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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Homilia do Papa Francisco no XXX Domingo Comum - Missa pela Jornada da Família

Praça de São Pedro
Domingo, 27 de Outubro de 2013

As leituras deste domingo nos convidam a meditar sobre algumas características fundamentais da família cristã.
1. A primeira: a família reza. A passagem do Evangelho destaca dois modos de rezar: um falso – o do fariseu – e outro autêntico – o do publicano. O fariseu encarna uma postura que não expressa tanto agradecimento a Deus pelos seus benefícios e pela sua misericórdia, como, sobretudo, autossatisfação. O fariseu se sente justo, se sente com a consciência tranquila, se vangloria disto e julga os demais do alto do seu pedestal. O publicano, ao contrário, não multiplica as palavras. A sua oração é humilde, sóbria, permeada pela consciência da própria indignidade, das próprias misérias: este homem verdadeiramente se reconhece necessitado do perdão de Deus, da misericórdia de Deus.
A oração do publicano é a oração do pobre, é a oração agradável a Deus que, como fala a primeira leitura, subirá até as nuvens (cf. Eclo 35, 20), enquanto a oração do fariseu está sobrecarregada pelo peso da vaidade.
À luz desta Palavra, queria vos perguntar, queridas famílias: Rezais algumas vezes em família? Alguns, eu sei que sim. Mas, muitos me perguntam: Mas, como se faz? Faz-se como o publicano, está claro: com humildade, diante de Deus. Cada um com humildade se deixa olhar pelo Senhor e pede a sua bondade, que venha até nós. Mas, na família, como se faz? Porque parece que a oração seja uma coisa pessoal; além disso, nunca se encontra um momento oportuno, tranquilo, em família... Sim, isso é verdade, mas é também questão de humildade, de reconhecer que precisamos de Deus, como o publicano! E todas as famílias, todos nós precisamos de Deus: todos, todos! Há necessidade da sua ajuda, da sua força, da sua bênção, da sua misericórdia, do seu perdão. E é preciso simplicidade: para rezar em família, é necessária simplicidade! Rezar juntos o “Pai Nosso”, ao redor da mesa, não é algo extraordinário: é fácil. E rezar juntos o Terço, em família, é muito belo; dá tanta força! E também rezar um pelo outro: o marido pela esposa; a esposa pelo marido; os dois pelos filhos; os filhos pelos pais, pelos avós... Rezar um pelo outro. Isto é rezar em família, e isto fortalece a família: a oração.
2. A segunda Leitura nos sugere outro ponto: a família guarda a fé. O apóstolo Paulo, no ocaso da sua vida, faz um balanço fundamental, e diz: «guardei a fé» (2Tm 4,7). Mas, como a guardou? Não em um cofre! Nem a escondeu debaixo da terra, como o servo um pouco preguiçoso dos talentos. São Paulo compara a sua vida com uma batalha e com uma corrida. Guardou a fé, porque não se limitou a defendê-la, mas a anunciou, irradiou-a, levou-a longe. Opôs-se de modo decidido àqueles que queriam conservar, “embalsamar” a mensagem de Cristo nos limites da Palestina. Por isso, tomou decisões corajosas, penetrou em territórios hostis, deixou-se atrair pelos que estavam longe, por culturas diferentes, falou francamente, sem medo. São Paulo guardou a fé, porque, como a tinha recebido, assim a entregou, dirigindo-se às periferias, sem se fincar em posições defensivas.
Aqui também, podemos perguntar: De que modo nós, em família, guardamos a nossa fé? Conservamo-la para nós mesmos, na nossa família, como um bem privado, como uma conta no banco, ou sabemos partilhá-la com o testemunho, com o acolhimento, com a abertura aos demais? Todos sabemos que as famílias, sobretudo as jovens famílias, estão frequentemente “correndo”, muito atarefadas; mas já pensastes alguma vez que esta “corrida” pode ser também a corrida da fé? As famílias cristãs são famílias missionárias. Ontem escutamos, aqui na praça, o testemunho de famílias missionárias. Elas são missionárias também na vida quotidiana, fazendo as coisas de todos os dias, colocando em tudo o sal e o fermento da fé! Guardai a fé em família e colocai o sal e o fermento da fé nas coisas de todos os dias.
3. E há um último aspecto que tiramos da Palavra de Deus: a família vive a alegria. No Salmo Responsorial, encontramos esta expressão: «ouçam os humildes e se alegrem» (33,4). Todo este Salmo é um hino ao Senhor, fonte de alegria e de paz. Qual é o motivo desta alegria? É este: o Senhor está perto, escuta o grito dos humildes e os liberta do mal. Como escrevia São Paulo: «Alegrai-vos sempre... O Senhor está próximo!» (Fl 4,4-5). Pois bem... gostaria de fazer uma pergunta hoje. Mas, cada um leva esta pergunta no seu coração, para a sua casa, certo? É como um dever de casa. E responde-se sozinho. Como se vive a alegria, na tua casa? Como se vive a alegria na tua família? Bem, dai vós mesmos a resposta.
Queridas famílias, como bem sabeis, a verdadeira alegria que se experimenta na família não é algo superficial, não vem das coisas, das circunstâncias favoráveis... A alegria verdadeira vem da harmonia profunda entre as pessoas, que todos sentem no coração, e que nos faz sentir a beleza de estarmos juntos, de nos apoiarmos uns aos outros no caminho da vida. Mas, na base deste sentimento de alegria profunda está a presença de Deus, a presença de Deus na família, está o seu amor acolhedor, misericordioso, cheio de respeito por todos. E, acima de tudo, um amor paciente: a paciência é uma virtude de Deus e nos ensina, na família, a ter este amor paciente, um com o outro. Ter paciência entre nós. Amor paciente. Só Deus sabe criar a harmonia a partir das diferenças. Se falta o amor de Deus, a família também perde a harmonia, prevalecem os individualismos, se apaga a alegria. Pelo contrário, a família que vive a alegria da fé, comunica-a espontaneamente, é sal da terra e luz do mundo, é fermento para toda a sociedade.
Queridas famílias, vivei sempre com fé e simplicidade, como a Sagrada Família de Nazaré. A alegria e a paz do Senhor estejam sempre convosco!

sábado, 26 de outubro de 2013

Reflexão para o XXX Domingo Comum

A parábola que o Senhor nos relata neste domingo fala de dois homens que vão rezar no Templo de Jerusalém. Os dois são filhos de Deus e os dois sentiram um apelo à oração, por isso podemos dizer que foram chamados a se encontrar com Ele.

Mas quem são esses homens? Um é fariseu, pessoa voltada ao cumprimento da Lei, a fazer um enorme esforço para sempre estar de acordo com o que Deus pedia. O outro, um publicano, alguém pertencente a um grupo de má fama, um homem de má fama.

O primeiro era uma pessoa honesta e íntegra. Fazia até mais do que era prescrito. Contudo, isso lhe provocava um certo orgulho, uma certa vaidade e, ao mesmo tempo, um desprezo pelos pecadores.

O segundo, o publicano, era um esperto cobrador de impostos, oprimia os pobres e, para se redimir, deveria pagar uma soma exagerada, praticamente impossível.

No entanto, o Senhor diz que a oração do publicano foi ouvida e a do fariseu, não. Por que?
Com esta parábola, o Senhor não deseja dar lição de moral, de mostrar quem está certo ou errado, mas o Mestre quer nos instruir no relacionamento com Deus.

A grande falha do fariseu foi atribuir sua vida honesta e seus atos corretos a si mesmo, como mérito seu, e apresentá-los como dignos de justificação. Deus não deveria fazer nada mais do que elogiar os atos do fariseu e lhe dar o prêmio merecido com sua atitude de homem do bem. Era esse o pensamento do fariseu. Ele não pede a Deus uma justificação, uma redenção, mas um reconhecimento. Ele se esqueceu que foi Deus quem o conduziu pelo bom caminho e lhe proporcionou fazer o bem e viver com dignidade.

Quanto ao publicano, ele se apresenta de modo humilde, sabendo de suas imperfeições e confiando na misericórdia e na graça de Deus. Ele não se desculpa, mas sabe que Deus tem um coração enorme, que é Pai, que é Amor.

Jesus deseja que nós purifiquemos nossa visão de Deus. Ele não é um contador bancário e nem um entregador de prêmios.

