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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
O Sacramento da Confirmação II
Caros leitores, em nossa segunda catequese sobre o
Sacramento da Confirmação, vamos falar sobre os sinais e o rito deste
Sacramento tão importante para a vida da Igreja. Em primeiro lugar, temos que
considerar dois símbolos essenciais e visíveis deste Sacramento: unção e selo.
A unção, no simbolismo bíblico antigo, é rica de
significados: o óleo é sinal de abundância e de alegria e também de purificação
seja antes ou depois do banho. É sinal de força (atletas e lutadores que eram
ungidos) e sinal de cura: unção dos doentes. A unção com o óleo do Crisma
sempre fio significado de consagração, seja logo após o Batismo, na Confirmação
ou nas Ordenações presbiterais e episcopais. Aqueles que recebem o Sacramento
da Confirmação, participam mais intensamente da missão de Jesus e da plenitude
do Espírito Santo. Aquele que recebe a unção, recebe uma marca, um selo do
Espírito Santo. O selo é símbolo da pessoa, sinal de sua autoridade, de sua propriedade
sobre um objeto. Cristo mesmo se declara marcado com o selo do Pai. Também o
cristão está marcado por um selo: “Aquele
que nos fortalece convosco em Cristo e nos dá a unção é Deus, o qual nos marcou
com um selo e colocou em nossos corações o penhor do Espírito”. (2Cor 1,21-22).
Celebração da
Confirmação
O Sacramento da Confirmação tem seu primeiro rito
com a bênção do óleo do Crisma feita pelo bispo, na Missa de Quinta-feira Santa
pela manhã. Somente o bispo ordinário pode consagrar o crisma para sua diocese.
Nas Igrejas Orientais, esta função é reservada somente para o Patriarca. No
rito latino, a Confirmação é celebrada separadamente do Batismo e pode ser numa
celebração eucarística ou não, dependendo sempre as circunstâncias.
Independente do caso, o rito começa com a renovação das promessas do Batismo.
Agora é o momento da própria pessoa renovar sua fé que foi professada pela
primeira vez pelos seus pais e padrinhos.
No rito romano, o Bispo estende as mãos sobre o
conjunto dos confirmandos, gesto que, desde o tempo dos apóstolos, é o sinal do
dom do Espírito Santo. Sempre o Bispo invoca a efusão do Espírito, com a
fórmula proposta no Pontifical Romano. É bom lembrar que nesta fórmula de
efusão, pedem-se os sete dons do Espírito Santo sobre os confirmandos.
O Rito essencial da Confirmação é a unção com o
Santo Crisma na fronte, com as palavras seguintes:
- Accipe
signaculum doni Spiritus Sancti
- N. Recebe
por este sinal o Espírito Santo, dom de Deus.
O confirmando responde amém e o Bispo o saúda com o
abraço da paz:
- Pax tibi.
- A paz esteja
contigo
- Et cum
spiritu tuo
- E contigo
também
Ministro da
Confirmação
O ministro por excelência da Confirmação sempre é o
Bispo. Mas, quando houver a necessidade, o Bispo pode delegar um presbítero a
faculdade de administrar este Sacramento. Apenas em duas circunstâncias o
presbítero pode conferir este Sacramento: durante o rito da Vígilia Pascal, ou
em caso de morte.
sábado, 23 de fevereiro de 2013
Como funciona um Conclave?
Caros leitores, dentro de alguns dias teremos um Conclave para eleger o novo Sumo Pontífice. Mas, o que é o Conclave? Esta pergunta, o conhecido Pe. Paulo Ricardo responde no vídeo abaixo de maneira simples, profunda e interessante. Acompanhe:
Fonte: YouTube/ Site Christo Nihil Praeponere
Fonte: YouTube/ Site Christo Nihil Praeponere
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Arquidiocese de Curitiba tem novo bispo auxiliar
Monsenhor José Mário Scalon Angonese,
atualmente pároco da Paróquia da Ressurreição e Reitor do Seminário
Maior de Santa Maria (RS) foi nomeado nesta quarta-feira, 20 de
fevereiro, pelo Papa Bento XVI como novo bispo auxiliar de Curitiba
(PR).
A Nunciatura Apostólica comunicou a
nomeação lembrando que o Santo Padre atendeu ao pedido do arcebispo de
Curitiba, dom Moacyr José Vitti de poder contar com um colaborador e
acrescentou que a notícia foi publicada no jornal “L’Osservatore Romano”
desta quarta-feira, ao meio dia, no horário de Roma.
O novo bispo é gaúcho de Unistalda,
Santiago. Seus pais são Roberto Antônio Angonese e Henrica Scalon
Angonese. Monsenhor José Mário recebeu formação institucional em
Filosofia e Teologia em Viamão (RS) e se especializou em Psicopedagogia.
Foi incardinado na Diocese de Santa Maria em 1988 e ordenado sacerdote,
por dom Ivo Lorscheiter, em 1989, na também cidade gaúcha de Nova
Esperança do Sul.
Como padre, Monsenhor José Mário
desempenhou as seguintes atividades: assistente no Seminário São José e
promotor vocacional de 1990 a 2002; diretor espiritual do mesmo
Seminário no período de 1991 a 1998. No ano de 1995, trabalhou por 6
meses na diocese de Cruz Alta (RS), como pároco da Paróquia da
Natividade, na cidade Ijuí. Tornou-se Reitor do Seminário São José em
1999 e permaneceu nesse serviço até 2001 quando foi nomeado pároco da
Paróquia Santíssima Trindade, em Nova Palma, até 2011 quando foi
transferido e tornou-se pároco da Paróquia da Ressurreição, em Santa
Maria.
Fonte: CNBB
domingo, 17 de fevereiro de 2013
Penúltima oração do Ângelus com o Papa Bento XVI
A Quaresma nos ensina que a fé em Deus é "o critério-base" da vida da Igreja. Foi o que afirmou o Santo Padre no Angelus
deste domingo, da janela de seus aposentos que dá para a Praça São
Pedro, o primeiro após o anúncio da sua renúncia ao ministério petrino.
