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sábado, 17 de maio de 2014

Comemoramos hoje os 22 anos da beatificação de São Josemaria Escrivá

Nesta sábado, dia 17 de maio, comemoramos os 22 anos da beatificação de São Josemaria Escrivá, um dos grandes santos do século XX. O Fundador do Opus Dei foi chamado por São João Paulo II como o "Santo do Cotidiano", pois sempre ensinou a nos santificar pelas pequenas ações do dia-dia.
Para comemorar esta data, publicamos a homilia de São João Paulo II na cerimônia de beatificação.

No mesmo dia foi também beatificada Santa Josefina Bakhita.

necessário passar por muitas tribulações para entrar no Reino de Deus" (Act 14, 22).
Aos dois discípulos que percorriam a estrada para Emaús, Jesus disse-lhes: "Não era necessário que o Messias padecesse tudo isto para entrar na sua glória?" (Lc 24, 26).
Na primeira Leitura, por outro lado, fez-se ouvir a voz dos Apóstolos Paulo e Barnabé, que "confortam e exortam os seus discípulos a permanecer na fé" (cfr. Act 14, 22). Eles anunciavam a mesma verdade de que tinha falado Cristo no caminho para Emaús; uma verdade confirmada com a sua vida e com a sua morte. "É necessário passar por muitas tribulações para entrar no Reino de Deus".
Através de muitas gerações, ao longo dos séculos, os discípulos de Cristo crucificado e ressuscitado escolhem o mesmo caminho, o caminho que Ele lhes tinha indicado.
"Dei-vos o exemplo" (Jo 13, 15).

Hoje oferece-se-nos a ocasião de fixar uma vez mais o nosso olhar nesta via de salvação - o caminho para a santidade - detendo-nos por um instante sobre as figuras de duas pessoas que, daqui por diante chamaremos "Beatos": Josemaria Escrivá de Balaguer, sacerdote, Fundador do Opus Dei e Josefina Bakhita, Filha da Caridade, canossiana.
A Igreja deseja servir e professar toda a verdade sobre Cristo: ela deseja ser dispenseira de todo o mistério do seu Redentor: se o caminho para o Reino de Deus, passa através de muitas tribulações, então no seu termo se encontrará também a participação na glória: aquela glória que Cristo nos revelou na sua Ressurreição.
A medida de semelhante glória é dada pela nova Jerusalém anunciada pelas palavras inspiradas do Apocalipse de São João: "Eis a morada de Deus com os homens! Ele habitará com eles, eles serão o Seu povo, e Ele será "Deus com eles"" (Apoc 21, 3).
"Eis que renovo todas as coisas" (Apoc 21, 5), diz o Senhor glorioso. O caminho para aquela "novidade" definitiva de todas as coisas passa, aqui na terra, pelo "mandamento novo": "Que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei" (Jo 13, 34). Este mandamento novo ocupou o centro da vida de dois filhos exemplares da Igreja que hoje, na alegria pascal, são proclamados Beatos.

Josemaria Escrivá de Balaguer, nasceu numa família profundamente cristã, já na adolescência percebeu a chamada de Deus a uma vida de maior entrega. Poucos anos depois de ser ordenado sacerdote, iniciou a missão fundacional a que dedicaria 47 anos de amorosa e infatigável solicitude em favor dos sacerdotes e leigos do que é hoje a Prelatura do Opus Dei.
A vida espiritual e apostólica do novo Beato esteve fundamentada em saber-se, pela fé, filho de Deus em Cristo. Dessa fé se alimentava o seu amor ao Senhor, o seu ímpeto evangelizador, a sua alegria constante, mesmo nas grandes provas e dificuldades que teve de suportar. "Ter a cruz é encontrar a felicidade, a alegria, - diz-nos numa das suas meditações -; ter a cruz é identificar-se com Cristo, é ser Cristo e, por isso, ser filho de Deus".
Com sobrenatural intuição, o Beato Josemaria pregou incansavelmente o chamamento universal à santidade e ao apostolado. Cristo convoca todos a santificar-se na realidade da vida quotidiana; por isso o trabalho é também meio de santificação pessoal e de apostolado quando se vive em união com Jesus Cristo, pois o Filho de Deus, ao encarnar, se uniu de certo modo a toda a realidade do homem e a toda a criação (cfr. Dominum et vivificantem, 50). Numa sociedade em que o afã desenfreado de possuir coisas materiais, as converte num ídolo e motivo de afastamento de Deus, o novo Beato recorda-nos que essas realidades, criaturas de Deus e do engenho humano, se se usam rectamente para Glória do Criador e ao serviço dos irmãos, podem ser caminho para o encontro dos homens com Cristo. "Todas as coisas da terra - ensinava -, também as actividades terrenas e temporais dos homens, têm de ser levadas a Deus" (Carta, 19-III-1954).
"Bendirei para sempre o Teu nome, meu Deus e meu Rei". Esta aclamação que fizemos no Salmo responsorial é como o compêndio da vida espiritual do Beato Josemaria. O seu grande amor a Cristo, por quem se sente fascinado, leva-o a consagrar-se para sempre a Ele, e a participar no mistério da sua paixão e ressurreição. Ao mesmo tempo, o seu amor filial à Virgem Maria, leva-o a imitar as suas virtudes. "Bendirei o Teu nome para todo o sempre": eis o hino que brotava espontâneamente da sua alma e que o impelia a oferecer a Deus tudo aquilo que era seu e quanto o rodeava. De facto, a sua vida reveste-se de humanismo cristão com o selo inconfundível da bondade, da mansidão de coração, o sofrimento escondido com que Deus purifica e santifica os seus eleitos.

