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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Memória de São Gregório Magno

 Caros leitores, celebramos hoje a memória de São Gregório Magno. Para saber mais sobre sua vida, acesse a página intitulada Santo da Semana. Hoje, publicamos a segunda leitura do ofício das leituras, sobre uma homilia de São Gregório acerca do livro de Ezequiel.

Das Homilias sobre Ezequiel, de São Gregório Magno, papa

(Lib. 1,11,4-6: CCL142,170-172)

(Séc.VI)

Por amor de Cristo, me consagro totalmente à sua palavra
Filho do homem, eu te coloquei como sentinela da casa de Israel (Ez 3,16). É de se
notar que o Senhor chama de sentinela aquele a quem envia a pregar. A sentinela, de
fato, está sempre no alto para enxergar de longe quem vem. E quem quer que seja
sentinela do povo deve manter-se no alto por sua vida, para ser útil por sua providência.

Como é duro para mim isto que digo! Ao falar, firo-me a mim mesmo, pois minha
língua não mantém, como seria justo, a pregação e, mesmo que consiga mantê-la, a vida
não concorda com a língua.

Eu não nego ser culpado, conheço minha inércia e negligência. Talvez haja diante do
juiz bondoso um pedido de perdão no reconhecimento da culpa. Na verdade, quando no
mosteiro podia não só reter a língua de palavras ociosas, mas quase continuamente
manter o espírito atento à oração. Mas depois que pus aos ombros do coração o cargo
pastoral, meu espírito não consegue recolher-se sempre, porque está dividido entre
muitas coisas.

Sou obrigado a decidir ora questões das Igrejas, ora dos mosteiros; com freqüência
ponderar a vida e as ações de outrem; ora auxiliar em certos negócios dos cidadãos, ora
gemer sob as espadas dos bárbaros invasores e temer os lobos que rondam o rebanho
sob minha guarda. Por vezes, devo encarregar-me da administração, para que não venha
a faltar o necessário aos submetidos à disciplina da regra. Às vezes devo tolerar com
igualdade de ânimo certos ladrões, ora opor-me a eles pelo desejo de conservar a
caridade.
Estando assim dispersa e dilacerada a mente, quando voltará a recolher-se toda na
pregação, e não se afastar do ministério da proclamação da Palavra? Por obrigação do
cargo, muitas vezes tenho de encontrar-me com seculares; por isso sempre relaxo a
guarda da língua. Pois se constantemente me mantenho sob o rigor de minha censura,
sei que sou evitado pelos mais fracos e nunca os atraio para onde desejo. Por esta razão,
muitas vezes tenho de ouvi-los pacientemente em questões ociosas. Mas, sendo eu
mesmo fraco, arrastado aos poucos pelas palavras vãs, começo a dizer sem dificuldade
aquilo que a princípio tinha ouvido com má vontade; e ali onde me aborrecia cair,
agrada-me permanecer.

Que, pois, ou que espécie de sentinela sou eu, que não estou de pé no monte da ação,
mas ainda deitado no vale da fraqueza? Poderoso é, porém, o criador e redentor do
gênero humano para conceder-me, a mim, indigno, a elevação da vida e a eficácia da
palavra. Por seu amor, me consagro totalmente à sua palavra.

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