Jesus não quer que sejamos soberbos e nem tenhamos posicionamentos egocêntricos, colocando o acento em Nós e não no Pai. Se somos bons, se cumprimos os mandamentos e fazemos o que nos pede o Evangelho, é porque Deus nos deu sua graça.

Jesus é contra o grupo dos bons verso o grupo dos maus. Ele morreu por todos e não lhe agrada que nos sintamos especiais e desprezemos os outros. E por falar na morte de Jesus, ele escolheu morrer entre dois ladrões. Um ciente de ser pecador e culpado de seus crimes, se reconheceu em débito com Deus, mas absolutamente confiante na misericórdia divina. O outro, não só não estava arrependido, mas desafiou Jesus a largar a cruz e salvá-los.

Tenhamos sempre a atitude humilde de saber que, por mais que nos esforcemos, jamais seremos perfeitos e tudo o que fizermos de bom será realizado com a ajuda da graça de Deus.



sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Ato de Entrega a Maria

Caros leitores, por ocasião da Jornada Mariana, ocorrida neste mês de outubro, o Papa Francisco fez uma consagração especial de todo o mundo à Virgem Maria. Colocamos abaixo a consagração:

Bem-Aventurada Virgem de Fátima, com renovada gratidão pela tua presença materna unimos a nossa voz à de todas as gerações que te dizem bem-aventurada.
Celebramos em ti as grandes obras de Deus, que nunca se cansa de se inclinar com misericórdia sobre a humanidade, atormentada pelo mal e ferida pelo pecado, para a guiar e salvar.
Acolhe com benevolência de Mãe o acto de entrega que hoje fazemos com confiança, diante desta tua imagem a nós tão querida.
Temos a certeza que cada um de nós é precioso aos teus olhos e que nada te é desconhecido de tudo o que habita os nossos corações. Deixamo-nos alcançar pelo teu olhar dulcíssimo e recebemos a carícia confortadora do teu sorriso.
Guarda a nossa vida entre os teus braços: abençoe e fortalece qualquer desejo de bem; reacende e alimenta a fé; ampara e ilumina a esperança; suscita e anima a caridade; guia todos nós no caminho da santidade.
Ensina-nos o teu mesmo amor de predilecção pelos pequeninos e pelos pobres, pelos excluídos e sofredores, pelos pecadores e os desorientados; reúne todos sob a tua protecção e recomenda todos ao teu dilecto Filho, nosso Senhor Jesus.
Amém.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Recordamos hoje o Beato João Paulo II

 Caros leitores, neste dia 22 de outubro celebramos a memória do Beato João Paulo II. Essa data marca o início de seu pontificado em 1978, completando hoje, portanto, 35 anos. Por isso, publicamos a homilia do Beato no dia, fonte de grande espiritualidade até os dias de hoje.

