ABERTURA DO ANO DA EUCARISTIA
ENCERRAMENTO DO 48° CONGRESSO EUCARÍSTICO
INTERNACIONAL DE GUADALAJARA
ENCERRAMENTO DO 48° CONGRESSO EUCARÍSTICO
INTERNACIONAL DE GUADALAJARA
DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
17 de Outubro de 2004
Reunidos diante da Eucaristia, neste momento experimentamos com particular intensidade a verdade da promessa de Cristo: Ele está connosco!
Saúdo todos vós que vos encontrais em Guadalajara para participar no encerramento do Congresso Eucarístico Internacional. Em particular, o Cardeal Jozef Tomko, meu Legado; o Cardeal Juan Sandoval Íñiguez, Arcebispo de Guadalajara; os Senhores Cardeais, Arcebispos, Bispos e Sacerdotes do México, assim como de numerosos outros países, que estão ali presentes.
Saúdo também todos os fiéis de Guadalajara, do México e de outras regiões do mundo, que estão unidos a nós na adoração do Mistério eucarístico.
2. A ligação televisiva entre a Basílica de São Pedro, coração da cristandade, e Guadalajara, sede do Congresso, é como que uma ponte lançada entre os continentes e faz com que o nosso encontro de oração seja uma "Statio Orbis" ideal, à qual se unem os fiéis de todo o orbe. O ponto de encontro é o próprio Jesus, realmente presente na Santíssima Trindade com o seu mistério de morte e de ressurreição, em que se unem o céu e a terra, e onde se encontram os diferentes povos e culturas. Cristo é "a nossa paz, Ele que, dos dois povos fez um só..." (Ef 2, 14).
3. "A Eucaristia, luz e vida do novo milénio". O tema do Congresso convida-nos a considerar o Mistério eucarístico, não somente em si mesmo, mas também em relação aos problemas do nosso tempo.
Mistério de luz! De luz tem necessidade o coração do homem, oprimido pelo pecado, por vezes desorientado e cansado, provado por sofrimentos de todos os tipos. O mundo tem necessidade de luz, na busca difícil de uma paz que parece distante no começo de um milénio perturbado e humilhado pela violência, o terrorismo e a guerra.
A Eucaristia é luz! Na Palavra de Deus, constantemente proclamada, no pão e no vinho transubstanciados no Corpo e Sangue de Cristo, é precisamente Ele, o Senhor ressuscitado, que abre a mente e o coração e que se deixa conhecer, como aconteceu com os dois discípulos de Emaús, "ao partir o pão" (cf. Lc 24, 25). Neste gesto convival, nós revivemos o sacrifício da Cruz, experimentamos o amor infinito de Deus e sentimo-nos chamados a difundir a luz de Cristo entre os homens e as mulheres do nosso tempo.
4. Mistério de vida! Que aspiração pode ser maior do que a vida? Todavia, sobre este anseio humano universal pairam sombras ameaçadoras: a sombra de uma cultura que nega o respeito pela vida, em cada uma das suas fases; a sombra de uma indiferença, que condena numerosas pessoas a um destino de fome e de subdesenvolvimento; e a sombra de uma investigação científica que, por vezes, se põe ao serviço do egoísmo do mais forte.
Queridos irmãos e irmãs: devemos sentir-nos interpelados pelas necessidades de tantos irmãos. Não podemos fechar o coração aos seus pedidos de socorro. Nem podemos esquecer que "não só de pão vive o homem" (cf. Mt 4, 4). Temos necessidade do "pão vivo... que desceu do céu" (Jo 6, 51). Este pão é Jesus. Alimentar-nos dele significa receber a própria vida de Deus (cf. Jo 10, 10), abrindo-nos à lógica do amor e da partilha.
5. Desejei que este Ano fosse dedicado particularmente à Eucaristia. Na realidade, todos os dias e especialmente no domingo, dia da ressurreição de Cristo, a Igreja vive deste mistério. Porém, neste Ano da Eucaristia convida-se a comunidade cristã a adquirir uma consciência mais viva do mesmo, com uma celebração mais sentida, com uma adoração prolongada e fervorosa, com um maior compromisso de fraternidade e de serviço aos mais necessitados. A Eucaristia é fonte e epifania de comunhão. É princípio e projecto de missão (cf. Mane nobiscum Domine, caps. III-IV).
Seguindo o exemplo de Maria, "mulher eucarística" (Ecclesia de Eucharistia, cap. VI), a comunidade cristã deve viver deste mistério. Consolidada pelo "pão de vida eterna", ela há-de ser presença de luz e de vida, fermento de evangelização e de solidariedade.
6. Mane nobiscum Domine! Como os dois discípulos do Evangelho, também nós te imploramos, Senhor Jesus: permanece connosco!
Tu, divino Peregrino, perito nos nossos caminhos e conhecedor do nosso coração, não nos deixes prisioneiros das sombras da noite.
Ampara-nos no cansaço, perdoa os nossos pecados e orienta os nossos passos pelo caminho do bem.
Abençoa as crianças, os jovens, os idosos, as famílias e particularmente os enfermos. Abençoa os sacerdotes e as pessoas consagradas. Abençoa toda a humanidade.
Na Eucaristia, Tu fizeste-te "remédio de imortalidade": dá-nos o gosto de uma vida plena, que nos ajude a caminhar sobre a terra como peregrinos seguros e alegres, olhando sempre para a meta da vida eterna.
Permanece connosco, Senhor! Permanece connosco! Amém!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários ofensivos serão excluídos