Falando aos milhares de fiéis e peregrinos que o saudaram com afeto e comoção, Bento XVI ressaltou que, se estivermos unidos a Cristo, não devemos ter medo de combater o mal. Muitas faixas e cartazes levados pelos fiéis e peregrinos para a Praça São Pedro atestavam proximidade e gratidão ao Pontífice. Na saudação aos presentes Bento XVI agradeceu aos que estão rezando por ele, pela Igreja e pelo próximo Papa.
A Quaresma, iniciada com o Rito das Cinzas, é "tempo de conversão e penitência" que deve reorientar-nos "decididamente a Deus, renegando o orgulho e o egoísmo para viver no amor". O Santo Padre iniciou assim a sua meditação sobre o Evangelho dominical que narra as tentações de Jesus no deserto. E ressaltou que a Igreja, mãe e mestra, "convida todos os seus membros a se renovarem no espírito":
"Neste Ano da Fé a Quaresma é um tempo favorável para redescobrir a fé em Deus como critério-base da nossa vida e da vida da Igreja. Isso comporta sempre uma luta, um combate espiritual, porque o espírito do mal naturalmente se opõe à nossa santificação e busca fazer-nos desviar do caminho de Deus."
Em seguida, Bento XVI observou que Jesus é conduzido ao deserto para ser tentado pelo diabo no momento de "iniciar o seu ministério público". Portanto, não um momento casual:
"Jesus teve que desmascarar e repelir as falsas imagens de Messias que o tentador lhe propunha. Mas essas tentações são também falsas imagens do homem, que em todos os tempos insidiam a consciência, travestindo-se de propostas convenientes e eficazes, até mesmo boas."
Os evangelistas Mateus e Lucas, observou, apresentam as tentações diversificando-as por ordem, mas a sua natureza não muda:
"O núcleo central delas consiste sempre no instrumentalizar Deus em função dos próprios interesses, dando mais importância ao sucesso ou aos bens materiais. O tentador é astuto: não impele diretamente em direção ao mal, mas em direção a um falso bem, fazendo crer que as verdadeiras realidades são o poder e aquilo que satisfaz as necessidades primárias."
"Desse modo – acrescentou – Deus torna-se secundário, se reduz a um meio, definitivamente, torna-se irreal, não conta mais, desvanece":
"Nos momentos decisivos da vida, mas, olhando bem, em todos os momentos, encontramo-nos diante de uma bifurcação: queremos seguir o eu ou Deus? O interesse individual ou o verdadeiro Bem, aquilo que realmente é bem?"
As tentações, prosseguiu, fazem parte da "descida" de Jesus à nossa condição humana, "ao abismo do pecado e das suas conseqüências". Uma descida que Jesus fez até os "infernos do extremo distanciamento de Deus". Desse modo, afirmou, Jesus é, portanto, "a mão que Deus estendeu ao homem, à ovelha perdida para reconduzi-la a salvo":
"Portanto, também nós não temos medo de enfrentar o combate contra o espírito do mal: o importante é que o façamos com Ele, com Cristo, o Vencedor. E para estar com Ele dirigimo-nos à Mãe, Maria: invoquemos Nossa Senhora com confiança filial no momento da provação, e ela nos fará sentir a potente presença de seu Filho divino, para repelir as tentações com a Palavra de Cristo, e assim recolocar Deus no centro da nossa vida."
No momento das saudações em diversas línguas, Bento XVI agradeceu àqueles que estão rezando por ele e pela Igreja nestes dias, manifestando afeto e proximidade. Em espanhol, pediu que continuem rezando pelo próximo Papa. Em alemão, pediu aos fiéis que estejam próximos a ele e à Cúria Romana, sobretudo por ocasião desta semana de Exercícios espirituais. Por fim, fez uma calorosa saudação aos presentes de língua italiana, com um pensamento especial aos fiéis e cidadãos de Roma – dos quais é pastor qual Bispo de Roma:
"O brigado por virem tão numerosos! Também isso é um sinal do afeto e da proximidade espiritual que vocês estão me manifestando nestes dias. Saúdo, em particular, a administração de Roma Capital, conduzida pelo prefeito, e com ele saúdo e agradeço a todos os habitantes dessa amada Cidade de Roma."
Num twett, por volta das 12h30 deste domingo, o Pontífice reiterou que a "Quaresma é um tempo favorável para redescobrirmos a fé em Deus como base da nossa vida e da vida da Igreja."
O Santo Padre concedeu, a todos, a sua Bênção apostólica.
Fonte: Rádio Vaticano
Falando aos milhares de fiéis e peregrinos que o saudaram com afeto e comoção, Bento XVI ressaltou que, se estivermos unidos a Cristo, não devemos ter medo de combater o mal. Muitas faixas e cartazes levados pelos fiéis e peregrinos para a Praça São Pedro atestavam proximidade e gratidão ao Pontífice. Na saudação aos presentes Bento XVI agradeceu aos que estão rezando por ele, pela Igreja e pelo próximo Papa.
A Quaresma, iniciada com o Rito das Cinzas, é "tempo de conversão e penitência" que deve reorientar-nos "decididamente a Deus, renegando o orgulho e o egoísmo para viver no amor". O Santo Padre iniciou assim a sua meditação sobre o Evangelho dominical que narra as tentações de Jesus no deserto. E ressaltou que a Igreja, mãe e mestra, "convida todos os seus membros a se renovarem no espírito":
"Neste Ano da Fé a Quaresma é um tempo favorável para redescobrir a fé em Deus como critério-base da nossa vida e da vida da Igreja. Isso comporta sempre uma luta, um combate espiritual, porque o espírito do mal naturalmente se opõe à nossa santificação e busca fazer-nos desviar do caminho de Deus."