Domingo, 22 de Outubro de 1978
 
Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo! (Mt. 16, 16).
Estas palavras foram pronunciadas por Simão, filho de Jonas, na região de Cesareia de Filipe. Sim, ele exprimiu-as na sua própria língua, com uma profunda, vivida e sentida convicção; mas elas não tiveram nele a sua fonte, a sua nascente: .., porque não foram a carne nem o sangue quem to revelaram, mas o Meu Pai que está nos céus (Mt. 16, 17). Tais palavras eram palavras de Fé.
Elas assinalam o início da missão de Pedro na história da Salvação, na história do Povo de Deus. E a partir de então, de uma tal confissão de Fé, a história sagrada da Salvação e do Povo de Deus devia adquirir uma nova dimensão: exprimir-se na caminhada histórica da Igreja. Esta dimensão eclesial da história do Povo de Deus tem as suas origens, nasce efectivamente dessas palavras de Fé e está vinculada ao homem que as pronunciou, Pedro: Tu és Pedro — rocha, pedra — e sobre ti, como sobre uma pedra, Eu edificarei a Minha Igreja (Cfr. Mt. 16, 18).
Hoje e neste lugar é necessário que novamente sejam pronunciadas e ouvidas as mesmas palavras: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!
Sim, Irmãos e Filhos, antes de mais nada estas palavras.
O seu conteúdo desvela aos nossos olhos o mistério de Deus vivo, aquele mistério que o Filho veio colocar mais perto de nós. Ninguém como Ele, de facto, tornou o Deus vivo assim próximo dos homens e ninguém O revelou como o fez só Ele mesmo. No nosso conhecimento de Deus, no nosso caminhar para Deus, estamos totalmente dependentes do poder destas palavras: Quem me vê a Mim, vê também o Pai (Jo. 14, 9). Aquele que é infinito, imperscrutável e inefável veio para junto de nós em Jesus Cristo, o Filho unigénito, nascido de Maria Virgem no presépio de Belém.
O vós, todos os que já tendes a dita inestimável de crer; vós, todos os que ainda andais a buscar a Deus; e vós também, os atormentados pela dúvida:
—  procurai acolher uma vez mais —  hoje e neste local sagrado — as palavras pronunciadas por Simão Pedro. Naquelas mesmas palavras está a fé da Igreja; em tais palavras, ainda, encontra-se a verdade nova, ou melhor, a última e definitiva verdade —   sobre o homem: o filho de Deus vivo. — Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo!
Hoje o novo Bispo de Roma inicia solenemente o seu ministério e a missão de Pedro. Nesta Cidade, de facto, Pedro desempenhou e realizou a missão que lhe foi confiada pelo Senhor. Alguma vez, o mesmo Senhor dirigiu-se a ele e disse-lhe: Quando eras mais jovem, tu próprio te cingias e andavas por onde querias; mas quando fores velho, estenderás as mãos e outro cingir-te-á e levar-te-á para onde tu não queres (Jo. 21, 18).
Pedro, depois, veio para Roma! E o que foi que o guiou e o conduziu para esta Urbe, o coração do Império Romano, senão a obediência à inspiração recebida do Senhor? — Talvez aquele pescador da Galileia não tivesse tido nunca vontade de vir até aqui; teria preferido, quiçá, permanecer lá onde estava, nas margens do lago de Genesaré, com a sua barca e com as suas redes. Mas, guiado pelo Senhor e obediente à sua inspiração, chegou até aqui.
Segundo uma antiga tradição (e, qual foi objecto de uma expressão literária magnífica num romance de Henryk Sienkiewicz), durante a perseguição de Nero, Pedro teria tido vontade de deixar Roma. Mas o Senhor interveio e teria vindo ao encontro dele. Pedro, então, dirigindo-se ao mesmo Senhor perguntou: "Quo vadis Domine? — Onde ides, Senhor?". E o Senhor imediatamente lhe respondeu: "Vou para Roma, para ser crucificado pela segunda vez". Pedro voltou então para Roma e aí permaneceu até à sua crucifixão.
Sim, Irmãos e Filhos, Roma é a Sede de Pedro. No decorrer dos séculos sucederam-se nesta Sede sempre novos Bispos. E hoje um outro novo Bispo sobe à Cátedra de Pedro, um Bispo cheio de trepidação e consciente da sua indignidade. E como não havia ele de trepidar perante a grandeza de tal chamamento e perante a missão universal desta Sede Romana?
Depois, passou a ocupar hoje a Sé de Pedro em Roma um Bispo que não é romano, um Bispo que é filho da Polónia. Mas, a partir deste momento também ele se torna romano. Sim, romano! Até porque é filho de uma nação cuja história, desde os seus alvores, e cujas tradições milenárias estão marcadas por um ligame vivo, forte, jamais interrompido, sentido e vivido com a Sé de Pedro, de uma nação que a esta mesma Sé de Roma permaneceu sempre fiel. Oh, como é insondável o desígnio da Divina Providência!
Nos séculos passados, quando o Sucessor de Pedro tomava posse da sua Sede, era colocado sobre a sua cabeça o símbolo do trirregno, a tiara papal. O último a ser assim coroado foi o Papa Paulo VI em 1963, o qual, porém, após o rito solene da coroação, nunca mais usou esse símbolo do trirregno, deixando aos seus sucessores a liberdade para decidirem a tal respeito.
O Papa João Paulo I, cuja memória está ainda tão viva nos nossos corações, houve por bem não querer o trirregno; e hoje igualmente o declina o seu Sucessor. Efectivamente, não é o tempo em que vivemos tempo para se retornar a um rito e àquilo que, talvez injustamente, foi considerado como símbolo do poder temporal dos Papas.
O nosso tempo convida-nos, impele-nos e obriga-nos a olhar para o Senhor e a imergir-nos numa humilde e devota meditação do mistério cio supremo poder do mesmo Cristo.
Aquele que nasceu da Virgem Maria, o filho do carpinteiro — como se considerava —, o Filho de Deus vivo — confessado por Pedro — veio para fazer de todos nós um reino de sacerdotes (Cfr. Ex. 19, 6).
O II Concílio do Vaticano recordou-nos o mistério de um tal poder e o facto de que a missão de Cristo — Sacerdote, Profeta, Mestre e Rei — continua na Igreja. Todos, todo o Povo de Deus é participe desta tríplice missão. E talvez que no passado se pusesse sobre a cabeça do Papa o trirregno, aquela tríplice coroa, para exprimir, mediante tal símbolo, o desígnio do Senhor sobre a sua Igreja; ou seja, que toda a ordem hierárquica da Igreja de Cristo, todo o seu "sagrado poder" que nela é exercitado mais não é do que o serviço, aquele serviço que tem como finalidade uma só coisa: que todo o Povo de Deus seja participe daquela tríplice missão de Cristo e que permaneça sempre sob a soberania do Senhor, a qual não tem as suas origens nas potências deste mundo, mas sim no Pai celeste e no mistério da Cruz e da Ressurreição.
O poder absoluto e ao mesmo tempo doce e suave do Senhor corresponde a quanto é o mais —   profundo do homem, às suas mais elevadas aspirações da inteligência, da vontade e do coração. Esse poder não fala com a linguagem da força, mas exprime-se na caridade e na verdade.
O novo Sucessor de Pedro na Sé de Roma, neste dia, eleva uma prece ardente, humilde e confiante: O Cristo! Fazei com que eu possa tornar-me e ser sempre servidor do Vosso único poder! Servidor do Vosso suave poder! Servidor do vosso poder que não conhece ocaso! Fazei com que eu possa ser um servo! Mais ainda: servo dos Vossos servos.
Irmãos e Irmãs: não tenhais medo de acolher Cristo e de aceitar o Seu poder! E ajudai o Papa e todos aqueles que querem servir a Cristo e, com o poder de Cristo, servir o homem e a humanidade inteira! Não, não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo! Ao Seu poder salvador abri os confins dos Estados, os sistemas económicos assim como os políticos, os vastos campos de cultura, de civilização e de progresso! Não tenhais medo! Cristo sabe bem "o que é que está dentro do homem". Somente Ele o sabe!
Hoje em dia muito frequentemente o homem não sabe o que traz no interior de si mesmo, no profundo do seu ânimo e do seu coração, muito frequentemente se encontra incerto acerca do sentido da sua vida sobre esta terra. E sucede que é invadido pela dúvida que se transmuta em desespero. Permiti, pois — peço-vos e vo-lo imploro com humildade e com confiança — permiti a Cristo falar ao homem. Somente Ele tem palavras de vida; sim, de vida eterna.
Precisamente neste dia, a Igreja inteira celebra o seu "Dia Missionário Mundial"; ou seja, reza, medita e age a fim de que as palavras de vida de Cristo possam chegar a todos os homens e por eles sejam. acolhidas como mensagem de salvação, de esperança e de libertação total.
Quero agradecer a todos os presentes, que quiseram assim participar neste acto solene do início do ministério do novo Sucessor de Pedro.
Agradeço do coração aos Chefes de Estado, aos Representantes das Autoridades, às Delegações de Governos, pela sua presença que muito me honra.
Obrigado a Vós, Eminentíssimos Cardeais da Santa Igreja Romana!
Agradeço-vos, amados Irmãos no Episcopado! .
Obrigado a vós, Sacerdotes!
A vós, Irmãs e Irmãos, Religiosas e Religiosos das várias Ordens e Congregações, obrigado!
Obrigado a vós, Romanos!
Obrigado aos peregrinos, vindos aqui de todo o mundo!
E obrigado a todos aqueles que estão unidos a este Rito Sagrado através da Rádio e da Televisão!
E agora (em polaco) dirijo-me a vós, meus queridos compatriotas, Peregrinos da Polónia: aos Irmãos Bispos, tendo à frente o vosso magnífico Primaz; e aos Sacerdotes, Irmãs e Irmãos das Congregações religiosas, polacos, como também a vós, representantes da "Polónia" do mundo todo:
E que vos direi a vós, os que viestes aqui da minha Cracóvia, da Sé de Santo Estanislau, de quem eu fui indigno sucessor durante catorze anos! Que vos direi? — Tudo aquilo que vos pudesse dizer seria pálido reflexo em confronto com quanto sente neste momento o meu coração e sentem igualmente os vossos corações. Deixemos de parte, portanto, as palavras. E que fique apenas o grande silêncio diante de Deus, o silêncio que se traduz em oração.
Peço-vos que estejais comigo! Em Jasna Gora e em toda a parte. Não deixeis nunca de estar com o Papa, que neste dia ora com as palavras do poeta: "Mãe de Deus defendei vós a Límpida Czestochowa e resplandecei na 'Porta Aguda'!" (1). E as mesmas palavras eu as dirijo a vós, neste momento particular.
Fiz um apelo (em italiano) e um convite à oração pelo novo Papa, apelo que comecei a exprimir em língua polaca...
Com o mesmo apelo dirijo-me agora a vós, todos os filhos e todas as filhas da Igreja Católica. Lembrai-vos de mim, hoje e sempre, na vossa oração!
Aos católicos dos países de língua francesa (em francês), exprimo todo o meu afecto e toda a minha dedicação! E permito-me contar com o vosso amparo filial e sem reservas! Oxalá façais novos progressos na fé! Aqueles que não partilham esta fé, dirijo também a minha respeitosa e cordial saudação. Espero que os seus sentimentos de benevolência facilitarão a missão que me incumbe e que não deixa de ter reflexos sobre a felicidade e a paz do mundo!
A todos vós os que falais a língua inglesa (em inglês) envio, em nome de Cristo, uma cordial saudação. Conto com a ajuda das vossas orações e na vossa boa vontade, para levar avante a minha missão de serviço à Igreja e à humanidade. Que Cristo vos dê a Sua graça e a Sua paz, abatendo as barreiras da divisão e de tudo fazendo, n'Ele, uma só coisa.
Dirijo (em alemão) uma afectuosa saudação a todos os representantes dos povos dos países de língua alemã, aqui presentes. Diversas vezes, e ainda recentemente durante a minha visita à República Federal da Alemanha, tive ocasião de conhecer pessoalmente e de apreciar a benéfica actividade da Igreja e dos seus fiéis. Oxalá que o vosso compromisso e o vosso sacrifício por Cristo venham, também no futuro, a tornar-se fecundos para os grandes problemas e as preocupações da Igreja em todo o mundo. É isto o que vos peço, recomendando às vossas especiais orações o meu novo ministério apostólico.
O meu pensamento dirije-se agora para o mundo de língua espanhola (em espanhol), porção tão considerável da Igreja de Cristo. A vós, queridos Irmãos e Filhos, chegue neste momento solene a saudação afectuosa do novo Papa. Unidos pelos vínculos da comum fé católica, sede fiéis à vossa tradição cristã vivida num clima cada vez mais justo e solidário, mantende a vossa conhecida proximidade ao Vigário de Cristo e cultivai intensamente a devoção à nossa Mãe Maria Santíssima.
Irmãos e Filhos de língua portuguesa (em português): Como "servo dos servos de Deus", eu vos saúdo afectuosamente no Senhor. Abençoando-vos, confio na caridade da vossa oração e na vossa fidelidade, para viverdes sempre a mensagem deste dia e deste rito: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!
Que o Senhor, na Sua misericórdia, nos acompanhe a todos com a Sua graça e com o Seu amor pelos homens (em russo).
Com afecto sincero saúdo e abençoo todos os Ucranianos e Rutenos no mundo (em ucraniano).
Do coração saúdo e abençoo os Checos e os Eslovacos, que me estão tão próximos (em língua eslovaca).
Os meus sinceros bons votos para os irmãos Lituanos (em lituano). Sede felizes e fiéis a Cristo.
Abro o coração a todos os Irmãos das Igrejas e das Comunidades Cristãs, saudando-vos (em italiano) em particular a vós, os que estais aqui presentes, na expectativa do próximo encontro pessoal; mas desde já vos quero expressar sincero apreço por haverdes querido assistir a este rito solene.
E quero ainda dirigir-me a todos os homens — a cada um dos homens (e com quanta veneração o apóstolo de Cristo deve pronunciar esta palavra, homem!) :
— rezai por mim!
— ajudai-me, a fim de que eu vos possa servir!
Ámen. 