A actualidade e transcendência desta mensagem espiritual, profundamente enraizada no Evangelho, são evidentes como o mostra também a fecundidade com que Deus abençoou a vida e obra de Josemaria Escrivá. A sua terra natal, Espanha, honra-se com este seu filho, sacerdote exemplar, que soube abrir novos horizontes apostólicos à acção missionária e evangelizadora. Que esta gozosa celebração seja ocasião propícia que encoraje todos os membros do Opus Dei a uma maior entrega, na sua resposta ao chamamento à santificação e a uma mais generosa participação na vida eclesial, sendo sempre testemunhas dos genuínos valores evangélicos, o que se deverá traduzir num entusiástico dinamismo apostólico, com particular atenção para os pobres e necessitados.

Também na Beata Josefina Bakhita encontramos uma testemunha eminente do amor paternal de Deus e um sinal esplendoroso da perene actualidade das Bem-aventuranças. Nascida no Sudão, em 1869, raptada por negreiros, quando criança, e várias vezes vendida nos mercados africanos, conheceu as atrocidades de uma escravidão, que lhe deixou no corpo profundos sinais da crueldade humana.
Apesar destas experiências de dor, a sua inocência permaneceu íntegra, rica de esperança. "Como escrava nunca me desesperei - dizia - porque sentia dentro de mim uma força misteriosa que me amparava". O nome Bakhita - como lhe tinham chamado os seus raptores - significa Afortunada e tal, de facto, se tornou, graças ao Deus de toda a consolação, que a segurava sempre pela mão e caminhava ao lado dela.
Chegada a Veneza, pelas vias misteriosas da Divina Providência, Bakhita bem depressa se abria à graça. O baptismo e, depois de alguns anos, a profissão religiosa entre as Irmãs Canossianas, que a tinham acolhido e instruído, foram as consequências lógicas da descoberta do tesouro evangélico, pelo qual sacrificou tudo, também o seu retorno, sendo livre, à terra natal. Como Madalena de Canossa, também ela queria viver só para Deus, e com constância heróica encaminhou-se, humilde e confiante, pela via da fidelidade ao maior amor. A sua fé era sólida, límpida, ardente. "Se soubésseis que grande alegria é conhecer Deus", costumava repetir.

A nova Beata passou 51 anos de vida religiosa canossiana, deixando-se guiar pela obediência num empenho quotidiano, humilde e escondido, mas rico de genuína caridade e de oração. Os habitantes de Schio, onde residiu durante quase o tempo todo, bem cedo descobriram na sua "Mãe Morena" - chamavam-lhe assim - uma humanidade rica no dom, uma força interior não comum que atraía. A sua vida consumiu-se numa incessante oração de anseio missionário, numa fidelidade humilde e heróica à caridade, que lhe permitiu viver a liberdade dos filhos de Deus e promovê-la em redor de si.
No nosso tempo, em que a corrida desenfreada ao poder, ao dinheiro e ao prazer causa tanto desencorajamento, violência e solidão, a Irma Bakhita é-nos dada de novo pelo Senhor como irmã universal, para que nos revele o segredo da felicidade mais verdadeira: as Bem-aventuranças.
A sua é uma mensagem de bondade heróica, à imagem da bondade do Pai celeste. Ela deixou-nos um testemunho de reconciliação e de perdão evangélicos, que levará certamente conforto aos cristãos da sua pátria, o Sudão, tão duramente provados por um conflito que continua há muitos anos, e que causou tantas vítimas. A fidelidade e a esperança deles são motivo de orgulho e de acção de graças para toda a Igreja. Neste momento de grandes tribulações, a irmã Bakhita precede-nos na via da imitação de Cristo, do aprofundamento da vida cristã e da inabalável dedicação à Igreja. Ao mesmo tempo desejo, mais uma vez, dirigir um premente apelo aos responsáveis do destino do Sudão, a fim de que dêem realização aos afirmados ideais de paz e de concórdia; a fim de que o respeito dos direitos fundamentais do homem - e, em primeiro lugar, do direito à liberdade religiosa - seja garantido a todos,
sem
discriminações étnicas ou religiosas.
Muito preocupante é a situação das centenas de milhar de refugiados das regiões meridionais, que a guerra constrangiu a abandonar casa e trabalho; recentemente também foram obrigados a deixar os campos, onde tinham encontrado alguma forma de assistência e foram levados para lugares desérticos, e até foi impedida a passagem livre dos combóios de socorro das agências internacionais. A situação deles é trágica e não pode deixar-nos insensíveis.
Recomendo vivamente às Entidades internacionais de assistência que continuem a enviar a sua ajuda providente, necessária e urgente.
Ao saudar a delegação da Igreja do Sudão, presente nesta celebração, dirijo um afectuoso pensamento, acompanhado pela oração, a toda a Igreja naquele País: aos Bispos, ao clero diocesano e missionário, aos Leigos empenhados na pastoral, e também aos Catequistas, colaboradores generosos e necessários para a propagação da Verdade, da Palavra e do Amor de Deus. As populações do Sudão estão sempre presentes no meu coração e nas minhas orações: confio-as à intercessão da nova Beata Josefina Bakhita.

"Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros" (Jo 13, 34-35). Nesta frase evangélica encontramos a síntese de toda a santidade; a santidade que alcançaram por caminhos diversos, mas convergentes na única meta, Josemaria Escrivá de Balaguer e Josefina Bakhita. Amaram a Deus com todas as forças do seu coração e deram prova de uma caridade vivida até ao heroísmo, mediante obras de serviço aos homens seus irmãos. Por isso a Igreja os eleva à honra dos altares e os apresenta como exemplos na imitação de Cristo, que nos amou e se deu a si mesmo por cada um de nós (cfr. Gál 2, 20).

"Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é glorificado n'Ele" (Jo 13, 31): o mistério pascal da glória.
Através do Filho do homem esta glória estende-se a todas as coisas visíveis e invisíveis: "Louvamos-Te, Senhor, por todas as Tuas obras, e bendizemos-Te na Tua fidelidade. Apregoamos a glória do Vosso Reino" (Sl 144, 10-11). Diz o Filho do Homem: "Não tinha... de sofrer essas coisas para entrar na sua glória?". Eis aqueles que, de geração em geração, seguiram Cristo: "Através de muitas tribulações, eles entraram no Reino de Deus".
"O Vosso Reino estende-se por todos os séculos".

Sudanesa grávida é condenada à morte por se converter ao cristianismo

Cartum, 15 mai (EFE).- Um tribunal do Sudão condenou nesta quinta-feira à morte a médica Mariam Ishaq, de 27 anos, grávida de oito meses, por ter se convertido ao cristianismo, mas a pena só será aplicada em dois anos, informaram à Efe fontes da Defesa.
O advogado Ahmed Abdallah afirmou que o prazo de três dias determinado por outra corte para que a mulher retificasse sua crença terminou hoje sem que sua cliente tenha rejeitado renunciar à religião cristã.
Segundo a sentença, Ishaq receberá 100 chicotadas como castigo e depois será enforcada.
Um tribunal já havia condenado no domingo passado a sudanesa à pena capital por apostasia e adultério, uma decisão que foi confirmada nesta quinta-feira pela Corte Penal do leste de Cartum, presidido pelo juiz Abbas al-Khalifa.
O magistrado atrasou o cumprimento da sentença até dentro de dois anos, para dar tempo a que a mulher dê à luz ao filho que está esperando e termine de amamentá-lo nesse tempo.
Ishaq, que está quase chegando ao fim de uma gestação e tem outro filho de dois anos, mudou seu nome de Abrar pelo de Mariam e é filha de um homem da região de Darfur, no oeste do Sudão, e de uma mulher da vizinha Etiópia.
No domingo passado, seu marido cristão foi absolvido da acusação de adultério por falta de provas, após argumentar que havia se casado com a jovem quando já tinha mudado sua religião.
O tribunal lembrou que a lei sudanesa proíbe a conversão do islã ao cristianismo e que, portanto, a acusada cometeu adultério por seu casamento como cristã ser "nulo".
Vários diplomatas ocidentais e representantes de grupos de direitos humanos foram à audiência de hoje e advertiram sobre o risco que esse tipo de julgamento representa para a tolerância religiosa e para os direitos humanos no Sudão. EFE

Fonte: Yahoo! 

Reflexão para o V Domingo da Páscoa

O caminho se faz caminhando, essa idéia nos é passada pela liturgia de hoje, especialmente pela primeira leitura.

Jesus jamais falou em sacerdotes e diáconos, mas em seguidores de sua Palavra, em seus seguidores.

Na leitura dos Atos dos Apóstolos aparece uma situação que exige uma estruturação no serviço aos carentes, concretamente um socorro às viúvas. Para ajudar na solução dessa questão, em clima de oração, é criada a função dos diáconos. Todos têm o dever do anúncio da Palavra e devem estar plenos do Espírito Santo. Anúncio e ação deverão caminhar juntos. A ação é consequência do anúncio e sua expressão concreta.

Seguir Jesus como Caminho, Verdade e Vida é a mensagem central do Evangelho e nos leva a vivenciar a novidade do Amor de Deus por nós, sempre original, descoberto aos poucos e nos plenificando.

Jesus é o Caminho para o Pai. Ele veio do Pai, com o Pai é um e volta para o Pai. Ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e ninguém conhece o Filho a não ser o Pai, nos diz o Senhor (cfr Mt 11,27).

Jesus é a Verdade, a revelação autêntica do projeto de Deus, a manifestação visível e encarnada do amor do Pai. A verdade vos libertará (cfr. Jo 8, 32). Em Jesus nos sentimos plenamente livres e amados.