Em seguida, Bento XVI observou que Jesus é conduzido ao deserto para ser tentado pelo diabo no momento de "iniciar o seu ministério público". Portanto, não um momento casual:
"Jesus teve que desmascarar e repelir as falsas imagens de Messias que o tentador lhe propunha. Mas essas tentações são também falsas imagens do homem, que em todos os tempos insidiam a consciência, travestindo-se de propostas convenientes e eficazes, até mesmo boas."
Os evangelistas Mateus e Lucas, observou, apresentam as tentações diversificando-as por ordem, mas a sua natureza não muda:
"O núcleo central delas consiste sempre no instrumentalizar Deus em função dos próprios interesses, dando mais importância ao sucesso ou aos bens materiais. O tentador é astuto: não impele diretamente em direção ao mal, mas em direção a um falso bem, fazendo crer que as verdadeiras realidades são o poder e aquilo que satisfaz as necessidades primárias."
"Desse modo – acrescentou – Deus torna-se secundário, se reduz a um meio, definitivamente, torna-se irreal, não conta mais, desvanece":
"Nos momentos decisivos da vida, mas, olhando bem, em todos os momentos, encontramo-nos diante de uma bifurcação: queremos seguir o eu ou Deus? O interesse individual ou o verdadeiro Bem, aquilo que realmente é bem?"
As tentações, prosseguiu, fazem parte da "descida" de Jesus à nossa condição humana, "ao abismo do pecado e das suas conseqüências". Uma descida que Jesus fez até os "infernos do extremo distanciamento de Deus". Desse modo, afirmou, Jesus é, portanto, "a mão que Deus estendeu ao homem, à ovelha perdida para reconduzi-la a salvo":
"Portanto, também nós não temos medo de enfrentar o combate contra o espírito do mal: o importante é que o façamos com Ele, com Cristo, o Vencedor. E para estar com Ele dirigimo-nos à Mãe, Maria: invoquemos Nossa Senhora com confiança filial no momento da provação, e ela nos fará sentir a potente presença de seu Filho divino, para repelir as tentações com a Palavra de Cristo, e assim recolocar Deus no centro da nossa vida."
No momento das saudações em diversas línguas, Bento XVI agradeceu àqueles que estão rezando por ele e pela Igreja nestes dias, manifestando afeto e proximidade. Em espanhol, pediu que continuem rezando pelo próximo Papa. Em alemão, pediu aos fiéis que estejam próximos a ele e à Cúria Romana, sobretudo por ocasião desta semana de Exercícios espirituais. Por fim, fez uma calorosa saudação aos presentes de língua italiana, com um pensamento especial aos fiéis e cidadãos de Roma – dos quais é pastor qual Bispo de Roma:
"O brigado por virem tão numerosos! Também isso é um sinal do afeto e da proximidade espiritual que vocês estão me manifestando nestes dias. Saúdo, em particular, a administração de Roma Capital, conduzida pelo prefeito, e com ele saúdo e agradeço a todos os habitantes dessa amada Cidade de Roma."
Num twett, por volta das 12h30 deste domingo, o Pontífice reiterou que a "Quaresma é um tempo favorável para redescobrirmos a fé em Deus como base da nossa vida e da vida da Igreja."
O Santo Padre concedeu, a todos, a sua Bênção apostólica.
sábado, 16 de fevereiro de 2013
Reflexão para o I Domingo da Quaresma
Iniciamos
nosso tempo quaresmal com a reflexão sobre a gratidão a Deus pelos
frutos recebidos, expressada pela restituição ao Senhor, através de seus
pobres, das primícias dos frutos do trabalho. Essa atitude
reconhecedora de que tudo o que temos vem de Deus, reafirma nossa
absoluta dependência Dele.
No passado, as primícias eram entregues aos representantes de Deus: os levitas, os estrangeiros, os órfãos, as viúvas, enfim a todos aqueles que não possuíam terras, que eram socialmente pobres.
Não basta a profissão de fé, mas é imperiosa a solidariedade e a generosidade em favor dos necessitados. Reconheço a bondade de Deus, sua generosidade para comigo, partilhando com os pobres o que Dele recebi.
O Evangelho nos fala das tentações a que o ser humano é exposto. Lucas nos mostra Jesus, o Homem por excelência, vivenciando essas tentações e saindo imune dessas ações demoníacas.
A primeira tentação é em relação à comida, à subsistência. Todos precisamos nos alimentar para viver. Todavia Jesus passa um longo tempo sem se alimentar e, apesar da fome, não dá vazão aos apelos do próprio corpo para que se alimente e se mantém fiel a Deus.
Se tivesse usado seus poderes para saciar suas necessidades, teria sido um vencedor aos olhos do mundo, mas um derrotado aos olhos do Pai. Jesus rebate o Mal com um pequeno texto da Sagrada Escritura: “Não só de pão viverá o homem!”
Somente aquele que considera sua vida à luz da Palavra de Deus está em condições de atribuir às realidades terrenas seu exato valor!
A segunda tentação está voltada ao modo de nos relacionarmos com as pessoas. Somos levados a uma escolha entre dominar ou servir, competir ou solidarizar, explorar ou disponibilizar-se. O intelectual, o rico, o mais forte, todos esses podem se transformar em opressores daqueles que não tiveram oportunidades. O nde quer que se espezinhe a dignidade humana, aí entra a lógica do diabo. Para Jesus, grande não é o bem sucedido, aquele perante a quem o mundo se ajoelha, mas aquele que se ajoelha para lavar os pés do irmão mais pobre.
A terceira tentação, a que deturpa o relacionamento entre o homem e Deus. Satanás usa a palavra de Deus, o famoso “Está escrito ...” para desviar Jesus do caminho. Com isso o Mal corrói os fundamentos da relação com Deus. Colocar Deus à prova, incutir no ser humano a dúvida quanto à fidelidade do Senhor, fazer o homem desejar ter provas da existência e da bondade do Pai. Jesus se mantêm firme em toda e qualquer situação, inclusive no momento final da grande provação, a da agonia no horto e crucifixão.
Somos tentados cotidianamente e o seremos também no final de nossa vida, como foi o Mestre.