 

sábado, 19 de outubro de 2013

RETIRO JOVEM PÓS JMJ


Reflexão para o XXIX Domingo Comum

A primeira leitura extraída do livro do Êxodo, nos fala da necessidade da oração insistente. O povo luta contra seus inimigos e, apesar de sua bravura e do grande conhecimento de batalhas de seu comandante Josué, o líder religioso Moisés rezava. Contudo, quando o líder,cansado, parava de orar, o povo ficava em situação desfavorável e pedras foram colocadas sob os braços de Moisés para que suas mãos permanecessem estendidas em direção a Deus e, assim, o povo obtivesse a vitória.

A grande lição dessa cena é mostrar para todos nós que a sabedoria humana é muito importante, mas acima dela está o poder de Deus, seu amor por seus filhos. O homem deve ser humilde e confiar apenas em Deus. Fazer tudo, como se tudo dele dependesse, mas entregar e confiar em Deus, sabendo que d’Ele emana toda força, poder e amor.

No Evangelho, Lucas nos fala de Jesus contando a parábola da viúva e do juiz iníquo. Apesar desse juiz ser um mau caráter, a viúva não cessa de insistir e o vence exatamente por ser inoportuna. Do mesmo modo, devemos ser insistentes com o Pai, nos diz Jesus. Se a viúva foi insistente com um homem que não era bom e conseguiu, quanto mais nós com o Deus de bondade, de amor, que é nosso Pai, que nos criou por amor e por amor enviou Seu Filho para nos salvar!

Orar sem cessar! Mais que ser insistente, orar sem cessar significa levar uma vida de oração, de estar permanentemente em atitude de escuta, de discernimento.
Inácio de Loyola nos ensina à luz de Deus, todo dia passar os principais acontecimentos do dia, aqueles que nos chamaram atenção porque nos disseram algo. Ver aí o que o Senhor nos falou neles. Isso é orar sem cessar, é uma atitude de vida orante.


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

35 anos da eleição de João Paulo II

 Caros leitores, celebramos hoje os 35 anos da eleição do Beato Papa João Paulo II. Um grande sumo pontífice, que incansavelmente trabalhou pela Igreja em quase 28 anos de papado. Que lá do céu ele interceda por nós e logo celebraremos sua canonização, em 27 de abril.

Por isso, hoje colocamos aqui o vídeo do Habemus Papam de João Paulo II, para lembrarmos do histórico 16 de outubro de 1978.




segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Homilia do Papa Francisco no XXVIII Domingo Comum - Jornada Mariana

HOMILIA DO SANTO PADRE
Praça de São Pedro
Domingo, 13 de Outubro de 2013

Recitamos no salmo: «Cantai ao Senhor um cântico novo, porque Ele fez maravilhas» (Sl  97, 1).
Encontramo-nos hoje diante duma das maravilhas do Senhor: Maria! Uma criatura humilde e frágil como nós, escolhida para ser Mãe de Deus, Mãe do seu Criador.
Precisamente olhando Maria à luz das Leituras que acabámos de escutar, queria reflectir convosco sobre três realidades: a primeira, Deus surpreende-nos; a segunda, Deus pede-nos fidelidade; a terceira, Deus é a nossa força.
1. A primeira: Deus surpreende-nos. O caso de Naamã, comandante do exército do rei da Síria, é notável: para se curar da lepra, vai ter com o profeta de Deus, Eliseu, que não realiza ritos mágicos, nem lhe pede nada de extraordinário. Pede-lhe apenas para confiar em Deus e mergulhar na água do rio; e não dos grandes rios de Damasco, mas de um rio pequeno como o Jordão. É uma exigência que deixa Naamã perplexo e também surpreendido: Que Deus poderá ser este que pede uma coisa tão simples? A vontade primeira dele é retornar ao País, mas depois decide-se a fazê-lo, mergulha no Jordão e imediatamente fica curado (cf. 2Re 5,1-14). Vedes!? Deus surpreende-nos; é precisamente na pobreza, na fraqueza, na humildade que Ele Se manifesta e nos dá o seu amor que nos salva, cura, dá força. Pede somente que sigamos a sua palavra e tenhamos confiança n’Ele.
Esta é a experiência da Virgem Maria: perante o anúncio do Anjo, não esconde a sua admiração. Fica admirada ao ver que Deus, para Se fazer homem, escolheu precisamente a ela, jovem simples de Nazaré, que não vive nos palácios do poder e da riqueza, que não realizou feitos extraordinários, mas que está disponível a Deus, sabe confiar n’Ele, mesmo não entendendo tudo: «Eis a serva do Senhor, faça-se em Mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38). É a sua resposta. Deus surpreende-nos sempre, rompe os nossos esquemas, põe em crise os nossos projectos, e diz-nos: confia em Mim, não tenhas medo, deixa-te surpreender, sai de ti mesmo e segue-Me!
Hoje perguntemo-nos, todos, se temos medo daquilo que Deus me poderá pedir ou está pedindo. Deixo-me surpreender por Deus, como fez Maria, ou fecho-me nas minhas seguranças, seguranças materiais, seguranças intelectuais, seguranças ideológicas, seguranças dos meus projectos? Deixo verdadeiramente Deus entrar na minha vida? Como Lhe respondo?
2. Na passagem lida de São Paulo, ouvimos o Apóstolo dizer ao seu discípulo Timóteo: Lembra-te de Jesus Cristo; se perseverarmos com Ele, também com Ele reinaremos (cf. 2Tm 2,8-13). Aqui está o segundo ponto: lembrar-se sempre de Cristo, a memória de Jesus Cristo, e isto significa perseverar na fé. Deus surpreende-nos com o seu amor, mas pede fidelidade em segui-Lo. Podemos nos tornar “não fiéis”, mas Ele não pode; Ele é “o fiel” e pede-nos a mesma fidelidade. Pensemos quantas vezes já nos entusiasmámos por qualquer coisa, por uma iniciativa, por um compromisso, mas depois, ao surgirem os primeiros problemas, abandonámos. E, infelizmente, isto acontece também com as opções fundamentais, como a do matrimónio. É a dificuldade de ser constantes, de ser fiéis às decisões tomadas, aos compromissos assumidos. Muitas vezes é fácil dizer «sim», mas depois não se consegue repetir este «sim» todos os dias. Não se consegue ser fiéis.
Maria disse o seu «sim» a Deus, um «sim» que transtornou a sua vida humilde de Nazaré, mas não foi o único; antes, foi apenas o primeiro de muitos «sins» pronunciados no seu coração tanto nos seus momentos felizes, como nos dolorosos… muitos «sins» que culminaram no «sim» ao pé da Cruz. Estão aqui hoje muitas mães; pensai até onde chegou a fidelidade de Maria a Deus: ver o seu único Filho na Cruz. A mulher fiel, de pé, destruída por dentro, mas fiel e forte.
E eu me pergunto: sou um cristão “soluçante”, ou sou cristão sempre? Infelizmente, a cultura do provisório, do relativo penetra também na vivência da fé. Deus pede-nos para Lhe sermos fiéis, todos os dias, nas acções quotidianas; e acrescenta: mesmo se às vezes não Lhe somos fiéis, Ele é sempre fiel e, com a sua misericórdia, não se cansa de nos estender a mão para nos erguer e encorajar a retomar o caminho, a voltar para Ele e confessar-Lhe a nossa fraqueza a fim de que nos dê a sua força. E este é o caminho definitivo: sempre com o Senhor, mesmo com as nossas fraquezas, mesmo com os nossos pecados. Nunca podemos ir pela estrada do provisório. Isto nos destrói. A fé é a fidelidade definitiva, como a de Maria.
3. O último ponto: Deus é a nossa força. Penso nos dez leprosos do Evangelho curados por Jesus: vão ao seu encontro, param à distância e gritam: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós» (Lc 17, 13). Estão doentes, necessitados de serem amados, de terem força e procuram alguém que os cure. E Jesus responde, libertando-os a todos da sua doença. Causa estranheza, porém, o facto de ver que só regressa um para Lhe agradecer, louvando a Deus em alta voz. O próprio Jesus o sublinha: eram dez que gritaram para obter a cura, mas só um voltou para gritar em voz alta o seu obrigado a Deus e reconhecer que Ele é a nossa força. É preciso saber agradecer, saber louvar o Senhor pelo que faz por nós.
Vejamos Maria: depois da Anunciação, o primeiro gesto que ela realiza é um acto de caridade para com a sua parente idosa Isabel; e as primeiras palavras que profere são: «A minha alma enaltece o Senhor», ou seja, um cântico de louvor e agradecimento a Deus, não só pelo que fez n’Ela, mas também pela sua acção em toda a história da salvação. Tudo é dom d’Ele. Se conseguimos entender que tudo é dom de Deus, então quanta felicidade teremos no nosso coração! Tudo é dom d’Ele. Ele é a nossa força! Dizer obrigado parece tão fácil, e todavia é tão difícil! Quantas vezes dizemos obrigado em família? Esta é uma das palavras-chaves da convivência. “Com licença”, “perdão”, “obrigado”: se numa família se dizem estas três palavras, a família segue adiante. “Com licença”, “perdão”, “obrigado”. Quantas vezes dizemos “obrigado” junto da família? Quantas vezes dizemos obrigado a quem nos ajuda, vive perto de nós e nos acompanha na vida? Muitas vezes damos tudo isso como suposto! E o mesmo acontece com Deus. É fácil ir até ao Senhor para pedir alguma coisa, mas ir agradece-Lo… “Ah, isso é difícil”.
Continuando a Eucaristia, invocamos a intercessão de Maria, para que nos ajude a deixarmo-nos surpreender por Deus sem resistências, a sermos-Lhe fiéis todos os dias, a louvá-Lo e agradecer-Lhe porque Ele é a nossa força. Amen.