Jesus é a Vida (cfr. Jo 1,4), é a própria ressurreição, a vida eterna, a Vida!

Muitas vezes em nossa vida surge uma novidade, algo com que não contávamos e que precisamos acolher, dar espaço e lugar. Precisamos saber inserir esse inesperado que parece ter vindo para ficar e modificar nosso dia a dia e até nossa própria vida.

De acordo com as leituras de hoje é necessário que sejamos movidos pelo amor, pelo desejo de servir, que recorramos a Deus na oração e que coloquemos em prática aquilo que o Espírito Santo nos orientar. Quando Jesus fala que vai nos preparar um lugar no Céu, ele nos está prestando um serviço.
Na vida cristã o maior é aquele que serve mais. A vida de Jesus foi um eterno serviço, desde o nascimento até a morte, sem deixar de lado a ressurreição e os atos após ela.

É necessário seguir Jesus, Caminho, Verdade e Vida, que se retirava em oração, ouvia o Pai e agia.

Assim, do mesmo modo como fizeram o Senhor e a primeira comunidade, estaremos anunciando que Deus nos ama e está conosco e, através de nossas ações, de nossos serviços, continua criando o mundo.


quinta-feira, 15 de maio de 2014

Homilia do Papa no IV Domingo da Páscoa - Ordenações Presbiterais



ORDENAÇÕES PRESBITERIAIS
DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica Vaticana
IV Domingo de Páscoa, 11 de Maio de 2014
 
 
Queridos irmãos!
Estes nossos filhos e irmãos foram chamados à ordem do presbiterado. Como vós bem sabeis, o Senhor Jesus é o único sumo sacerdote do Novo Testamento; mas n’Ele também todo o povo santo de Deus foi constituído povo sacerdotal. Contudo, entre todos os seus discípulos, o Senhor Jesus quer escolher alguns em particular, para que exercendo publicamente na Igreja em seu nome o ofício sacerdotal a favor de todos os homens, continuem a sua pessoal missão de mestre, sacerdote e pastor.
Depois de uma reflexão madura, agora estamos prestes a elevar à ordem dos presbíteros estes nossos irmãos, a fim de que ao serviço de Cristo mestre, sacerdote e pastor cooperem para edificar o Corpo de Cristo, que é a Igreja, no povo de Deus e templo santo do Espírito.
Com efeito, eles serão configurados a Cristo sumo e eterno sacerdote, ou seja, serão consagrados como verdadeiros sacerdotes do Novo Testamento, e com este título, que os une no sacerdócio ao seu bispo, serão pregadores do Evangelho, pastores do povo de Deus, e presidirão as acções de culto, especialmente na celebração do sacrifício do Senhor.
Quanto a vós, irmãos e filhos diletíssimos, que estais para ser promovidos à ordem do presbiterado, considerai que exercitando o ministério da sagrada doutrina sereis participantes da missão de Cristo, único mestre. Proclamai a todos aquela Palavra, que vós mesmos recebeis com alegria, das vossas mães, das vossas catequistas. Lede e meditai assiduamente a palavra do Senhor para acreditar naquilo que lestes, ensinai o que aprendestes na fé, vivei o que ensinastes. Portanto, a vossa doutrina, que não é propriedade vossa, seja nutrimento para o povo de Deus: vós não sois proprietários da doutrina! É a doutrina do Senhor, e vós deveis ser fiéis à doutrina do Senhor! Por conseguinte, a vossa doutrina seja o alimento para o povo de Deus, o perfume da vossa vida seja alegria e apoio aos fiéis de Cristo, para que com a palavra e o exemplo edifiqueis a casa de Deus, que é a Igreja.
E assim vós continuareis a obra santificadora de Cristo. Mediante o vosso ministério o Sacrifício espiritual dos fiéis torna-se perfeito, porque unido ao sacrifício de Cristo, que pelas vossas mãos em nome de toda a Igreja é oferecido de modo incruento sobre o altar na celebração dos santos mistérios.
Portanto, reconhecei o que fazeis, imitai o que celebrais, para que, participando no mistério da morte e ressurreição do Senhor, carregueis a morte de Cristo nos vossos membros e caminheis com ele na novidade de vida.
Com o baptismo agregareis novos fiéis ao povo de Deus; com o sacramento da Penitência perdoareis os pecados em nome de Cristo e da Igreja. E aqui quero deter-me e pedir-vos, por amor a Jesus Cristo: nunca vos canseis de ser misericordiosos! Por favor! Tende esta capacidade de perdão que o Senhor teve, o qual não veio para condenar, mas para perdoar! Tende misericórdia, tanta! E se tiverdes o escrúpulo de ser demasiado «perdoadores», pensai naquele santo sacerdote do qual vos falei, que ia diante do tabernáculo e dizia: «Perdoa-me, Senhor, se perdoei demasiado. Mas foste tu que me deste o mau exemplo!». E eu digo-vos, verdadeiramente: sofro tanto quando encontro pessoas que já não se vão confessar, porque foram maltratadas, repreendidas. Sentiram que lhes eram fechadas na cara as portas da igreja! Por favor, não façais isso: misericórdia, misericórdia! O bom pastor entra pela porta e a porta da misericórdia são as chagas do Senhor: se entrardes no vosso ministério pelas chagas do Senhor, não sareis bons pastores.
Com o Óleo santo dareis alívio aos enfermos; celebrando os ritos sagrados e elevando nas várias horas do dia as orações de louvor e de súplica, vós sereis a voz do povo de Deus e da humanidade inteira.
Cientes de que fostes sido escolhidos entres os homens e constituídos em seu favor para estar ao serviço das coisas de Deus, exercitai com júbilo e caridade sincera a obra sacerdotal de Cristo, concentrados unicamente em agradar a Deus e não a vós mesmos.
E pensai naquilo que dizia santo Agostinho sobre os pastores que procuravam agradar a si mesmos, que usavam as ovelhas do Senhor como refeição e para se vestirem, para vestir a majestade de um ministério que não se sabia se era de Deus. Enfim, participando na missão de Cristo, chefe e pastor, em comunhão filial com o vosso bispo, comprometei-vos por unir os fiéis numa única família, para os conduzir a Deus por meio de Cristo no Espírito Santo. Tende sempre diante dos olhos o exemplo do Bom Pastor, que não veio para ser servido, mas para servir, e procurar salvar o que estava perdido.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Imagens da Santa Missa do IV Domingo da Páscoa no Vaticano