A segunda leitura nos alenta diante desses espinhos diários, Diz-nos o Apóstolo: “Se, pois, com tua boca confessares Jesus como Senhor e, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo!” As obras só têm valor em virtude da união com Cristo. É ele quem dá a dimensão transformadora dos bens materiais em espirituais.
Nossa relação com Deus é expressada em relacionamentos fraternos com os homens e no bom uso dos bens materiais. Se formos livres, já ressuscitados, a maturidade espiritual falará mais alto, mas se formos imaturos, escravos de nossos desejos, o egocentrismo ditará nossas escolhas.
Que esta quaresma , tempo de conversão, seja uma caminhada feliz, alegre que purifique e intensifique nosso relacionamento com Deus!
Fonte: Rádio Vaticano
No passado, as primícias eram entregues aos representantes de Deus: os levitas, os estrangeiros, os órfãos, as viúvas, enfim a todos aqueles que não possuíam terras, que eram socialmente pobres.
Não basta a profissão de fé, mas é imperiosa a solidariedade e a generosidade em favor dos necessitados. Reconheço a bondade de Deus, sua generosidade para comigo, partilhando com os pobres o que Dele recebi.
O Evangelho nos fala das tentações a que o ser humano é exposto. Lucas nos mostra Jesus, o Homem por excelência, vivenciando essas tentações e saindo imune dessas ações demoníacas.
A primeira tentação é em relação à comida, à subsistência. Todos precisamos nos alimentar para viver. Todavia Jesus passa um longo tempo sem se alimentar e, apesar da fome, não dá vazão aos apelos do próprio corpo para que se alimente e se mantém fiel a Deus.
Se tivesse usado seus poderes para saciar suas necessidades, teria sido um vencedor aos olhos do mundo, mas um derrotado aos olhos do Pai. Jesus rebate o Mal com um pequeno texto da Sagrada Escritura: “Não só de pão viverá o homem!”
Somente aquele que considera sua vida à luz da Palavra de Deus está em condições de atribuir às realidades terrenas seu exato valor!
A segunda tentação está voltada ao modo de nos relacionarmos com as pessoas. Somos levados a uma escolha entre dominar ou servir, competir ou solidarizar, explorar ou disponibilizar-se. O intelectual, o rico, o mais forte, todos esses podem se transformar em opressores daqueles que não tiveram oportunidades. O nde quer que se espezinhe a dignidade humana, aí entra a lógica do diabo. Para Jesus, grande não é o bem sucedido, aquele perante a quem o mundo se ajoelha, mas aquele que se ajoelha para lavar os pés do irmão mais pobre.
A terceira tentação, a que deturpa o relacionamento entre o homem e Deus. Satanás usa a palavra de Deus, o famoso “Está escrito ...” para desviar Jesus do caminho. Com isso o Mal corrói os fundamentos da relação com Deus. Colocar Deus à prova, incutir no ser humano a dúvida quanto à fidelidade do Senhor, fazer o homem desejar ter provas da existência e da bondade do Pai. Jesus se mantêm firme em toda e qualquer situação, inclusive no momento final da grande provação, a da agonia no horto e crucifixão.
Somos tentados cotidianamente e o seremos também no final de nossa vida, como foi o Mestre.
A segunda leitura nos alenta diante desses espinhos diários, Diz-nos o Apóstolo: “Se, pois, com tua boca confessares Jesus como Senhor e, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo!” As obras só têm valor em virtude da união com Cristo. É ele quem dá a dimensão transformadora dos bens materiais em espirituais.
Nossa relação com Deus é expressada em relacionamentos fraternos com os homens e no bom uso dos bens materiais. Se formos livres, já ressuscitados, a maturidade espiritual falará mais alto, mas se formos imaturos, escravos de nossos desejos, o egocentrismo ditará nossas escolhas.
Que esta quaresma , tempo de conversão, seja uma caminhada feliz, alegre que purifique e intensifique nosso relacionamento com Deus!
Fonte: Rádio Vaticano
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Imagens da Quarta-feira de Cinzas no Vaticano
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Procissão de entrada |
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Ritos Iniciais |
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Procissão penitencial |
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Kyrie Eleison |
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Bênção para o Evangelho |
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Imposição das cinzas |
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Oração Eucarística |
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Procissão para a comunhão |
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Agradecimentos do Card. Bertone |
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Papa Bento XVI |
Como todos sabem o Papa Bento XVI decidiu renunciar ao ministério petrino no próximo dia 28. Portanto, esta foi a última Missa em público celebrada pelo Papa. Tanto que no final da celebração o cardeal Tarcísio Bertone fez uma homenagem ao Papa, que foi seguida de uma calorosa salva de palmas. Pela frente, Bento XVI tem o Ângelus neste domingo e no próximo e a última audiência no dia 27 de fevereiro.
Homilia do Papa na Santa Missa da Quarta-feira de Cinzas
Venerados Irmãos,
Amados irmãos e irmãs!
Hoje, Quarta-feira de Cinzas, começamos um novo caminho quaresmal, um caminho que se estende por quarenta dias e nos conduz à alegria da Páscoa do Senhor, à vitória da Vida sobre a morte. Seguindo a tradição romana, muito antiga, das stationes quaresmais, reunimo-nos hoje para a Celebração da Eucaristia. A referida tradição prevê que a primeira statio tenha lugar na Basílica de Santa Sabina na colina do Aventino. Mas as circunstâncias sugeriram que nos reuníssemos na Basílica Vaticana, atendendo ao elevado número da nossa assembleia que, nesta tarde, se juntou ao redor do Túmulo do Apóstolo Pedro inclusive para pedir a sua intercessão em favor do caminho da Igreja neste momento particular, renovando a nossa fé no Supremo Pastor, Cristo Senhor. Para mim, constitui uma ocasião propícia para agradecer a todos, especialmente aos fiéis da diocese de Roma, no momento em que estou para concluir o meu ministério petrino, e pedir uma especial lembrança na oração.