Palavras do Santo Padre na Vigília da Jornada Mariana

Amados irmãos e irmãs,
Este encontro do Ano da Fé é dedicado a Maria, Mãe de Cristo e da Igreja, nossa Mãe. A sua imagem, vinda de Fátima, ajuda-nos a sentir a sua presença no meio de nós. Há uma realidade: Maria leva-nos sempre a Jesus. É uma mulher de fé, uma verdadeira crente. Podemos nos perguntar: como foi a fé de Maria?
1. O primeiro elemento da sua fé é este: a fé de Maria desata o nó do pecado (cf. Cons. Ecum. Vat. II, Cost. Dogm. Lumen gentium, 56). Que significa isto? Os Padres conciliares [do Vaticano II] retomaram uma expressão de Santo Ireneu, que diz: «O nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; aquilo que a virgem Eva atara com a sua incredulidade, desatou-o a virgem Maria com a sua fé» (Adversus Haereses III, 22, 4).
Ei-lo, o «nó» da desobediência, o "nó" da incredulidade. Poderíamos dizer, quando uma criança desobedece à mãe ou ao pai, que se forma um pequeno «nó». Isto sucede, se a criança se dá conta do faz, especialmente se há pelo meio uma mentira; naquele momento, não se fia da mãe e do pai. Sabeis que isto acontece tantas vezes! Então a relação com os pais precisa de ser limpa desta falta e, de facto, pede-se desculpa para que haja de novo harmonia e confiança. Algo parecido acontece no nosso relacionamento com Deus. Quando não O escutamos, não seguimos a sua vontade e realizamos acções concretas em que demonstramos falta de confiança n’Ele – isto é o pecado –, forma-se uma espécie de nó dentro de nós. E estes nós tiram-nos a paz e a serenidade. São perigosos, porque de vários nós pode resultar um emaranhado, que se vai tornando cada vez mais penoso e difícil de desatar.
Mas, para a misericórdia de Deus – sabemos bem-, nada é impossível! Mesmo os nós mais complicados desatam-se com a sua graça. E Maria, que, com o seu «sim», abriu a porta a Deus para desatar o nó da desobediência antiga, é a mãe que, com paciência e ternura, nos leva a Deus, para que Ele desate os nós da nossa alma com a sua misericórdia de Pai. Cada um possui alguns destes nós, e podemos interrogar-nos dentro do nosso coração: Quais são os nós que existem na minha vida? “Padre, os meus nós não podem ser desatados”! Não, isto está errado! Todos os nós do coração, todos os nós da consciência podem ser desatados. Para mudar, para desatar os nós, peço a Maria que me ajude a ter confiança na misericórdia de Deus? Ela, mulher de fé, certamente nos dirá: “Segue adiante, vai até ao Senhor: Ele te entende”. E Ela nos leva pela mão, Mãe, até ao abraço do Pai, do Pai da misericórdia.
2. Segundo elemento: a fé de Maria dá carne humana a Jesus. Diz o Concílio: «Acreditando e obedecendo, [Maria] gerou na terra, sem ter conhecido varão, por obra e graça do Espírito Santo, o Filho do eterno Pai» (Cost. Dogm. Lumen gentium, 63). Este é um ponto em que os Padres da Igreja insistiram muito: Maria primeiro concebeu Jesus na fé e, depois, na carne, quando disse «sim» ao anúncio que Deus lhe dirigiu através do Anjo. Que significa isto? Significa que Deus não quis fazer-Se homem, ignorando a nossa liberdade, mas quis passar através do livre consentimento de Maria, através do seu «sim». Deus pediu: “Estás disposta a fazer isto”? E Ela disse: “Sim”.
Entretanto aquilo que acontec eu de uma forma única na Virgem Mãe, sucede a nível espiritual também em nós, quando acolhemos a Palavra de Deus com um coração bom e sincero, e a pomos em prática. É como se Deus tomasse carne em nós: Ele vem habitar em nós, porque faz morada naqueles que O amam e observam a sua Palavra. Não é fácil entender isto, mas, sim é fácil senti-lo no coração.
Pensamos que a encarnação de Jesus é um facto apenas do passado, que não nos toca pessoalmente? Crer em Jesus significa oferecer-Lhe a nossa carne, com a humildade e a coragem de Maria, para que Ele possa continuar a habitar no meio dos homens; significa oferecer-Lhe as nossas mãos, para acariciar os pequeninos e os pobres; os nossos pés, para ir ao encontro dos irmãos; os nossos braços, para sustentar quem é fraco e trabalhar na vinha do Senhor; a nossa mente, para pensar e fazer projectos à luz do Evangelho; e sobretudo o nosso coração, para amar e tomar decisões de acordo com a vontade de Deus. Tudo isto acontece graças à acção do Espírito Santo. E assim, somos os instrumentos de Deus para que Jesus possa actuar no mundo por meio de nós.
3. E o último elemento é a fé de Maria como caminho: o Concílio afirma que Maria «avançou pelo caminho da fé» (ibid., 58). Por isso, Ela nos precede neste caminho, nos acompanha, nos sustenta.
Em que sentido a fé de Maria foi um caminho? No sentido de que toda a sua vida foi seguir o seu Filho: Ele - Jesus - é a estrada, Ele é o caminho! Progredir na fé, avançar nesta peregrinação espiritual que é a fé, não é senão seguir a Jesus; ouvi-Lo e deixar-se guiar pelas suas palavras; ver como Ele se comporta e pôr os pés nas suas pegadas, ter os próprios sentimentos e atitudes d’Ele. E quais são os sentimentos e as atitudes de Jesus? Humildade, misericórdia, solidariedade, mas também firme repulsa da hipocrisia, do fingimento, da idolatria. O caminho de Jesus é o do amor fiel até ao fim, até ao sacrifício da vida: é o caminho da cruz. Por isso, o caminho da fé passa através da cruz, e Maria compreendeu-o desde o princípio, quando Herodes queria matar Jesus recém-nascido. Mas, depois, esta cruz tornou-se mais profunda, quando Jesus foi rejeitado: Maria estava sempre com Jesus, seguia Jesus no meio do povo, escutava as fofocas, o ódio daqueles que não queriam bem ao Senhor. E, esta Cruz, Ela a levou! Então a fé de Maria enfrentou a incompreensão e o desprezo. Quando chegou a «hora» de Jesus, ou seja, a hora da paixão: então a fé de Maria foi a chamazinha na noite: aquela chamazinha no meio da noite. Na noite de Sábado Santo, Maria esteve de vigia. A sua chamazinha, pequena mas clara, esteve acesa até ao alvorecer da Ressurreição; e quando lhe chegou a notícia de que o sepulcro estava vazio, no seu coração alastrou-se a alegria da fé, a fé cristã na morte e ressurreição de Jesus Cristo. Porque a fé sempre nos traz alegria, e Ela é a Mãe da alegria: que Ela nos ensine a caminhar por esta estrada da alegria e viver esta alegria! Este é o ponto culminante – esta alegria, este encontro entre Jesus e Maria – imaginemos como foi…Este encontro é o ponto culminante do caminho da fé de Maria e de toda a Igreja. Como está a nossa fé? Temo-la, como Maria, acesa mesmo nos momentos difíceis, de escuridão? Senti a alegria da fé?
Esta noite, Mãe, nós Te agradecemos pela tua fé, de mulher forte e humilde; renovamos a nossa entrega a Ti, Mãe da nossa fé. Amém.