Neste IV Domingo da Páscoa (Domingo do Bom Pastor), o Papa Francisco presidiu a Santa Missa com o Rito de Ordenação Presbiteral de treze diáconos, inclusive um brasileiro.

Veja algumas imagens da celebração, extraídas do Facebook:



 






Imagens da Santa Missa do II Domingo da Páscoa e Canonizações no Vaticano

Caros leitores, no dia 27 de abril o Papa Francisco presidiu a Santa Missa do II Domingo da Páscoa e da Canonização dos agora Santos João XXIII e João Paulo II. Informações dizem que mais de 800 mil pessoas participaram da celebração na Praça de São Pedro e arredores. Na ocasião, o Papa Emérito Bento XVI também esteve presente e, pela primeira vez, concelebrando com o Papa Francisco.

Publicamos algumas imagens abaixo, oriundas do Site da Santa Sé










sábado, 10 de maio de 2014

Papa Paulo VI será beatificado

O Santo Padre recebeu em audiência particular, na tarde desta sexta-feira, no Vaticano, o Cardeal Angelo Amato, Prefeito da Congregação das Causas dos Santos.

Durante a audiência, o Papa autorizou a Congregação a promulgar os seguintes Decretos concernentes:

- ao milagre, atribuído à intercessão do Venerável Servo de Deus, Papa Paulo VI, no civil João Batista Montini, nascido em 26 de setembro de 1897, em Concesio, norte da Itália, e morto em 6 de agosto de 1978, em Castelgandolfo, perto de Roma;

- ao milagre, atribuído à intercessão do Venerável Servo de Deus, Luigi Caburlotto, sacerdote diocesano, Fundador do Instituto das Filhas de São José, nascido em Veneza, em 7 de junho de 1817 e ali morto em 9 de julho de 1897;

O Santo Padre autorizou ainda a Congregação das Causas dos Santos a promulgar também os Decretos concernentes:

- às virtudes heróicas do Servo de Deus, Giacomo Abbondo, sacerdote diocesano, nascido em Salomino, Itália, em 27 de agosto de 1720, e morto em Tronzano, em 9 de fevereiro de 1788;

- às virtudes heróicas do Servo de Deus, Giacinto Alegre Pujals, sacerdote professo da Companhia de Jesus, nascido em Terassa, Espanha, em 24 de dezembro de 1874, e morto em Barcelona em 10 de dezembro de 1930;

- às virtudes heróicas da Venerável Serva de Deus, Carla Barbara Colchen Carré de Malberg, mãe de família, Fundadora da Sociedade das Filhas de São Francisco de Sales, nascida em Mertz, França, em 8 de abril de 1829 e morta em Lorry-les-Metz, em 28 de janeiro de 1891.

Na mesma audiência, o Bispo de Roma autorizou a Congregação das Causas dos Santos a comunicar que o rito de Beatificação de Paulo VI se realizará no Vaticano no próximo 19 de outubro deste ano. (MT)


Fonte: Rádio Vaticano


quinta-feira, 8 de maio de 2014

Mensagem do Papa Francisco para o 51º Dia Mundial de Oração pelas vocações

No próximo, domingo, o Quarto da Páscoa e conhecido como Domingo do Bom Pastor, o Papa Francisco presidirá a Santa Missa na Basílica de São Pedro onde ordenará alguns novos sacerdotes para a Igreja. Nesta ocasião celebra-se também o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Para isso, o Papa Francisco publicou uma mensagem ressaltando que a vocação é o testemunho da verdade.