As Leituras proclamadas oferecem-nos sugestões que somos chamados a fazê-las tornar-se, com a graça de Deus, atitudes e comportamentos concretos nesta Quaresma. A Igreja propõe-nos, em primeiro lugar, o forte apelo que o profeta Joel dirige ao povo de Israel: «Mas agora diz o Senhor, convertei-vos a mim de todo o coração com jejuns, com lágrimas, com gemidos» (2, 12). Começo por sublinhar a expressão «de todo o coração», que significa a partir do centro dos nossos pensamentos e sentimentos, a partir das raízes das nossas decisões, escolhas e acções, com um gesto de liberdade total e radical. Mas, este regresso a Deus é possível? Sim, porque há uma força que não habita no nosso coração, mas emana do próprio coração de Deus. É a força da sua misericórdia. Continua o profeta: «Convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque Ele é clemente e compassivo, paciente e rico em misericórdia» (v. 13). A conversão ao Senhor é possível como «graça», já que é obra de Deus e fruto da fé que depomos na sua misericórdia. Esta conversão a Deus só se torna realidade concreta na nossa vida, quando a graça do Senhor penetra no nosso íntimo e o abala, dando-nos a força para «rasgar o coração». O mesmo profeta faz ressoar, da parte de Deus, estas palavras: «Rasgai os vossos corações e não as vossas vestes» (v. 13). Com efeito, também nos nossos dias, muitos estão prontos a «rasgarem as vestes» diante de escândalos e injustiças – naturalmente cometidos por outros – mas poucos parecem dispostos a actuar sobre o seu «coração», a sua consciência e as próprias intenções, deixando que o Senhor transforme, renove e converta.
Além disso, este «convertei-vos a mim de todo o coração» é um apelo que envolve não só o indivíduo, mas também a comunidade. Na primeira Leitura, ouvimos também dizer: «Tocai a trombeta em Sião, ordenai um jejum, proclamai uma reunião sagrada. Reuni o povo, convocai a assembleia, juntai os anciãos, congregai os pequeninos e os meninos peito. Saia o esposo dos seus aposentos e a esposa do seu leito nupcial» (vv. 15-16). A dimensão comunitária é um elemento essencial na fé e na vida cristã. Cristo veio «para congregar na unidade os filhos de Deus que estavam dispersos» (Jo 11, 52). O «nós» da Igreja é a comunidade na qual Jesus nos congrega na unidade (cf. Jo 12, 32): a fé é necessariamente eclesial. É importante recordar isto e vivê-lo neste Tempo da Quaresma: cada qual esteja consciente de que não empreende o caminho penitencial sozinho, mas juntamente com muitos irmãos e irmãs, na Igreja.
Por fim, o profeta detém-se na oração dos sacerdotes, os quais, com as lágrimas nos olhos, se dirigem a Deus, dizendo: «Não transformes em ignomínia a tua herança, para que ela não se torne o escárnio dos povos! Porque diriam: “Onde está o seu Deus?”» (v. 17). Esta oração faz-nos reflectir sobre a importância que tem o testemunho de fé e de vida cristã de cada um de nós e das nossas comunidades para manifestar o rosto da Igreja; rosto este que, às vezes, fica deturpado. Penso de modo particular nas culpas contra a unidade da Igreja, nas divisões no corpo eclesial. Viver a Quaresma numa comunhão eclesial mais intensa e palpável, superando individualismos e rivalidades, é um sinal humilde e precioso para aqueles que estão longe da fé ou são indiferentes.
«Agora é o momento favorável, agora é o dia da salvação» (2 Cor 6, 2). A urgência com que estas palavras do apóstolo Paulo aos cristãos de Corinto ressoam também para nós é tal que não admite escapatória ou inércia. A repetição do termo «agora» significa que este momento não pode ser desperdiçado, é-nos oferecido como uma ocasião única e irrepetível. E o olhar do Apóstolo concentra-se sobre Cristo cuja vida se caracteriza pela partilha, tendo Ele assumido tudo o que era humano até ao ponto de carregar sobre Si o próprio pecado dos homens. A frase de São Paulo é muito forte: «Deus o fez pecado por nós». Jesus, o inocente, o Santo, «Aquele que não havia conhecido o pecado» (2 Cor 5, 21), carrega o peso do pecado partilhando com a humanidade o seu resultado: a morte, e morte de cruz. A reconciliação que nos é oferecida teve um preço altíssimo: a cruz erguida no Gólgota, na qual esteve pendurado o Filho de Deus feito homem. Nesta imersão de Deus no sofrimento humano e no abismo do mal, está a raiz da nossa justificação. O «converter-se a Deus de todo o coração» no nosso caminho quaresmal passa através da Cruz, do seguir Cristo pela estrada que conduz ao Calvário, ao dom total de si mesmo. É um caminho onde devemos aprender dia a dia a sair cada vez mais do nosso egoísmo e mesquinhez para dar espaço a Deus que abre e transforma o coração. E São Paulo lembra que o anúncio da Cruz ressoa para nós mediante a pregação da Palavra, da qual o próprio Apóstolo é embaixador; trata-se de um apelo que nos é dirigido para fazermos com que este caminho quaresmal se caracterize por uma escuta mais atenta e assídua da Palavra de Deus, luz que ilumina os nossos passos.
Na página do Evangelho de Mateus, que pertence ao chamado Sermão da Montanha, Jesus faz referência a três práticas fundamentais previstas pela Lei mosaica: a esmola, a oração e o jejum; mas são também indicações tradicionais, no caminho quaresmal, para responder ao convite de «converter-se a Deus de todo o coração». Mas Jesus põe em evidência aquilo que qualifica a autenticidade de cada gesto religioso, dizendo que é a qualidade e a verdade do relacionamento com Deus. Por isso, denuncia a hipocrisia religiosa, o comportamento que quer dar nas vistas, as atitudes que buscam o aplauso e a aprovação. O verdadeiro discípulo não procura servir-se a si mesmo ou ao «público», mas ao seu Senhor com simplicidade e generosidade: «E teu Pai, que vê o oculto, há-de recompensar-te» (Mt 6, 4.6.18). Então o nosso testemunho será tanto mais incisivo quanto menos procurarmos a nossa glória, cientes de que a recompensa do justo é o próprio Deus, permanecer unido a Ele, aqui nesta terra, no caminho da fé e, no fim vida, na paz e na luz do encontro face a face com Ele para sempre (cf. 1 Cor 13, 12).
