Caros leitores, hoje
celebramos o dia solene de nosso padroeiro São Lucas. Para ilustrar tão grande
festa, gostaria de partilhar com vocês o sentimento que tive, quando da
primeira vez que entrei em contato com São Lucas.
O que posso escrever para
vocês, jamais será digno de um grande conto místico ou de imensa
espiritualidade, mas apenas um encontro com este santo que de certa forma
inspira minha vocação.
Tudo começa no ano de 2004: eu
morava com meus pais e não tinha muita devoção a nenhum santo – também pudera,
com 10 anos não sabia muito que querer da vida.
Em novembro deste ano, mudei
de residência, indo morar na Rua Abrão Winter. Junto com minha família,
frequentávamos de vez em quando a Santa Missa no Santuário de Nossa Senhora do
Carmo no Boqueirão e nem sequer imaginava haver uma paróquia perto de casa. Na
verdade, eu ainda nem participava da iniciação cristã católica, ou seja, da
catequese para a Primeira Eucaristia. Este, posso brevemente dizer, foi um
problema que tive devido a tantas mudanças de residência. Um ano antes, em 2003,
tentei começar a catequese na capela Santa Teresinha do Menino Jesus, lá
participei apenas de uma Missa, celebrada pelo Pe. Fabian. A graça de Deus já
estava agindo; como o mundo é pequeno, como poderia imaginar que mudando de lar
ficaria mais perto da Igreja?
Mas como ouvimos por aí, Deus
sempre usa pessoas para nos chamar e no meu caso não foi diferente. Foi numa
tarde ensolarada de sábado no início de 2005 que duas pessoas foram atém minha
casa perguntar se haviam crianças para fazer catequese. Minha mãe foi quem
atendeu a porta, recebeu as visitas e conversou e disse que tinha um filho
(eu), que precisava fazer catequese. Gentilmente, desci as escadas de casa e me
deparei com duas pessoas que fazem imensamente parte da minha vocação: Dona
Elsa Micheletto, MESC da Capela Nossa Senhora Aparecida e o Sr. Cláudio Moisés,
também da Capela Nossa Senhora Aparecida, hoje coordenador. Tenho a graça de
ter o sr. Cláudio como padrinho de consagração à Mãe Aparecida e, sobretudo,
padrinho de crisma.
Numa primeira vista, penso eu
que aquele menino que desceu as escadas, com uma calça curta e trajando meias
amarelas, pálido e magro não intimidou a ninguém e parecia não estar ligando
para o que estava acontecendo. Quando fiquei sabendo que iria ingressar na
catequese em 2006, pensei comigo: “ah
não! terei que acordar cedo no sábado?!”. Pasmem queridos paroquianos, mas
um seminarista já teve um pensamento assim. Com os pais nunca podemos discutir,
o que tive de fazer foi aceitar e ir para a catequese.
Os meses de 2005 se passaram e
no final do ano fui pela primeira vez em uma Missa da Capela Nossa Senhora
Aparecida. Por vontade do destino, era justamente a Missa de despedida do Pe.
Fábian que estava retornando para o Equador. Voltei para casa já um pouco
diferente e talvez meio aéreo, mas Deus já estava agindo em minha vida.
Eis que chega o ano de 2006 e
em fevereiro fui, juntamente com meu pai, fazer a matricula da catequese.
Lembro bem de que quem nos acolheu foi a Sra. Rosane, mais conhecida como
Rosaninha. Depois de seu longo discurso sobre a catequese, pensei com meus
botões: “Será que consigo dar conta? Meu
Deus, me ajude”.
Feita a inscrição, ela nos
apresentou a sala de catequese e apresentou quem seria minha eterna catequista,
a Sra. Aparecida, que carinhosamente chamo de Cida. Naquele mesmo final de
semana, participamos da Missa na Capela e no final uma surpresa: foi perguntado
se alguém teria vontade de levar para casa a imagem de São Lucas. Subitamente,
minha mãe ergueu o braço e respondeu positivamente que queria. Feito. Levamos a
imagem para casa e ficaríamos com ela até o próximo sábado. Quando chegamos em
casa, tivemos nossa rotina como de costume: jantamos e fomos conversar e
assistir televisão. Antes, porém de dormir, tive muita sede e fui até à cozinha
buscar um copo d’água. Mas, acho que a sede que tinha não era bem essa, era uma
Sede de Deus. Por que digo isso? Porque me senti atraído a ir até a imagem de
São Lucas e contempla-la. Ao ficar de frente com o evangelista, comecei a olhar
com detalhes a imagem e observei os símbolos: o livro, a pena e o boi. Não
entendi muito daquilo, mas comecei a ter São Lucas como um amigo especial para
mim. E, como digo, Deus continuava agindo e naquele mesmo ano, meus pais foram
escolhidos para serem padrinhos de São Lucas, ou seja, deveriam cuidar da
imagem entre 2006 e 2007. No dia de recebermos a imagem, meu pai estava
trabalhando e não poderia ir. Eu fui em seu lugar e recebi a imagem junto com
minha mãe. Era uma graça ter tão grande santo como companheiro de nossa família.
Em 2007, o pároco Pe. Vilela
foi transferido e em seu lugar veio o atual pároco, Pe. Jonacir. Foi com ele
que comecei a ajudar mais ativamente na Santa Missa como coroinha. Ajudava na
capela e na matriz e sentia grande alegria e felicidade no dia de São Lucas. Os
dias e meses se passavam e eu levava minha vida normalmente. Até que em 2008,
novamente tiver que mudar de residência e fiquei com medo de ter que sair da
paróquia. Mas, graças a Deus isso não aconteceu. Pelo contrário, o ano de 2008
só trouxe benefícios para mim. Em outubro daquele ano, participei do retiro dos
coroinhas e foi lá que conhecei o Sem. Bruno, a quem tenho grande apreço e
considero como um irmão. No silêncio daquela tarde orante de sábado, senti pela
primeira vez o chamado de Deus na minha vida. Não sabia muito bem o que era e
confesso que fiquei com medo no começo. No dia 18 de outubro de 2008, foi o
grande dia da Dedicação da Paróquia, com Missa presidida por Dom Moacyr. Ajudei
como coroinha e nuca me senti tão feliz por ajudar como naquele dia. Ver
aqueles padres e seminaristas ali, me dava um ânimo e eu sentia o chamado de
Deus novamente. No fim do ano decidi que iria entrar para o Seminário. E, no
dia que fui contar para o Pe. Jonacir minha vontade de ser padre, São Lucas estava
presente, pois conversei com o padre, bem na frente da grande pintura de nosso
amado santo.
Os anos se passaram, fiz
acompanhamento vocacional, ingressei no Seminário Menor em 2010 e hoje, 2012,
estou no Seminário Maior Filosófico Bom Pastor.
Mas o que posso dizer de São
Lucas com tudo isso? Vejo que os símbolos que acompanham sua imagem, nunca
estiveram tão presentes em minha vida como agora. Entendo que o caminho não é
fácil é penoso (a pena), mas temos que ter força no Cristo, Rocha Firme, temos
que ter fé e força de vontade (o boi simboliza a força). Pois somente assim é
que poderei anunciar às nações o Evangelho de Cristo (livro na mão de São
Lucas).
Sei que posso ter uma relação
maior com ele, mas tenho certeza que São Lucas sempre esteve presente em minha
vocação e sempre estará. Intercedei por mim lá do céu, meu bom amigo.
São Lucas, rogai por nós!
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