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Homilia do Papa Bento XVI nos 50 anos da morte do Papa Pio XII

HOMILIA DO PAPA BENTO XVI

Basílica Vaticana
Quinta-feira, 9 de Outubro de 2008

Senhores Cardeais
Venerados Irmãos
no Episcopado e no Sacerdócio
Queridos irmãos e irmãs!
O trecho do livro do Sirácide e o prólogo da Primeira Leitura de São Pedro, proclamados como primeira e segunda leitura, oferecem-nos significativos temas de reflexão nesta celebração eucarística, durante a qual recordamos o meu venerado predecessor, o Servo de Deus Pio XII. Transcorreram exactamente cinquenta anos depois da sua morte, que se verificou nas primeiras horas do dia 9 de Outubro de 1958. O Sirácide, como ouvimos, recordou a quantos desejam seguir o Senhor que devem preparar-se para enfrentar provações, dificuldades e sofrimentos. Para não lhes sucumbir ele admoesta é preciso um coração recto e constante, fidelidade a Deus e paciência juntamente com inflexível determinação em prosseguir no caminho do bem. O sofrimento apura o coração do discípulo do Senhor, como o ouro purificado na fornalha. "Aceita tudo o que te acontecer escreve o autor sagrado e nas vicissitudes da tua humilhação tem paciência, porque no fogo se prova o ouro e os homens agradáveis a Deus, no caminho da humilhação" (2, 4-5).
São Pedro, por seu lado, na perícope que nos foi proposta, dirigindo-se aos cristãos da comunidade da Ásia Menor que estavam submetidos a tormentos por "diversas provações", vai ainda mais além: pede-lhes que sejam, não obstante, "cheios de alegria" (1 Pd 1, 6). De facto, a prova é necessária, observa ele, "para que o valor da vossa fé, muito mais preciosa que o ouro perecível, o qual se prova pelo fogo destinado a perecer e contudo purificado com o fogo seja digna de louvor, de glória e de honra quando Jesus Cristo se manifestar" (1 Pd 1, 7). E depois, pela segunda vez, exorta-os a rejubilar, aliás a exultar "de alegria inefável e gloriosa" (v. 8). A razão profunda deste júbilo espiritual consiste no amor a Jesus e na certeza da sua presença invisível. É Ele quem torna a fé e a esperança dos crentes inabaláveis também nas fases mais complicadas e duras da existência.
À luz destes textos bíblicos podemos ler a vicissitude terrena do Papa Pacelli e o seu longo serviço à Igreja que iniciou em 1901 sob Leão XIII, e que continuou com São Pio X, Bento XV e Pio XI. Estes textos bíblicos ajudam-nos sobretudo a compreender qual tenha sido a fonte à qual ele foi buscar coragem e paciência no seu ministério pontifício, desempenhado nos anos atormentados da segunda guerra mundial e no período seguinte, não menos complexo, da reconstrução e das difíceis relações internacionais que passaram à história com a qualificação significativa de "guerra fria".
Miserere mei Deus, secundum magnam misericordiam tuam": com esta invocação do Salmo 50/51 Pio XII iniciava o seu testamento. E prosseguia: "Estas palavras que, ciente de ser imerecedor e ímpar, pronunciei no momento em que dei, emocionado, a minha aceitação à eleição para Sumo Pontífice, com muito mais fundamento o repito agora". Faltavam dois anos para a sua morte. Abandonar-se nas mãos misericordiosas de Deus: foi esta a atitude que cultivou constantemente este meu venerado Predecessor, o último Papa nascido em Roma e pertencente a uma família ligada há muitos anos à Santa Sé. Na Alemanha, onde desempenhou a função de Núncio Apostólico, primeiro em Munique e depois em Berlim até 1929, deixou atrás de si uma grata memória, sobretudo por ter colaborado com Bento XV na tentativa de impedir "o massacre inútil" da Guerra Mundial, e por ter advertido desde o seu surgir o perigo constituído pela monstruosa ideologia nacional-socialista com a sua perniciosa raiz antisemita e anticatólica. Criado Cardeal em Dezembro de 1929, e tendo-se tornado pouco depois Secretário de Estado, foi durante nove anos fiel colaborador de Pio XI, numa época marcada pelos totalitarismos: o fascista, o nazista e o comunista soviético, condenados respectivamente pelas Encíclicas Não temos necessidade, Mit Brennender Sorge e Divini Redemptoris.
"Quem ouve a minha palavra e crê.... tem a vida eterna" (Jo 5, 24). Esta certeza dada por Jesus, que ouvimos no Evangelho, faz-nos pensar nos momentos mais difíceis do pontificado de Pio XII quando, vendo o esvaecer de qualquer certeza humana, sentia grande necessidade, também através de um constante esforço ascético, de aderir a Cristo, única certeza que não passa. A Palavra de Deus torna-se assim luz para o seu caminho, um caminho no qual o Papa Pacelli confortou refugiados e perseguidos, teve que enxugar lágrimas de dor e chorar as inúmeras vítimas da guerra. Só Cristo é verdadeira esperança do homem; só confiando n'Ele o coração humano se pode abrir ao amor que vence o ódio. Esta consciência acompanhou Pio XII no seu ministério de Sucessor de Pedro, ministério que iniciou precisamente quando se adensavam sobre a Europa e sobre o resto do mundo as nuvens ameaçadoras de um novo conflito mundial, que ele procurou evitar de todas as formas: "É iminente o perigo, mas ainda estamos a tempo. Nada está perdido com a paz. Tudo se perde com a guerra", gritou na sua radiomensagem de 24 de Agosto de 1939 (AAS, XXXI, 1939, p. 334).
A guerra pôs em evidencia o amor que sentia pela sua "amada Roma", amor testemunhado pela intensa obra de caridade que promoveu em defesa dos perseguidos, sem qualquer distinção de religião, etnia, nacionalidade, nem pertença política. Quando, estando a cidade ocupada, lhe foi repetidamente aconselhado deixar o Vaticano para se pôr em salvo, a sua resposta foi sempre idêntica e decidida: "Não deixarei Roma nem o meu lugar, mesmo que tivesse que morrer" (cf. Summarium, p. 186). Os familiares e outras testemunhas referiram ainda as suas privações no que respeita à alimentação, aquecimento, vestuário, conforto, a que se submeteu voluntariamente para partilhar a condição do povo duramente provado pelos bombardeamentos e pelas consequências da guerra (cf. A. Tornielli, Pio XII, Um homem no trono de Pedro). E como não recordar a radiomensagem de Natal de Dezembro de 1942? Com a voz quebrada pela comoção deplorou a situação das "centenas de milhares de pessoas, que, sem culpa própria alguma, por vezes só por razões de nacionalidade ou de raça, são destinadas à morte ou a um definhamento progressivo" (AAS, XXXV, 1943, p. 23), fazendo uma referencia clara à deportação e ao extermínio perpetrado contra os judeus. Agiu com muita frequência de modo secreto e silencioso precisamente porque, à luz das situações concretas daquele momento histórico complexo, ele intuía que só assim se podia evitar o pior e salvar o maior número possível de judeus. Por estas suas intervenções, numerosas e unânimes confirmações de gratidão lhe foram dirigidas no final da guerra, assim como no momento da morte, pelas mais iminentes autoridades do mundo judaico, como por exemplo, o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Golda Meir, que assim escreveu: "Quando o martírio mais assustador atingiu o nosso povo, durante os dez anos de terror nazista, a voz do Pontífice elevou-se a favor das vítimas", concluindo com comoção: "Nós choramos a perda de um grande servidor da paz".
Infelizmente o debate histórico sobre a figura do Servo de Deus Pio XII, nem sempre sereno, não pôs em evidencia todos os aspectos do seu poliédrico pontificado. Foram muitíssimos os discursos, as alocuções e as mensagens que dirigiu a cientistas, médicos, representantes das mais diversificadas categorias de trabalhadores, alguns dos quais conservam ainda hoje uma extraordinária actualidade e continuam a ser ponto de referencia certo. Paulo vi, que foi seu fiel colaborador durante muitos anos, descreveu-o como um erudito, atento estudioso, aberto aos caminhos modernos da pesquisa e da cultura, com uma fidelidade e coerência sempre firme quer aos princípios da racionalidade humana, quer ao intangível depósito da verdade da fé. Considerava-o como um precursor do Concílio Vaticano II (cf. Angelus de 10 de Março de 1974). Nesta perspectiva, muitos dos seus documentos mereceriam ser recordados, mas limito-me a citar alguns. Com a Encíclica Mystici Corporis, publicada a 29 de Junho de 1943 quando ainda enfurecia a guerra, ele descrevia as relações espirituais e visíveis que unem os homens ao Verbo encarnado e propunha integrar nesta perspectiva todos os temas principais da eclesiologia, oferecendo pela primeira vez uma síntese dogmática e teológica que teria sido a base para a Constituição dogmática conciliar Lumen gentium.
Poucos meses mais tarde, a 20 de Setembro de 1943, com a Encíclica Divino afflante Spiritu estabelecia as normas doutrinais para o estudo da Sagrada Escritura, realçando a sua importância e o seu papel na vida crista. Trata-se de um documento que testemunha uma grande abertura à pesquisa científica sobre os textos bíblicos. Como não recordar esta Encíclica, quando estão a decorrer os trabalhos do Sínodo que tem como tema precisamente "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja"? Deve-se à intuição profética de Pio XII o início de um sério estudo das características da historiografia antiga, para melhor compreender a natureza dos livros sagrados, sem diminuir ou negar o seu valor histórico. O aprofundamento dos "géneros literários", que pretendia compreender melhor o que o autor sagrado quisera dizer, até 1943 tinha sido visto com algumas suspeitas, também devido aos abusos que se tinham verificado. A Encíclica reconhecia a sua justa aplicação, declarando legítimo o seu uso para o estudo não só do Antigo testamento, mas também do Novo. "Depois hoje esta arte explicou o Papa a que se costuma chamar crítica textual e nas edições dos autores profanos emprega-se com grande louvor e igual proveito, com pleno direito se aplica aos Livros Sagrados precisamente pela reverencia devida à palavra de Deus". E acrescentou: "Finalidade sua é de facto restituir com toda a possível exactidão o texto sagrado ao seu teor primitivo, purificando-o das deformações nele inseridas pelas faltas dos copistas e libertando-o dos comentários e lacunas, das transposições de palavras, das repetições e de defeitos semelhantes de todos os tipos, que nos escritos transmitidos à mão durante séculos costumam infiltrar-se" (AAS, XXXV, 1943, p. 336).
A terceira Encíclica que pretendo mencionar é a Mediator Dei, dedicada à liturgia, publicada a 20 de Novembro de 1947. Com este Documento o Servo de Deus estimulou o movimento litúrgico, insistindo sobre o "elemento essencial do culto", que "deve ser interno: de facto, é necessário escreve ele viver sempre em Cristo, dedicar-se totalmente a Ele, dar glória ao Pai n'Ele, com Ele e por Ele. A sagrada Liturgia exige que estes dois elementos estejam intimamente unidos... Diversamente, a religião torna-se um formalismo sem fundamento e sem conteúdo". Depois, não podemos deixar de mencionar o estímulo notável que este Pontífice deu à actividade missionária da Igreja com as Encíclicas Evangelii praecones (1951) e Fidei donum (1957), realçando o dever de cada comunidade de anunciar o Evangelho às nações, como o Concílio Vaticano II fará com vigor corajoso. Aliás, o Papa Pacelli tinha mostrado o amor pelas missões desde o início do pontificado, quando em Outubro de 1939 quis consagrar pessoalmente doze Bispos de Países de missão, entre os quais um indiano, um chinês, um japonês, o primeiro Bispo africano e o primeiro Bispo de Madagáscar. Uma das suas preocupações pastorais constantes foi, por fim, a promoção do papel dos leigos, para que a comunidade eclesial pudesse servir-se de todas as energias e recursos disponíveis. Também por isto a Igreja e o mundo lhe são gratos.
Queridos irmãos e irmãs, enquanto rezamos para que prossiga felizmente a causa de beatificação do Servo de Deus Pio XII, é bom recordar que a santidade foi o seu ideal, um ideal que não deixou de propor a todos. Por isso incrementou as causas de beatificação e canonização de pessoas pertencentes a diversos povos, representantes de todos os estados de vida, funções e profissões, reservando amplo espaço às mulheres. Indicou precisamente Maria, a Mulher da salvação, como sinal de esperança certa proclamando o dogma da Assunção durante o Ano Santo de 1950. Neste nosso mundo que, como então, está atormentado por preocupações e angústias pelo seu futuro; neste mundo onde, talvez mais do que naquela época, o afastamento de muitos da verdade e da virtude deixa entrever cenários privados de esperança, Pio XII convida-nos a dirigir o olhar para Maria elevada à glória celeste. Convida-nos a invocá-la com confiança, para que nos faça apreciar cada vez mais o valor da vida sobre a terra e nos ajude a dirigir o olhar para a meta verdadeira para a qual todos estamos destinados: a da vida eterna que, como garante Jesus, já possui quem ouve e segue a sua palavra. Amém! 