Amados irmãos e irmãs, confiantes e alegres comecemos o itinerário quaresmal. Ressoe em nós intensamente o convite à conversão, a «converter-se a Deus de todo o coração», acolhendo a sua graça que faz de nós homens novos, e de uma novidade maravilhosa que é a participação na própria vida de Jesus. Que nenhum de nós fique surdo a este apelo, que nos é dirigido nomeadamente com o rito austero – tão simples e ao mesmo tempo tão sugestivo – da imposição das cinzas, que dentro em breve realizaremos. Acompanha-nos neste tempo a Virgem Maria, Mãe da Igreja e modelo de todo o verdadeiro discípulo do Senhor. Amen!
Fonte: Santa Sé
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Reflexão para a Quarta-feira de Cinzas
Iniciamos hoje, com o rito da imposição de cinzas, o tempo quaresmal.
Como sempre, será um tempo propício para reconduzirmos nossa vida à entrega total, absoluta, prometida em nosso batismo, quando dissemos sim ao sim que o Senhor Jesus nos disse na cruz.
Penitência, esmola, jejum e oração são meios que nos levam a essa purificação de nossa vida.
Todos são modos de sairmos de nós, de fazermos um êxodo de nosso egocentrismo e nos colocarmos na Escola de Jesus, aquela da doação, da entrega sem reservas ao Pai e ao irmão.
Neste ano a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB nos propõe como tema de reflexão “Fraternidade e Juventude”, com o lema “Eis-me aqui, envia-me!” Isso nos sugere uma total abertura a Deus, aos seus desígnios, à sua vontade. “Envia-me!” Supõe disponibilidade, abertura, entrega da condução de nossa vida ao Senhor. Essas palavras são de grande humildade, pois não escolho a missão; tenho consciência de meus limites, por isso abro-me ao Senhor. Ele sabe melhor que eu onde darei mais frutos, onde servirei melhor ao Pai e aos irmãos.
Também a Quaresma deste ano, marcada pelo gesto de profunda e autêntica liberdade do Papa Bento XVI, nos abre espaço para nos questionarmos sobre nossos apegos e liberdade. O Papa Ratzinger deu provas de não estar apegado à missão de conduzir a Igreja, mas de amá-la de um modo muito profundo. Ele soube conduzi-la, magistralmente, durante oito anos, mas refletindo em oração sobre o ajustamento de sua saúde e vigor às exigências do cargo, resolveu renunciar, deixar a condução de sua tão amada Igreja para outro que a poderá fazer com mais adequação.
Que tenhamos a coragem de rever nossos posicionamentos, nossos apegos – seja à família, ao cargo que exercemos, à profissão que desempenhamos, àquilo que nos prende o coração e nos tira do sério quando sentimos perder o controle. Nada é absoluto. Só Deus é Absoluto. Nenhum serviço é absoluto, só o servir ao Senhor é absoluto.
Que esta quaresma nos proporcione a graça de revermos nossa vida, de termos total abertura e disponibilidade para dizermos: “Eis-me qui, envia-me!”
Fonte: Rádio Vaticano
Como sempre, será um tempo propício para reconduzirmos nossa vida à entrega total, absoluta, prometida em nosso batismo, quando dissemos sim ao sim que o Senhor Jesus nos disse na cruz.
Penitência, esmola, jejum e oração são meios que nos levam a essa purificação de nossa vida.
Todos são modos de sairmos de nós, de fazermos um êxodo de nosso egocentrismo e nos colocarmos na Escola de Jesus, aquela da doação, da entrega sem reservas ao Pai e ao irmão.
Neste ano a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB nos propõe como tema de reflexão “Fraternidade e Juventude”, com o lema “Eis-me aqui, envia-me!” Isso nos sugere uma total abertura a Deus, aos seus desígnios, à sua vontade. “Envia-me!” Supõe disponibilidade, abertura, entrega da condução de nossa vida ao Senhor. Essas palavras são de grande humildade, pois não escolho a missão; tenho consciência de meus limites, por isso abro-me ao Senhor. Ele sabe melhor que eu onde darei mais frutos, onde servirei melhor ao Pai e aos irmãos.
Também a Quaresma deste ano, marcada pelo gesto de profunda e autêntica liberdade do Papa Bento XVI, nos abre espaço para nos questionarmos sobre nossos apegos e liberdade. O Papa Ratzinger deu provas de não estar apegado à missão de conduzir a Igreja, mas de amá-la de um modo muito profundo. Ele soube conduzi-la, magistralmente, durante oito anos, mas refletindo em oração sobre o ajustamento de sua saúde e vigor às exigências do cargo, resolveu renunciar, deixar a condução de sua tão amada Igreja para outro que a poderá fazer com mais adequação.
Que tenhamos a coragem de rever nossos posicionamentos, nossos apegos – seja à família, ao cargo que exercemos, à profissão que desempenhamos, àquilo que nos prende o coração e nos tira do sério quando sentimos perder o controle. Nada é absoluto. Só Deus é Absoluto. Nenhum serviço é absoluto, só o servir ao Senhor é absoluto.
Que esta quaresma nos proporcione a graça de revermos nossa vida, de termos total abertura e disponibilidade para dizermos: “Eis-me qui, envia-me!”
Fonte: Rádio Vaticano
Aniversário de Ordenação
Caros leitores, nesta quarta-feira de cinzas celebramos também os nove anos de ordenação presbiteral do Pe. Jonacir F. Alessi, nosso amado pároco. Agradecemos a Deus por o ter escolhido e deixar fazermos parte de sua missão aqui na Paróquia de São Lucas e Nossa Senhora do Carmo. Que Deus o abençoe e a Virgem do Carmo o proteja sempre!