Reproduzimos na íntegra sua mensagem:

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA O 51º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES
11 DE MAIO DE 2014 - IV DOMINGO DE PÁSCOA
Vocações, testemunho da verdade
 
Amados irmãos e irmãs!
1. Narra o Evangelho que «Jesus percorria as cidades e as aldeias (...). Contemplando a multidão, encheu-Se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como ovelhas
sem
pastor. Disse, então, aos seus discípulos: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe”» (Mt 9, 35-38). Estas palavras causam-nos surpresa, porque todos sabemos que, primeiro, é preciso lavrar, semear e cultivar, para depois, no tempo devido, se poder ceifar uma messe grande. Jesus, ao invés, afirma que «a messe é grande». Quem trabalhou para que houvesse tal resultado? A resposta é uma só: Deus. Evidentemente, o campo de que fala Jesus é a humanidade, somos nós. E a acção eficaz, que é causa de «muito fruto», deve-se à graça de Deus, à comunhão com Ele (cf. Jo 15, 5). Assim a oração, que Jesus pede à Igreja, relaciona-se com o pedido de aumentar o número daqueles que estão ao serviço do seu Reino. São Paulo, que foi um destes «colaboradores de Deus», trabalhou incansavelmente pela causa do Evangelho e da Igreja. Com a consciência de quem experimentou, pessoalmente, como a vontade salvífica de Deus é imperscrutável e como a iniciativa da graça está na origem de toda a vocação, o Apóstolo recorda aos cristãos de Corinto: «Vós sois o seu [de Deus] terreno de cultivo» (1 Cor 3, 9). Por isso, do íntimo do nosso coração, brota, primeiro, a admiração por uma messe grande que só Deus pode conceder; depois, a gratidão por um amor que sempre nos precede; e, por fim, a adoração pela obra realizada por Ele, que requer a nossa livre adesão para agir com Ele e por Ele.

2. Muitas vezes rezámos estas palavras do Salmista: «O Senhor é Deus; foi Ele quem nos criou e nós pertencemos-Lhe, somos o seu povo e as ovelhas do seu rebanho» (Sal 100/99, 3); ou então: «O Senhor escolheu para Si Jacob, e Israel, para seu domínio preferido» (Sal 135/134, 4). Nós somos «domínio» de Deus, não no sentido duma posse que torna escravos, mas dum vínculo forte que nos une a Deus e entre nós, segundo um pacto de aliança que permanece para sempre, «porque o seu amor é eterno!» (Sal 136/135, 1). Por exemplo, na narração da vocação do profeta Jeremias, Deus recorda que Ele vigia continuamente sobre a sua Palavra para que se cumpra em nós. A imagem adoptada é a do ramo da amendoeira, que é a primeira de todas as árvores a florescer, anunciando o renascimento da vida na Primavera (cf. Jr 1, 11-12). Tudo provém d’Ele e é dádiva sua: o mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro, mas – tranquiliza-nos o Apóstolo - «vós sois de Cristo e Cristo é de Deus» (1 Cor 3, 23). Aqui temos explicada a modalidade de pertença a Deus: através da relação única e pessoal com Jesus, que o Baptismo nos conferiu desde o início do nosso renascimento para a vida nova. Por conseguinte, é Cristo que nos interpela continuamente com a sua Palavra, pedindo para termos confiança n’Ele, amando-O «com todo o coração, com todo o entendimento, com todas as forças» (Mc 12, 33). Embora na pluralidade das estradas, toda a vocação exige sempre um êxodo de si mesmo para centrar a própria existência em Cristo e no seu Evangelho. Quer na vida conjugal, quer nas formas de consagração religiosa, quer ainda na vida sacerdotal, é necessário superar os modos de pensar e de agir que não estão conformes com a vontade de Deus. É «um êxodo que nos leva por um caminho de adoração ao Senhor e de serviço a Ele nos irmãos e nas irmãs» (Discurso à União Internacional das Superioras Gerais, 8 de Maio de 2013). Por isso, todos somos chamados a adorar Cristo no íntimo dos nossos corações (cf. 1 Ped 3, 15), para nos deixarmos alcançar pelo impulso da graça contido na semente da Palavra, que deve crescer em nós e transformar-se em serviço concreto ao próximo. Não devemos ter medo: Deus acompanha, com paixão e perícia, a obra saída das suas mãos, em cada estação da vida. Ele nunca nos abandona! Tem a peito a realização do seu projecto sobre nós, mas pretende consegui-lo contando com a nossa adesão e a nossa colaboração.
3. Também hoje Jesus vive e caminha nas nossas realidades da vida ordinária, para Se aproximar de todos, a começar pelos últimos, e nos curar das nossas enfermidades e doenças. Dirijo-me agora àqueles que estão dispostos justamente a pôr-se à escuta da voz de Cristo, que ressoa na Igreja, para compreenderem qual possa ser a sua vocação. Convido-vos a ouvir e seguir Jesus, a deixar-vos transformar interiormente pelas suas palavras que «são espírito e são vida» (Jo 6, 63). Maria, Mãe de Jesus e nossa, repete também a nós: «Fazei o que Ele vos disser!» (Jo 2, 5). Far-vos-á bem participar, confiadamente, num caminho comunitário que saiba despertar em vós e ao vosso redor as melhores energias. A vocação é um fruto que amadurece no terreno bem cultivado do amor uns aos outros que se faz serviço recíproco, no contexto duma vida eclesial autêntica. Nenhuma vocação nasce por si, nem vive para si. A vocação brota do coração de Deus e germina na terra boa do povo fiel, na experiência do amor fraterno. Porventura não disse Jesus que «por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35)?
4. Amados irmãos e irmãs, viver esta «medida alta da vida cristã ordinária» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31) significa, por vezes, ir contra a corrente e implica encontrar também obstáculos, fora e dentro de nós. O próprio Jesus nos adverte: muitas vezes a boa semente da Palavra de Deus é roubada pelo Maligno, bloqueada pelas tribulações, sufocada por preocupações e seduções mundanas (cf. Mt 13, 19-22). Todas estas dificuldades poder-nos-iam desanimar, fazendo-nos optar por caminhos aparentemente mais cómodos. Mas a verdadeira alegria dos chamados consiste em crer e experimentar que o Senhor é fiel e, com Ele, podemos caminhar, ser discípulos e testemunhas do amor de Deus, abrir o coração a grandes ideais, a coisas grandes. «Nós, cristãos, não somos escolhidos pelo Senhor para coisas pequenas; ide sempre mais além, rumo às coisas grandes. Jogai a vida por grandes ideais!» (Homilia na Missa para os crismandos, 28 de Abril de 2013). A vós, Bispos, sacerdotes, religiosos, comunidades e famílias cristãs, peço que orienteis a pastoral vocacional nesta direcção, acompanhando os jovens por percursos de santidade que, sendo pessoais, «exigem uma verdadeira e própria pedagogia da santidade, capaz de se adaptar ao ritmo dos indivíduos; deverá integrar as riquezas da proposta lançada a todos com as formas tradicionais de ajuda pessoal e de grupo e as formas mais recentes oferecidas pelas associações e movimentos reconhecidos pela Igreja» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31).
Disponhamos, pois, o nosso coração para que seja «boa terra» a fim de ouvir, acolher e viver a Palavra e, assim, dar fruto. Quanto mais soubermos unir-nos a Jesus pela oração, a Sagrada Escritura, a Eucaristia, os Sacramentos celebrados e vividos na Igreja, pela fraternidade vivida, tanto mais há-de crescer em nós a alegria de colaborar com Deus no serviço do Reino de misericórdia e verdade, de justiça e paz. E a colheita será grande, proporcional à graça que tivermos sabido, com docilidade, acolher em nós. Com estes votos e pedindo-vos que rezeis por mim, de coração concedo a todos a minha Bênção Apostólica.
Vaticano, 15 de Janeiro de 2014

