O
perdão dos pecados acontece por causa de uma atitude de amor para com
os pais, pois o lar, Igreja doméstica, voltou a ser o local do encontro
com Deus.
A misericórdia em todos os relacionamentos, mas
especialmente para com os pais, está em referência ao próprio Deus que é
o Pai por excelência. Portanto, honrar os pais, respeitá-los, é prestar
culto a Deus.
Tanto a primeira leitura quanto a segunda, da
liturgia de hoje, não escondem as falhas no relacionamento familiar e
humano, mas nos dizem que o importante aos olhos de Deus não está em ser
sem defeitos, em ter uma família perfeita, mas sim na capacidade de
amar sem medidas, apesar dos limites e das falhas pessoais. Claro que
Deus deseja que sejamos perfeitos, mas mais importante para Ele é que
nos amemos e nos perdoemos como Ele nos amou e nos perdoou, sem limites,
sem restrições.
Dentro desse pensamento sobre o relacionamento
familiar, será importante refletir sobre a realidade da família deste
início de século, onde e como vive. Certamente a maioria mora em grandes
centros urbanos e é constituída pelo casal e por um ou dois filhos. Um
terceiro já faz considerá-la família numerosa.
Também a mãe
trabalha fora e pais e filhos se encontram à noite, cansados, muitas
vezes diante da televisão, ou durante o jantar. Se isso acontece já
poderão se classificar felizes, pois em outros lares, muitas vezes
quando pais saem para o trabalho, os filhos ainda dormem e quando voltam
eles já estão deitados. O encontro, nesse caso, só se dá no final de
semana.
Rezar juntos, passar para os filhos a vivência de uma
oração em família, mesmo que seja apenas à mesa, só excepcionalmente,
pois em muitos casos, para que possam descansar, não cozinham em casa e
vão comer fora, em um restaurante ou na casa de parentes ou de amigos.
É
difícil passar valores, enfim, formar os filhos. A sociedade pós
moderna penetra em suas entranhas e é muito custoso prepará-los para o
futuro, para que sejam filhos e irmãos como Deus quer. Só com a graça
divina e com a disposição dos pais para uma autêntica renúncia e
sacrifico.
Renúncia aos apelos de dar aos filhos tudo o que a
sociedade consumista coloca como valores e que os pais enxergam como
coisa boa e vantajosa. É preciso renunciar fazer do filho ou da filha
pessoas como nos pede o elitismo, relativizar seus códigos. É preciso
questionar os valores propostos por ela e crer nos do Evangelho.
Cabe
a pergunta: formo minha família para ser cidadã deste mundo ou para ser
cidadã do Reino de Deus, mas neste mundo? Jesus rezou ao Pai dizendo
que não queria que nos tirasse do mundo, mas nos preservasse do mal.
Sacrifício:
sacrificar significa tornar sagrado. Meu filho, minha filha, são do
mundo ou de Deus? O batismo os retirou do paganismo e os fez filhos de
Deus, sagrados. Respeito a senhoria de Deus sobre eles ou sou conivente
com as solicitações consumistas e mundanas?
A imagem da Família
de Nazaré como família migrante e pobre nos obriga a refazer a imagem da
família atual, retornando às origens e aos valores, ou seja, a
abundância de bens materiais não é necessária para ser feliz e amar a
Deus e ao próximo.
É importantíssimo não só a simplicidade de
vida, mas sobretudo é fundamental a convivência afetiva e efetiva, além
do respeito aos idosos como gratidão e como referência à sua experiência
de vida que porta sabedoria e os referenciais da autêntica tradição.
A
Família de Nazaré nos ensina a cristianizar a família pós moderna,
recolocando Deus no centro e nEle reencontrando a verdadeira felicidade.
Fonte: Rádio Vaticano
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