AD MULTOS ANNOS!
AD MULTOS ANNOS!
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
Mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma
Crer na caridade suscita caridade
«Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos
nele» (1 Jo 4, 16)
Queridos irmãos e irmãs!
A celebração da Quaresma, no contexto do Ano da fé,
proporciona-nos uma preciosa ocasião para meditar sobre a relação entre fé e
caridade: entre o crer em Deus, no Deus de Jesus Cristo, e o amor, que é fruto
da acção do Espírito Santo e nos guia por um caminho de dedicação a Deus e aos
outros.
1. A fé como resposta ao amor de Deus
Na minha primeira Encíclica, deixei já alguns
elementos que permitem individuar a estreita ligação entre estas duas virtudes
teologais: a fé e a caridade. Partindo duma afirmação fundamental do apóstolo
João: «Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele» (1 Jo 4, 16),
recordava que, «no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma
grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida
um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. (...) Dado que Deus foi o
primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um
“mandamento”, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso
encontro» (Deus caritas est, 1). A fé constitui aquela adesão pessoal - que
engloba todas as nossas faculdades - à revelação do amor gratuito e
«apaixonado» que Deus tem por nós e que se manifesta plenamente em Jesus
Cristo. O encontro com Deus Amor envolve não só o coração, mas também o intelecto:
«O reconhecimento do Deus vivo é um caminho para o amor, e o sim da nossa
vontade à d’Ele une intelecto, vontade e sentimento no acto globalizante do
amor. Mas isto é um processo que permanece continuamente a caminho: o amor
nunca está "concluído" e completado» (ibid., 17). Daqui deriva, para
todos os cristãos e em particular para os «agentes da caridade», a necessidade
da fé, daquele «encontro com Deus em Cristo que suscite neles o amor e abra o
seu íntimo ao outro, de tal modo que, para eles, o amor do próximo já não seja
um mandamento por assim dizer imposto de fora, mas uma consequência resultante
da sua fé que se torna operativa pelo amor» (ibid., 31). O cristão é uma pessoa
conquistada pelo amor de Cristo e, movido por este amor - «caritas Christi
urget nos» (2 Cor 5, 14) - , está aberto de modo profundo e concreto ao amor do
próximo (cf. ibid., 33). Esta atitude nasce, antes de tudo, da consciência de
ser amados, perdoados e mesmo servidos pelo Senhor, que Se inclina para lavar
os pés dos Apóstolos e Se oferece a Si mesmo na cruz para atrair a humanidade
ao amor de Deus.
«A fé mostra-nos o Deus que entregou o seu Filho por
nós e assim gera em nós a certeza vitoriosa de que isto é mesmo verdade: Deus é
amor! (...) A fé, que toma consciência do amor de Deus revelado no coração
trespassado de Jesus na cruz, suscita por sua vez o amor. Aquele amor divino é
a luz – fundamentalmente, a única - que ilumina incessantemente um mundo às
escuras e nos dá a coragem de viver e agir» (ibid., 39). Tudo isto nos faz
compreender como o procedimento principal que distingue os cristãos é
precisamente «o amor fundado sobre a fé e por ela plasmado» (ibid., 7).
2. A caridade como vida na fé
Toda a vida cristã consiste em responder ao amor de
Deus. A primeira resposta é precisamente a fé como acolhimento, cheio de
admiração e gratidão, de uma iniciativa divina inaudita que nos precede e
solicita; e o «sim» da fé assinala o início de uma luminosa história de amizade
com o Senhor, que enche e dá sentido pleno a toda a nossa vida. Mas Deus não se
contenta com o nosso acolhimento do seu amor gratuito; não Se limita a
amar-nos, mas quer atrair-nos a Si, transformar-nos de modo tão profundo que
nos leve a dizer, como São Paulo: Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim
(cf. Gl 2, 20).
Quando damos espaço ao amor de Deus, tornamo-nos
semelhantes a Ele, participantes da sua própria caridade. Abrirmo-nos ao seu
amor significa deixar que Ele viva em nós e nos leve a amar com Ele, n'Ele e
como Ele; só então a nossa fé se torna verdadeiramente uma «fé que actua pelo
amor» (Gl 5, 6) e Ele vem habitar em nós (cf. 1 Jo 4, 12).
A fé é conhecer a verdade e aderir a ela (cf. 1 Tm
2, 4); a caridade é «caminhar» na verdade (cf. Ef 4, 15). Pela fé, entra-se na
amizade com o Senhor; pela caridade, vive-se e cultiva-se esta amizade (cf. Jo
15, 14-15). A fé faz-nos acolher o mandamento do nosso Mestre e Senhor; a
caridade dá-nos a felicidade de pô-lo em prática (cf. Jo 13, 13-17). Na fé,
somos gerados como filhos de Deus (cf. Jo 1, 12-13); a caridade faz-nos
perseverar na filiação divina de modo concreto, produzindo o fruto do Espírito
Santo (cf. Gl 5, 22). A fé faz-nos reconhecer os dons que o Deus bom e generoso
nos confia; a caridade fá-los frutificar (cf. Mt 25, 14-30).
3. O entrelaçamento indissolúvel de fé e caridade
À luz de quanto foi dito, torna-se claro que nunca
podemos separar e menos ainda contrapor fé e caridade. Estas duas virtudes
teologais estão intimamente unidas, e seria errado ver entre elas um contraste
ou uma «dialéctica». Na realidade, se, por um lado, é redutiva a posição de
quem acentua de tal maneira o carácter prioritário e decisivo da fé que acaba
por subestimar ou quase desprezar as obras concretas da caridade reduzindo-a a
um genérico humanitarismo, por outro é igualmente redutivo defender uma
exagerada supremacia da caridade e sua operatividade, pensando que as obras
substituem a fé. Para uma vida espiritual sã, é necessário evitar tanto o
fideísmo como o activismo moralista.