FRANCISCO
 
 

sábado, 3 de maio de 2014

Reflexão para o III Domingo da Páscoa

Jesus, o Mestre por excelência, passa três anos preparando os apóstolos e discípulos para os acontecimentos de sua Paixão. Fala de seus sentimentos, de sua morte e de sua Ressureição.

Quando tudo isso acontece, o peso do sofrimento e da morte é tão grande que todos se esquecem do que Jesus os advertira em relação à Ressurreição. Todos ficam desapontados, tristes e reagindo como se a morte fosse a última palavra na vida de Jesus.

O Evangelho nos relata a repercusssão desses fatos na vida de dois deles, os chamados discípulos de Emaús, Cléofas e seu companheiro.

Eles estão voltando para casa. O Mestre, aquele em que colocavam toda a esperança, está morto. Pelo caminho eles andam de modo acabrunhado. Contudo, Jesus, o Consolador, se dirige a eles com o propósito de acabar com essa tristeza. Jesus usa uma tática de não se revelar logo, mas de ir fazendo perguntas, recordando o que estava nas Escrituras a respeito d’Ele, de tal modo que a esperança fosse recuperada.

Ao passar pela entrada de Emaús, Jesus se despede. Eles ficam desapontados com tal atitude. Aquele caminheiro que, com sua conversa, estava resgatando a esperança, vai embora e vai deixá-los sozinhos. Não, não pode ser. Eles pedem ao desconhecido que entre com eles no povoado, depois em sua casa e ceiem juntos.

Podemos ver nesse gesto de Jesus, ao deixar espaço para ser convidado, que o Senhor não se impõe a nós. Ele vem até nós e nos consola, mas não impõe sua presença permanente. Ele quer nossa solicitação, Ele se oferece como hóspede – Eis que estou à porta e bato - , ele espera um ato livre de nossa vontade. Ao ser convidado, Jesus aceita e vai cear com eles.

Na hora da bênção do pão, Jesus se revela e, como no Tabor, aparece sua glória de Filho amado pelo Pai. Jesus se revela e desaparece.
Não é mais necessária sua presença após a manifestação de sua glória, após a experiência e anunciar a ressurreição.

Assim somos nós. Nos momentos difíceis da vida recordamos as palavras do Senhor?

Damos espaço para que Ele nos fale? Recorremos às Escrituras, ao Evangelho e meditamos suas palavras?

A experiência que temos de Deus, a compartilhamos com os demais?


