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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Palavras do Papa Francisco na conclusão do mês de maio

 RECITAÇÃO DO SANTO ROSÁRIO NA CONCLUSÃO DO MÊS MARIANO
PALAVRAS DO PAPA FRANCISCO
Praça de São Pedro
Sexta-feira, 31 de Maio de 2013 

Estimados irmãos e irmãs
Esta tarde oramos juntos o Santo Rosário; repercorremos alguns acontecimentos do caminho de Jesus, da nossa salvação, juntamente com Aquela que é a nossa Mãe, Maria, Aquela que com mão firme nos guia rumo ao seu Filho Jesus. Maria guia-nos sempre para Jesus.
Hoje celebramos a festa da Visitação da Bem-Aventurada Virgem Maria à sua parente Isabel. Gostaria de meditar convosco este mistério que indica como Maria enfrenta o caminho da sua vida com grande realismo, humanidade e consistência.
Três palavras resumem a atitude de Maria: escuta, decisão e acção; escuta, decisão e acção. Palavras que indicam um caminho também para nós diante daquilo que o Senhor nos pede na vida. Escuta, decisão e acção.
Escuta. De onde nasce o gesto de Maria, de ir visitar a sua parente Isabel? De uma palavra do Anjo de Deus: «Também Isabel, tua parente, concebeu um filho na sua velhice...» (Lc 1, 36). Maria sabe ouvir a Deus. Atenção: não se trata de um simples «escutar», um ouvir superficial, mas é uma «escuta» feita de atenção, de acolhimento e de disponibilidade a Deus. Não é o modo distraído com que às vezes nos pomos diante do Senhor ou perante os outros: escutamos as palavras, mas não ouvimos verdadeiramente. Maria está atenta a Deus, ouve Deus.
Mas Maria ouve também os acontecimentos, ou seja, lê os eventos da sua vida, está atenta à realidade concreta e não se limita à superfície, mas vai às profundezas, para compreender o seu significado. A parente Isabel, que já é idosa, está grávida: este é o acontecimento. Mas Maria está atenta ao significado, sabe compreendê-lo: «A Deus nada é impossível» (Lc 1, 37).
Isto é válido também na nossa vida: escuta de Deus que nos fala, e escuta também da realidade quotidiana, atenção às pessoas, aos acontecimentos, porque o Senhor está à porta da nossa vida e bate de muitos modos, lançando sinais ao longo do nosso caminho; dá-nos a capacidade de os ver. Maria é a Mãe da escuta, da escuta atenta de Deus e da escuta igualmente atenta dos acontecimentos da vida.
A segunda palavra: decisão. Maria não vive «apressada», ansiosamente, mas, como são Lucas ressalta, «ponderava tudo no seu coração» (cf. Lc 2, 19.51). E também no momento decisivo da Anunciação do Anjo, Ela pergunta: «Come acontecerá isto?» (Lc 1, 34). Mas não se detém nem sequer no momento da reflexão; dá um passo em frente: decide. Não vive apressadamente, mas só quando é necessário «vai à pressa». Maria não se deixa levar pelos acontecimentos, não evita o cansaço da decisão. E isto acontece tanto na escolha fundamental que mudará a sua vida: «Eis a serva do Senhor…» (cf. Lc 1, 38), como nas opções mais quotidianas, mas também elas ricas de significado. Vem ao meu pensamento o episódio das bodas de Caná (cf. Jo 2, 1-11): também aqui se vê o realismo, a humanidade e a consistência de Maria, que permanece atenta aos acontecimentos e aos problemas; Ela vê e compreende a dificuldade daqueles dois jovens esposos aos quais vem a faltar o vinho da festa, medita e sabe que Jesus pode fazer algo, e assim decide dirigir-se ao Filho para que intervenha: «Eles já não têm vinho» (Jo 2, 3). Decide.
Na vida é difícil tomar decisões, e muitas vezes tendemos a adiar, a deixar que outras pessoas decidam por nós, frequentemente preferimos deixar-nos levar pelos acontecimentos, seguir a moda do momento; às vezes sabemos o que devemos levar a cabo, mas não temos a coragem de o fazer, ou parece-nos demasiado difícil porque significa ir contra a corrente. Na Anunciação, na Visitação e nas bodas de Caná Maria vai contra a corrente; Maria vai contra a corrente; põe-se à escuta de Deus, medita, procura compreender a realidade e decide confiar-se totalmente a Deus, e embora esteja grávida decide ir visitar a sua parente idosa, decide confiar-se ao Filho com insistência para salvar a alegria das bodas.
A terceira palavra: acção. Maria pôs-se a caminho «apressadamente…» (cf. Lc 1, 39). No domingo passado sublinhei este modo de agir de Maria: não obstante as dificuldades, as críticas que terá recebido devido à sua decisão de partir, não se detém diante de nada. E assim vai «depressa». Na oração diante de Deus que fala, ponderando e meditando sobre os acontecimentos da sua vida, Maria não tem pressa, não se deixa levar pelo momento, não se deixa arrastar pelos eventos. Mas quando compreende claramente o que Deus lhe pede, o que deve levar a cabo, não hesita, não se atrasa, mas vai «depressa». Santo Ambrósio comenta: «A graça do Espírito Santo não permite demoras» (Expos. Evang. sec. Lucam, ii, 19: pl 15, 1560). O agir de Maria é uma consequência da sua obediência às palavras do Anjo, mas unida à caridade: vai visitar Isabel para lhe ser útil; e neste gesto de sair da sua casa, de si mesma por amor, leva consigo aquilo que possui de mais precioso: Jesus; leva o Filho.
Às vezes, também nós nos limitamos à escuta, à reflexão sobre aquilo que deveríamos levar a cabo, e talvez compreendamos claramente a decisão que devemos tomar, mas não realizamos a passagem para a acção. E sobretudo não nos pomos em jogo a nós mesmos, movendo-nos «depressa» rumo aos outros para lhes prestar a nossa ajuda, a nossa compreensão e a nossa caridade; para levar também nós, a exemplo de Maria, aquilo que possuímos de mais precioso e que recebemos, Jesus e o seu Evangelho, com a palavra e sobretudo com o testemunho concreto do nosso agir.
Maria, Mulher da escuta, da decisão e da acção.
Maria, Mulher da escuta, abre os nossos ouvidos; faz com que saibamos ouvir a Palavra do teu Filho Jesus, no meio das mil palavras deste mundo; faz com que saibamos ouvir a realidade em que vivemos, cada pessoa que encontramos, especialmente quem é pobre e necessitado, quem se encontra em dificuldade.
Maria, Mulher da decisão, ilumina a nossa mente e o nosso coração, a fim de que saibamos obedecer à Palavra do teu Filho Jesus, sem hesitações; concede-nos a coragem da decisão, de não nos deixarmos arrastar para que outros orientem a nossa vida.
Maria, Mulher da acção, faz com que as nossas mãos e os nossos pés se movam «apressadamente» rumo aos outros, para levar a caridade e o amor do teu Filho Jesus, para levar ao mundo, como tu, a luz do Evangelho. Amém!

* * *
Agradeço-vos este Rosário recitado juntos, esta comunhão ao redor da Mãe. Que Ela abençoe todos nós, que nos torne mais irmãos. Boa noite e bom descanso!


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