indivíduo, mas também para o contexto social
onde ele está inserido e participa de maneira cidadã. A sociabilidade
exercitada na instituição familiar acrescenta valores e sustentos para a
sociedade, pois a família é uma comunidade de pessoas. Os ricos
ensinamentos da Igreja nos seus preciosos documentos afirmam que “uma
sociedade à medida da família é a melhor garantia contra toda a deriva
de tipo individualista ou coletivista, porque nela a pessoa está sempre
no centro da atenção enquanto fim e nunca como meio”. Este entendimento
advoga o princípio de que a família é prioritária em relação à sociedade
e ao Estado.
Assim, a definição de um modelo social no
funcionamento da sociedade deve ter a inteligência de incluir o apoio
decisivo para que a família desempenhe adequadamente suas
responsabilidades. Metas e intervenções, no funcionamento social e
político, não podem desconsiderar essa centralidade da instituição
familiar. O Concílio Vaticano II, no Decreto Gravissimum Educationis,
sublinha que essa instituição, exercendo sua tarefa educativa, contribui
para o bem comum e se constitui na primeira escola das virtudes
sociais. É indispensável, portanto, para a sociedade. A ciência sobre a
família reúne densos capítulos que precisam ser conhecidos para inspirar
mais, clarear papéis e responsabilidades. Investir na instituição
familiar é contribuir para que a humanidade redesenhe horizontes:
torne-se mais fraterna e solidária.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
Fonte: Rádio Vaticano
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