Fonte: Rádio Vaticano

Homilia do Papa no II Domingo da Páscoa

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Praça de São Pedro
II Domingo de Páscoa (ou da Divina Misericórdia), 27 de Abril de 2014
  
No centro deste domingo, que encerra a Oitava de Páscoa e que São João Paulo II quis dedicar à Misericórdia Divina, encontramos as chagas gloriosas de Jesus ressuscitado.
Já as mostrara quando apareceu pela primeira vez aos Apóstolos, ao anoitecer do dia depois do sábado, o dia da Ressurreição. Mas, naquela noite – como ouvimos –, Tomé não estava; e quando os outros lhe disseram que tinham visto o Senhor, respondeu que, se não visse e tocasse aquelas feridas, não acreditaria. Oito dias depois, Jesus apareceu de novo no meio dos discípulos, no Cenáculo, encontrando-se presente também Tomé; dirigindo-Se a ele, convidou-o a tocar as suas chagas. E então aquele homem sincero, aquele homem habituado a verificar tudo pessoalmente, ajoelhou-se diante de Jesus e disse: «Meu Senhor e meu Deus!» (Jo 20, 28).
Se as chagas de Jesus podem ser de escândalo para a fé, são também a verificação da fé. Por isso, no corpo de Cristo ressuscitado, as chagas não desaparecem, continuam, porque aquelas chagas são o sinal permanente do amor de Deus por nós, sendo indispensáveis para crer em Deus: não para crer que Deus existe, mas sim que Deus é amor, misericórdia, fidelidade. Citando Isaías, São Pedro escreve aos cristãos: «pelas suas chagas, fostes curados» (1 Ped 2, 24; cf. Is 53, 5).
São João XXIII e São João Paulo II tiveram a coragem de contemplar as feridas de Jesus, tocar as suas mãos chagadas e o seu lado trespassado. Não tiveram vergonha da carne de Cristo, não se escandalizaram d’Ele, da sua cruz; não tiveram vergonha da carne do irmão (cf. Is 58, 7), porque em cada pessoa atribulada viam Jesus. Foram dois homens corajosos, cheios da parresia do Espírito Santo, e deram testemunho da bondade de Deus, da sua misericórdia, à Igreja e ao mundo.
Foram sacerdotes, bispos e papas do século XX. Conheceram as suas tragédias, mas não foram vencidos por elas. Mais forte, neles, era Deus; mais forte era a fé em Jesus Cristo, Redentor do homem e Senhor da história; mais forte, neles, era a misericórdia de Deus que se manifesta nestas cinco chagas; mais forte era a proximidade materna de Maria.
Nestes dois homens contemplativos das chagas de Cristo e testemunhas da sua misericórdia, habitava «uma esperança viva», juntamente com «uma alegria indescritível e irradiante» (1 Ped 1, 3.8). A esperança e a alegria que Cristo ressuscitado dá aos seus discípulos, e de que nada e ninguém os pode privar. A esperança e a alegria pascais, passadas pelo crisol do despojamento, do aniquilamento, da proximidade aos pecadores levada até ao extremo, até à náusea pela amargura daquele cálice. Estas são a esperança e a alegria que os dois santos Papas receberam como dom do Senhor ressuscitado, tendo-as, por sua vez, doado em abundância ao Povo de Deus, recebendo sua eterna gratidão.
Esta esperança e esta alegria respiravam-se na primeira comunidade dos crentes, em Jerusalém, de que falam os Actos dos Apóstolos (cf. 2, 42-47), que ouvimos na segunda Leitura. É uma comunidade onde se viveo essencial do Evangelho, isto é, o amor, a misericórdia, com simplicidade e fraternidade.
E esta é a imagem de Igreja que o Concílio Vaticano II teve diante de si. João XXIII e João Paulo II colaboraram com o Espírito Santo para restabelecer e actualizar a Igreja segundo a sua fisionomia originária, a fisionomia que lhe deram os santos ao longo dos séculos. Não esqueçamos que são precisamente os santos que levam avante e fazem crescer a Igreja. Na convocação do Concílio, São João XXIII demonstrou uma delicada docilidade ao Espírito Santo, deixou-se conduzir e foi para a Igreja um pastor, um guia-guiado, guiado pelo Espírito. Este foi o seu grande serviço à Igreja; por isso gosto de pensar nele como o Papa da docilidade ao Espírito Santo.
Neste serviço ao Povo de Deus, São João Paulo II foi o Papa da família. Ele mesmo disse uma vez que assim gostaria de ser lembrado: como o Papa da família. Apraz-me sublinhá-lo no momento em que estamos a viver um caminho sinodal sobre a família e com as famílias, um caminho que ele seguramente acompanha e sustenta do Céu.
Que estes dois novos santos Pastores do Povo de Deus intercedam pela Igreja para que, durante estes doisanos de caminho sinodal, seja dócilao Espírito Santo no serviço pastoral à família. Que ambos nos ensinem a não nos escandalizarmos das chagas de Cristo, a penetrarmos no mistério da misericórdia divina que sempre espera, sempre perdoa, porque sempre ama.

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