Santa Missa pelos 50 anos da morte do Papa Pio XII

Caros leitores, no dia 09 de outubro de 2008 o então Papa Bento XVI presidiu a Santa Missa solene pelos 50 anos da morte de Pio XII. Colocamos aqui as imagens da celebração e em breve a homilia do Santo Padre.













55 anos da morte do Papa Pio XII

 Caros leitores, neste dia 09 de outubro celebramos 55 anos da morte do venerável Papa Pio XII, que governou a Igreja de 1939 até 1958. Ficou conhecido por ter salvo muitos judeus da morte na Segunda Guerra Mundial. Pio XII também era conhecido por sua simplicidade e proximidade com as pessoas.


sábado, 5 de outubro de 2013

Celebramos hoje São Benedito

Benedito, Filho de Cristovão Manasseri e Diana Larcan, nasceu na Sicília no ano de 1526 (1524 segundo alguns historiadores). Era descendente de escravos trazidos da Etiópia para Itália.
Sua mãe era muito devota do Santíssimo Sacramento e possuía extrema caridade para com os pobres. Seu pai, Cristovão, era bastante piedoso, muito dedicado a Deus e também ao trabalho.
Ao se casarem, seus pais fizeram um voto de castidade. O patrão deles foi quem os convenceu de gerarem filhos, com a promessa de que seu primeiro filho (e possivelmente também os demais) seria livre. Assim nasce Benedito, menino que desde pequeno despertava atenção em quem o observava, pois seu semblante era sereno e belo. Seus pais tiverem ainda outros filhos: Marcos, Baldassara e Fradella.
Benedito cresce de maneira muito humilde, sem estudos, porém não sem adquirir enorme sabedoria, que desde cedo aprendera de seus pais. Durante sua juventude, Benedito foi um zeloso pastor de ovelhas. Durante todo o tempo que exerceu este ofício, ele rezava o Santo Rosário com muita devoção enquanto pastoreava seu rebanho.
Quando tinha dezoito anos, após longo tempo de sacrifícios, Benedito conseguiu a quantia necessária para comprar uma junta de bois. Esta foi uma excelente oportunidade de arrecadar algum dinheiro para prestar sua ajuda aos pobres.
Certa vez, enquanto cuidava de seu rebanho, Benedito sofria zombarias por parte de alguns rapazes por causa de sua cor negra. Naquele mesmo momento, Frei Jerônimo Lanza, um piedoso eremita, viu aquela cena e repreendeu os rapazes exclamando: "Ah! hoje fazeis caçoadas e ridicularizais este pobre negrinho. Mas daqui a poucos anos vereis a sua fama correr todo o mundo!".
Pouco tempo depois, Frei Jerônimo Lanza passava novamente por aquela região e disse a Benedito: "Que fazes aqui? Vamos! Vende estes bois e vem comigo". Animado com o convite do religioso e disposto, já há muito tempo a doar-se totalmente a Nosso Senhor, Benedito deixa tudo o que possuía e ingressa na Ordem dos Irmãos Eremitas Franciscanos. Seus pais, tão piedosos que eram, não ousaram nem mesmo questionar a decisão de seu filho, não obstante a necessidade que tinham de que ele lhes ajudasse.