A existência cristã consiste num contínuo subir ao
monte do encontro com Deus e depois voltar a descer, trazendo o amor e a força
que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de
Deus. Na Sagrada Escritura, vemos como o zelo dos Apóstolos pelo anúncio do Evangelho,
que suscita a fé, está estreitamente ligado com a amorosa solicitude pelo
serviço dos pobres (cf. At 6, 1-4). Na Igreja, devem coexistir e integrar-se
contemplação e acção, de certa forma simbolizadas nas figuras evangélicas das
irmãs Maria e Marta (cf. Lc 10, 38-42). A prioridade cabe sempre à relação com
Deus, e a verdadeira partilha evangélica deve radicar-se na fé (cf. Catequese
na Audiência geral de 25 de Abril de 2012). De facto, por vezes tende-se a
circunscrever a palavra «caridade» à solidariedade ou à mera ajuda humanitária;
é importante recordar, ao invés, que a maior obra de caridade é precisamente a
evangelização, ou seja, o «serviço da Palavra». Não há acção mais benéfica e,
por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir-lhe o pão da Palavra
de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no
relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais alta e integral da
pessoa humana. Como escreveu o Servo de Deus Papa Paulo VI, na Encíclica
Populorum progressio, o anúncio de Cristo é o primeiro e principal factor de
desenvolvimento (cf. n. 16). A verdade primordial do amor de Deus por nós,
vivida e anunciada, é que abre a nossa existência ao acolhimento deste amor e
torna possível o desenvolvimento integral da humanidade e de cada homem (cf.
Enc. Caritas in veritate, 8).
Essencialmente, tudo parte do Amor e tende para o
Amor. O amor gratuito de Deus é-nos dado a conhecer por meio do anúncio do
Evangelho. Se o acolhermos com fé, recebemos aquele primeiro e indispensável
contacto com o divino que é capaz de nos fazer «enamorar do Amor», para depois
habitar e crescer neste Amor e comunicá-lo com alegria aos outros.
A propósito da relação entre fé e obras de caridade,
há um texto na Carta de São Paulo aos Efésios que a resume talvez do melhor
modo: «É pela graça que estais salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós; é
dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque nós fomos
feitos por Ele, criados em Cristo Jesus, para vivermos na prática das boas
acções que Deus de antemão preparou para nelas caminharmos» (2, 8-10). Daqui se
deduz que toda a iniciativa salvífica vem de Deus, da sua graça, do seu perdão
acolhido na fé; mas tal iniciativa, longe de limitar a nossa liberdade e
responsabilidade, torna-as mais autênticas e orienta-as para as obras da
caridade. Estas não são fruto principalmente do esforço humano, de que
vangloriar-se, mas nascem da própria fé, brotam da graça que Deus oferece em
abundância. Uma fé sem obras é como uma árvore sem frutos: estas duas virtudes
implicam-se mutuamente. A Quaresma, com as indicações que dá tradicionalmente
para a vida cristã, convida-nos precisamente a alimentar a fé com uma escuta
mais atenta e prolongada da Palavra de Deus e a participação nos Sacramentos e,
ao mesmo tempo, a crescer na caridade, no amor a Deus e ao próximo,
nomeadamente através do jejum, da penitência e da esmola.
4. Prioridade da fé, primazia da caridade
Como todo o dom de Deus, a fé e a caridade remetem
para a acção do mesmo e único Espírito Santo (cf. 1 Cor 13), aquele Espírito
que em nós clama:«Abbá! – Pai!» (Gl 4, 6), e que nos faz dizer: «Jesus é
Senhor!» (1 Cor 12, 3) e «Maranatha! – Vem, Senhor!» (1 Cor 16, 22; Ap 22, 20).
Enquanto dom e resposta, a fé faz-nos conhecer a verdade
de Cristo como Amor encarnado e crucificado, adesão plena e perfeita à vontade
do Pai e infinita misericórdia divina para com o próximo; a fé radica no
coração e na mente a firme convicção de que precisamente este Amor é a única
realidade vitoriosa sobre o mal e a morte. A fé convida-nos a olhar o futuro
com a virtude da esperança, na expectativa confiante de que a vitória do amor
de Cristo chegue à sua plenitude. Por sua vez, a caridade faz-nos entrar no
amor de Deus manifestado em Cristo, faz-nos aderir de modo pessoal e
existencial à doação total e sem reservas de Jesus ao Pai e aos irmãos.
Infundindo em nós a caridade, o Espírito Santo torna-nos participantes da
dedicação própria de Jesus: filial em relação a Deus e fraterna em relação a
cada ser humano (cf. Rm 5, 5).
A relação entre estas duas virtudes é análoga à que
existe entre dois sacramentos fundamentais da Igreja: o Baptismo e a
Eucaristia. O Baptismo (sacramentum fidei) precede a Eucaristia (sacramentum
caritatis), mas está orientado para ela, que constitui a plenitude do caminho
cristão. De maneira análoga, a fé precede a caridade, mas só se revela genuína
se for coroada por ela. Tudo inicia do acolhimento humilde da fé («saber-se
amado por Deus»), mas deve chegar à verdade da caridade («saber amar a Deus e
ao próximo»), que permanece para sempre, como coroamento de todas as virtudes
(cf. 1 Cor 13, 13).
Caríssimos irmãos e irmãs, neste tempo de Quaresma,
em que nos preparamos para celebrar o evento da Cruz e da Ressurreição, no qual
o Amor de Deus redimiu o mundo e iluminou a história, desejo a todos vós que
vivais este tempo precioso reavivando a fé em Jesus Cristo, para entrar no seu
próprio circuito de amor ao Pai e a cada irmão e irmã que encontramos na nossa
vida. Por isto elevo a minha oração a Deus, enquanto invoco sobre cada um e
sobre cada comunidade a Bênção do Senhor!
Vaticano, 15 de Outubro de 2012
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