Caros leitores, o Papa Francisco iniciou uma série de catequeses sobre os Sacramentos. A primeira delas, a qual reproduzimos aqui, fala sobre o Sacramento do Batismo.
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje começamos uma série de Catequeses sobre os
Sacramentos, e a primeira diz respeito ao Baptismo. Por
uma feliz coincidência, no próximo domingo celebra-se
precisamente a festa do Baptismo do Senhor.
O Baptismo é o sacramentos sobre o qual se fundamenta
a nossa própria fé e que nos insere como membros vivos
em Cristo e na sua Igreja. Juntamente com a Eucaristia e
com a Confirmação forma a chamada «Iniciação cristã», a
qual constitui como que um único, grande evento
sacramental que nos configura com o Senhor e nos torna
um sinal vivo da sua presença e do seu amor.
Pode surgir em nós uma pergunta: mas o Baptismo é
realmente necessário para viver como cristãos e seguir
Jesus? Não é no fundo um simples rito, uma acto formal
da Igreja para dar o nome ao menino ou à menina? É uma
pergunta que pode surgir. E a este propósito, é
esclarecedor quanto escreve o apóstolo Paulo: «Ignorais,
porventura, que todos nós, que fomos baptizados em Jesus
Cristo, fomos baptizados na Sua morte? Pelo baptismo
sepultámo-nos juntamente com Ele, para que, assim como
Cristo ressuscitou dos mortos, mediante a glória do Pai,
assim caminhemos nós também numa vida nova» (Rm
6, 3-4). Por conseguinte, não é uma formalidade! É um
acto que diz profundamente respeito à nossa existência.
Uma criança baptizada ou uma criança não baptizada não é
a mesma coisa. Uma pessoa baptizada ou uma pessoa não
baptizada não é a mesma coisa. Nós, com o Baptismo,
somos imergidos naquela fonte inesgotável de vida que é
a morte de Jesus, o maior acto de amor de toda a
história; e graças a este amor podemos viver uma vida
nova, já não à mercê do mal, do pecado e da morte, mas
na comunhão com Deus e com os irmãos.
Muitos de nós não recordam minimamente a celebração
deste Sacramento, e é óbvio, se fomos baptizados pouco
depois do nascimento. Fiz esta pergunta duas ou três
vezes, aqui, na praça: quem de vós conhece a data do
próprio Baptismo, levante a mão. É importante conhecer o
dia no qual eu fui imergido precisamente naquela
corrente de salvação de Jesus. E permito-me dar um
conselho. Mas, mais do que um conselho, trata-se de uma
tarefa para hoje. Hoje, em casa, procurai, perguntai a
data do Baptismo e assim sabereis bem o dia tão bonito
do Baptismo. Conhecer a data do nosso Baptismo significa
conhecer uma data feliz. Mas o risco de não o conhecer
significa perder a memória daquilo que o Senhor fez em
nós, a memória do dom que recebemos. Então acabamos por
considerá-lo só como um evento que aconteceu no passado
— e nem devido à nossa vontade, mas à dos nossos pais —
por conseguinte, já não tem incidência alguma sobre o
presente. Devemos despertar a memória do nosso Baptismo.
Somos chamados a viver o nosso Baptismo todos os dias,
como realidade actual na nossa existência. Se seguimos
Jesus e permanecemos na Igreja, mesmo com os nossos
limites, com as nossa fragilidades e os nossos pecados,
é precisamente graças ao Sacramento no qual nos tornámos
novas criaturas e fomos revestidos de Cristo. Com
efeito, é em virtude do Baptismo que, libertados do
pecado original, somos inseridos na relação de Jesus com
Deus Pai; que somos portadores de uma esperança nova,
porque o Baptismo nos dá esta nova esperança: a
esperança de percorrer o caminho da salvação, a vida
inteira. E esta esperança que nada e ninguém pode
desiludir, porque a esperança não decepciona.
Recordai-vos: a esperança no Senhor nunca desilude. É
graças ao Baptismo que somos capazes de perdoar e amar
também quem nos ofende e nos faz mal; que conseguimos
reconhecer nos últimos e nos pobres o rosto do Senhor
que nos visita e se faz próximo. O Baptismo ajuda-nos a
reconhecer no rosto dos necessitados, dos sofredores,
também do nosso próximo, a face de Jesus. Tudo isto é
possível graças à força do Baptismo!
Um último elemento, que é importante. E faço uma
pergunta: uma pessoa pode baptizar-se a si mesma?
Ninguém pode baptizar-se a si mesma! Ninguém. Podemos
pedi-lo, desejá-lo, mas temos sempre a necessidade de
alguém que nos confira este Sacramento em nome do
Senhor. Porque o Baptismo é um dom que é concedido num
contexto de solicitude e de partilha fraterna.
Ao longo da história sempre um baptiza outro, outro,
outro... é uma corrente. Uma corrente de Graça. Mas, eu
não me posso baptizar sozinho: devo pedir o Baptismo a
outra pessoa. É um acto de fraternidade, uma acto de
filiação à Igreja. Na celebração do Baptismo podemos
reconhecer os traços mais característicos da Igreja, a
qual como uma mãe continua a gerar novos filhos em
Cristo, na fecundidade do Espírito Santo.
Peçamos então de coração ao Senhor podermos para
experimentar cada vez mais, na vida diária, esta graça
que recebemos com o Baptismo. Que os nossos irmãos ao
encontrar-nos possam encontrar verdadeiros filhos de
Deus, verdadeiros irmãos e irmãs de Jesus Cristo,
verdadeiros membros da Igreja. E não esqueçais a tarefa
de hoje: procurar, perguntar a data do próprio Baptismo.
Assim como eu conheço a data do meu nascimento, devo
conhecer também a data do meu Baptismo, porque é um dia
de festa.
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