Vida religiosa

Conforme a autorização do Papa Júlio III, os eremitas professavam a Regra Franciscana. Todavia, além dos votos de pobreza, obediência e castidade, os eremitas possuíam ainda um 4º voto: o de vida quaresmal, segundo o qual jejuavam três vezes por semana, e levavam uma vida muito rigorosa. Após um período sem saber onde se instalariam, os eremitas estabelecem-se junto ao Monte Pellegrino, onde Frei Jerônimo iria falecer.
O Papa Pio IV, em 1562, cancelou a licença do Papa Júlio III à Ordem dos Eremitas, e ordenou que os eremitas procurassem algum convento da Ordem Primeira Franciscana.
Não sabendo em qual convento ingressar, Benedito recolhe-se em oração diante de Nossa Senhora, na Catedral de Palermo, e pede-lhe entre lágrimas, que lhe indique o caminho a seguir. Durante sua oração, ouviu a Virgem que lhe dizia: "Meu filho, é vontade de Deus que entres para a Ordem dos Frades Menores Reformados". Mais do que depressa, Benedito procura Frei Arcângelo de Scieli, guardião do Convento de Santa Maria de Jesus, por quem foi muito bem acolhido.
Poucos dias depois, os superiores decidem enviar Benedito ao Convento de Sant’Ana di Giuliana, onde faria um novo noviciado, pois embora fosse religioso há muito tempos, este ramo Franciscano era bem diferente do ramo eremita.
Três anos depois, seus superiores o convidam para retornar ao Convento de Santa Maria de Jesus, onde ficaria até a morte. Ali, na mais intensa
humildade, exercendo o ofício de cozinheiro, Benedito se destacaria pelos inúmeros prodígios que Deus realizaria por meio dele.

Os milagres de São Benedito

Surgem os peixes:
Certa vez, durante o rigoroso inverno da região, os frades já não tinham mais alimento no Convento, pois viviam de esmolas e, por causa do inverno, não podiam sair para pedir doações. Todos os frades já rezavam insistentemente, pedindo a Deus o “pão nosso de cada dia”. À noite, Frei Benedito pediu ao auxiliar de cozinha que lhe ajudasse a encher d’água muitas panelas da cozinha, e se foram deitar. No dia seguinte todos puderam observar o milagre: as panelas estavam cheias de grandes peixes. Assim, todos se fartaram dos peixes que surgiram no Convento.

Refeição para o arcebispo:
Era a Solenidade do Natal de Nosso Senhor, e o Arcebispo, como de costume, foi visitar o Convento de Santa Maria de Jesus. Frei Benedito, como já dissemos, era o responsável pela cozinha, e deveria preparar um maravilhoso banquete para o Arcebispo e para todos os frades.
Ao participar da Missa da Aurora, Benedito, logo após a comunhão, fica a observar o presépio, maravilhado diante do Mistério do Deus-Menino. Os irmãos cobram dele que prepare a refeição, pois logo após a missa Pontifical o almoço deveria ser servido. Para a surpresa de todos, Frei Benedito entra em profunda contemplação e ali permanece durante horas. Após a missa todos os frades se desesperam. Mas suas preocupações transformam-se em profundo louvor a Deus quando encontram dois rapazes (que eram anjos) terminando de preparar um delicioso banquete.

Alimentos se tornam rosas:
Frei Benedito sempre se demonstrou extremamente preocupado com aqueles que tinham menos do que ele para sobreviverem. Portanto ele retirava alguns alimentos do Convento e os levava escondidos para os pobres. Certa vez, enquanto fazia o mesmo ato de sempre, o Superior do Convento questionou a atitude suspeita de Benedito: “Que escondes embaixo de teu manto, irmão Benedito?” Frei Benedito respondeu: “São rosas, meu senhor!”. Quando abriu seu manto, Frei Benedito deixou cair maravilhosas rosas, que quebraram as suspeitas do superior.

Uma criança volta à vida:
Nas proximidades do Convento uma carroça tombou, fazendo com que uma das senhoras que estava na carroça caísse sobre uma criança de apenas cinco meses de idade: a criança morreu asfixiada. Frei Benedito correu ao encontro da criança, tomou-a nos seus braços, impôs-lhe as mãos e rezou com muita fé. Entregou a criança à sua mãe e mandou que amamentasse a criança. Ao aproximar a criança de seu seio, tamanha foi a alegria daquela mãe ao ver seu filho voltar à vida.

Superior do Convento

Embora não fosse sacerdote e fosse analfabeto, Frei Benedito foi eleito, em 1578, Superior do Convento, cargo que só era ocupado por sacerdotes. A princípio ele recusou o cargo. Todavia teve que aceitar por obediência a seus superiores. Assumiu este ofício com total dedicação, observando de forma mais rigorosa as regras da congregação.
Tanto confiava na Providência Divina, que Frei Benedito deu uma ordem para que jamais se recusassem esmolas aos pobres que pedissem ajuda. Frei Benedito, como superior do Convento, sempre foi o primeiro nas virtudes e na obediência. Ele possuía o Dom da Ciência Infusa, pois, sendo analfabeto, ensinava a muitos teólogos e religiosos sobre questões referentes à fé e à
ordem. Todos que o ouviam ficavam admirados. Frei Benedito possuía também o dom de penetrar os corações.
Ao terminar o tempo de sua função como superior do convento, Benedito retornou ao trabalho de cozinheiro, o que lhe deixou muito feliz.

Morte de São Benedito

Em fevereiro de 1589, Frei Benedito adoece. Seu médico já havia previsto sua morte, mas Benedito afirmava com toda certeza que ainda não havia chegado a sua hora. Sendo assim, o humilde Frei teve sua saúde restabelecida. Todavia, em março, adoeceu novamente. Nada o podia aliviar. Disse então aos seus irmãos frades: "enterrem logo o meu corpo para que não tenham contrariedade".
Após receber o Viático, Frei Benedito teve uma visão, onde lhe visitaram Santa Úrsula e as onze mil virgens. Logo depois, disse para que acendessem a vela e lhe pusesse nas mãos. Tendo chegado a hora derradeira, Frei Benedito parte desta vida para a eternidade dizendo: "Jesus! Jesus! Minha Mãe doce Maria! Meu pai São Francisco". Assim morre Frei Benedito, aos 4 de abril de 1589.

Translado de seu corpo

“Em 7 de maio de 1592, seu corpo foi transladado pela primeira vez. Do seu corpo exalava sublime perfume, sendo seu corpo encontrado em perfeito estado de conservação, sem uso de qualquer produto químico. Em 3 de outubro de 1611 foi feita a segunda transladação do corpo, colocado em urna de cristal. Ainda hoje continua conservado, exposto em Urna Mortuária para visitação pública numa Capela lateral da Igreja de Santa Maria, em Palermo, Itália.”
São Benedito foi canonizado em 1807.

(Compilação: Sem. André Novaki)



Imagens da Santa Missa do Papa Francisco em Assis

 Caros leitores publicamos abaixo algumas imagens da Santa Missa do Papa Francisco em Assis no dia de ontem. Essas fotos foram publicadas na página do Mons. Guido Marini no Facebook.

Oração na cripta de São Francisco antes da Santa Missa

Incensação do altar

Saudação inicial

Deposição da mitra

Bênção com o Evangeliário

Homilia

Liturgia Eucarística

Ação de graças pós comunhão


Papa Francisco

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